Heitor Verardi (Heitor Ricci Verardi): mudanças entre as edições

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|'''<small>Equipes</small>'''
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|'''<small>Entidades</small>'''
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 — Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Heitor Ricci Verardi''', também conhecido como '''Heitor Verardi''' ou simplesmente '''Verardi''' (Passo Fundo, 6 de fevereiro de 1936 — Passo Fundo, 23 de abril de 2010), foi um meia campista de técnica acima da média. É um dos grandes nomes do {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}, onde jogou entre 1960 e 1964. Iniciou a carreira aos 15 anos no {{Independente (Independente Grêmio Atlético de Amadores)}}, em 1951, onde permaneceu até 1954, e foi ídolo também no Internacional de Porto Alegre. Ainda foi técnico do 14 de Julho em três oportunidades: em 1961, enquanto jogava, e em 1964 e 1967. Faz parte da {{Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho}} e da {{Seleção de Todos os Tempos do Independente}}, além de integrar o {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Filho do esportista {{Victório Verardi}}, Heitor era o mais jovem dos quatro irmãos que jogavam muita bola. O primogênito chamava-se Waldemar {{Waldemar Verardi (Waldemar Ricci Verardi)}}. Era um centromédio de muita classe, elegante, dono de inteligência e visão do jogo. O segundo irmão era {{Hiran Verardi (Hiran Ricci Verardi)}}. Era mais aguerrido do que técnico. O terceiro, {{Antônio Carlos Verardi (Antonio Carlos Ricci Verardi)}}, zagueiro que se negava a dar chutões, o comum em sua época. E, o quarto, Heitor. Atuava como meia-esquerda. Driblava, passava a bola com perfeição, possuía domínio esplêndido de bola e a protegia como poucos. Além de marcar seus gols.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
Todos eles foram jogar pelo Independente Grêmio Atlético de Amadores, pois o pai era torcedor e um dos fundadores da agremiação. E jogaram muito. O primeiro a deixar o Independente foi Waldemar, convidado a jogar no Grêmio, em 1950. Hiran continuou os estudos e depois parou de jogar. Antônio Carlos foi para o time juvenil do Grêmio e estudar em Porto Alegre. Heitor continuou comandando o alvinegro do Boqueirão, até 1954, quando prestou vestibular para odontologia em Porto Alegre, e logrou aprovação.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
O Grêmio esperava Heitor de braços abertos, com a benção de Waldemar. Ocorre que Heitor torcia para o Internacional, assim com Hiran. Para ajudar a pagar os estudos e manter-se na capital, estava disposto a aceitar a oferta gremista. Mas, o destino propiciou-lhe outro caminho. Um dia, atravessando a Rua da Praia, teve seu nome chamado por um homem. Olhou para o lado e não o conheceu. Era Tarzan Numer, fanático torcedor colorado, com certa ingerência junto a direção do clube. Numer conhecia Heitor do Independente e sabia de seu enorme potencial com a bola. Ofereceu-lhe um contrato no Internacional e Heitor não pensou duas vezes. Waldemar ainda tentou dissuadi-lo, mas não conseguiu. O coração vermelho falava mais alto.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Inicialmente, Heitor jogou nos aspirantes, até porque tinha a conciliação estudo/futebol. Jogava esporadicamente no time principal. Até que chegou a temporada de 1957. O técnico Teté o promoveu ao time de cima, e como titular. Mas, mudou sua posição. Saiu da meia-esquerda e passou a atuar como centromédio. Verardi e Tati ou Verardi e Osvaldinho ou Verardi e Brito ou Verardi e Bruno. Mas Verardi era o cara.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Permaneceu no Internacional até o final de 1959, quando se formou em Odontologia e quis retornar a Passo Fundo. A direção colorada não queria de jeito nenhum. Fez inúmeras propostas para ele renovar contrato, afinal, tinha apenas 24 anos de idade. Também não adiantou o Grêmio tentar contratá-lo ou mesmo o Palmeiras ou o Botafogo. Verardi queria Passo Fundo para casar com sua noiva Marlusa. E, assim aconteceu.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Ao chegar à sua terra natal, um amigo,{{Plinio Rosseto (Pino Rosseto)}}, com quem havia jogado no Independente, convidou-o para jogar pelo 14 de Julho. Heitor aceitou, mas sem muitos compromissos. Jogou até 1964 e, finalmente, deixou os gramados. Tinha consultório dentário, era professor em colégios e na Faculdade de Odontologia na Universidade de Passo Fundo. E, ainda jogava futebol de salão. Foi campeão da cidade pelo Atlanta. Quando começaram a praticar futebol sete, lá foi Verardi jogar em vários times que o convidavam. Tinha enorme prazer com o futebol, fosse a modalidade que fosse. Quase sempre era campeão de torneios e competições que disputava. Foi um craque excepcional. Certamente o melhor jogador de futebol nascido em Passo Fundo em termos de técnica e categoria.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
Gostava de contar histórias da bola. Algumas delas serão aqui reproduzidas. Em 1958, uma sexta-feira, antevéspera de um Grenal. Time concentrado. Os dirigentes rubros chamaram Verardi e comunicaram o falecimento de seu pai em Passo Fundo. Trouxeram-no de automóvel e o dispensaram por uma semana, em respeito ao seu luto. No sábado, após sepultar Seu Victório, Heitor ligou para clube e pediu para virem buscá-lo, pois queria jogar o Grenal. Entrou em campo e jogou demais. A partida estava no segundo tempo e o goleiro colorado La Paz mandou um balão para o campo adversário. A bola encontrou Bodinho que, do bico da área, mandou um sem-pulo direto para as redes. Todos os jogadores foram abraçar Heitor, que caiu num choro convulsivo. Os torcedores assistindo àquela emocionante cena também choraram. Esta passagem está contada no livro História dos Grenais.


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Outra história que o fazia rir muito era a de um jogo entre Juventude e Internacional em Caxias do Sul. Primeiro tempo e o time da casa vencia por 1 a 0. O técnico Teté, possesso da vida, entrou no vestiário e começou a xingar os jogadores: “seus merdas. O que estão fazendo? Só um de vocês ganha mais que todo o time deles, e o que estão fazendo? Vão pra puta que pariu!” Disse mais nada. Virou as costas e deixou os jogadores ali, perplexos. Foi então que Bodinho e Chinesinho trocaram ideias com os demais jogadores. Chinesinho disse: “Verardi, tu marca o Irajá (jogador do Juventude) e o Zangão fica na sobra. Vamos marcar mais em cima e eu sairei da esquerda para jogar centralizado. Joguem a bola em mim.” Segundo tempo e o Internacional virou o placar para 2 a 1. No dia seguinte, a manchete do jornal Folha da Tarde trazia em letras garrafais: “O Marechal da Vitória (referindo-se a Teté) muda o esquema e o Internacional vira o jogo.


== A aventura na Argentina ==
Outra. O Internacional recebeu, em 1958, o Botafogo do Rio de Janeiro. Jogo amistoso. O Botafogo tinha {{Garrincha (Manoel Francisco dos Santos)}}, Nilton Santos, Didi, Quarentinha e outros grandes craques. O Estádio dos Eucaliptos lotado e um jogo inesquecível. Ao final, empate por 4 a 4. Os jornais de Porto Alegre se ocuparam em falar do jogaço. E, em todos eles, com pequenas variações no texto, dizia: “Quem veio ver Didi, viu Verardi.”Isso eu li em minhas pesquisas. Ninguém me contou, nem Verardi, que era humilde suficiente para não tocar no assunto.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como meia
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Independente como meia
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
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''*Os jogos do Cruzeiro e do Rio Grandense estão sendo computados e as estatísticas devem aparecer em breve.''
== Carreira como técnico ==
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| style="text-align:center;" |4
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| style="text-align:center;" |3
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |1
| style="text-align:center;" |9
| style="text-align:center;" |0
|52%
|88%
|-
|-
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| style="text-align:left;" |Gaúcho
| style="text-align:left;" |14 de Julho
| style="text-align:center;" |29
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| style="text-align:center;" |10
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|-
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| style="text-align:center;" |9
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|-
| style="text-align:left; vertical-align:middle; font-weight:bold;" |1976
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| style="text-align:center;" |29
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| style="text-align:center;" |10
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| style="text-align:center;" |9
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|-
|54%
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| style="text-align:left;" |Gaúcho
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| style="text-align:center;" |10
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|-
|-
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| style="text-align:center;" |'''10'''
| style="text-align:center;" |'''9'''
|'''55%'''
|'''52%'''
|}
|}
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