Raul Matté (Raul Alves Matté)

De Futebol de Passo Fundo
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Raul
⭐Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
🧉Seleção Gaúcha do Interior
Informações pessoais
Nome completo Raul Alves Matté
Nascimento 28.10.1942
Local Caxias do Sul-RS
Falecimento 14.07.2010, aos 67 anos
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Atacante, volante
Equipes 1965-1973 - Gaúcho
Técnico
Equipes 1978-1980 - Gaúcho
1983-1983 - 14 de Julho
1984-1984 - 14 de Julho
2002-2002 - Gaúcho

Raul Alves Matté, também conhecido como Raul Matté ou Raul (Caxias do Sul-RS, 28 de outubro de 1942 — Passo Fundo, 14 de julho de 2010), foi um atacante no início de carreira que se consagrou como volante do Gaúcho. É o maior símbolo da raça alviverde e está na Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho e no Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Muitos jogadores que passaram pelo futebol de Passo Fundo tinham em suas características a determinação, a garra e a vontade, mas ninguém encarnou este espírito guerreiro como Raul Matté, ídolo inconteste do Sport Club Gaúcho.

Raul jogava na equipe amadora do distrito de Galópolis, de Caxias do Sul. O time era do Lanifício São Pedro. Raul, o seu centroavante, no início da década de 1960. Era artilheiro e, fundamentalmente, um leão em campo, disposto a levar a vitória como algo obsessivo. Chamou a atenção do Juventude. Assinou contrato, fez alguns jogos amistosos, mas não teve maiores oportunidades. Tentou o Flamengo, rival do Juventude. Assinou contrato, realizou alguns amistosos, em 1964, e no final da temporada foi dispensado. Realizou testes no Floriano, de Novo Hamburgo. Foi bem nos treinamentos, mas não permaneceu.

Em 1965, aportou no Gaúcho. Fez testes, treinou, assinou contrato e ficou. O ataque do Gaúcho era formado por Meca, Tuta, Raul e Antoninho, este último amigo de Raul e também caxiense. Em seu primeiro ano de clube, notabilizou-se por marcar muitos gols e pelo seu principal atributo: a garra, a vontade. Não havia bola perdida, muito menos zagueiros mal-encarados. Raul defrontava-se com todos. Recebia faltas e não caía. Não era de briga. Era bom moço, respeitador e altamente profissional. Ajudou o alviverde a ser campeão regional, o que não ocorria desde o longínquo 1954, e vice-campeão estadual da segunda divisão. No ano seguinte, bicampeão regional e, agora sim, campeão da segunda divisão. O Gaúcho de Raul Matté, que ainda não era o capitão do time, cargo exercido pelo lateral Maneca, estava na divisão de elite do futebol do Rio Grande do Sul.

Em 1967, o Gaúcho contratou Bebeto, artilheiro nato. Mas Raul não perdeu a posição. Jogava do lado do Canhão da Serra. Um dia o Gaúcho foi a Porto Alegre defrontar-se contra o poderoso Internacional, no Estádio Beira-Rio. O técnico Sílvio Scherer tinha um problema. Não tinha nenhum dos volantes à disposição para o jogo. Conversou com Raul e pediu para ele fazer a função. Simplesmente Raul foi considerado o melhor jogador em campo. Ele ficou bem à vontade em colocar, em prol de seu clube, toda sua disposição. Raul marcou, correu o campo todo, deu passes, lançamentos e chegou várias vezes à área, afinal ele tinha recém deixado a posição de centroavante. Ainda tinha o cacoete.

A partir daí ganhou a braçadeira de capitão, e naquela posição jogou muita bola. A cada jogo uma história comovente de Raul combatendo, marcando o adversário, dando passes precisos e ainda marcando gols.

Foi convocado para a Seleção Gaúcha do Interior que ganhou a Copa Atlântico Sul em 1974 jogando contra times do quilate do Nacional e Peñarol do Uruguai e Racing da Argentina. Participou de uma brilhante excursão desta mesma seleção às Américas, sempre ostentando a braçadeira de capitão.

Os torcedores do Gaúcho adoravam Raul e o reverenciavam a cada toque seu na bola. Ao abrir-se a tampa de latão que dava acesso do vestiário ao campo de jogo, era Raul, na frente, com orgulho do uniforme verde e branco. Mas, um dia o clube, desorganizado que estava, deixou de registrar seu interesse na renovação de contrato de seus jogadores (era assim a legislação da época), e todos obtiveram passe livre. Poucos ficaram e Raul aceitou uma proposta irrecusável do Atlético de Carazinho. Defendeu esse clube com a mesma tenacidade e disposição de sempre. E, no Atlético aconteceu outra situação. Raul foi colocado como quarto-zagueiro e, nesta nova posição, também agregou o entusiasmo e a intensidade para jogar que o caracterizaram. No Atlético também foi o grande capitão.

Raul, já veterano, abandonou os gramados, mas não o futebol. Passou a treinador e exigir de seus comandados o mesmo ânimo e vontade que sempre teve. Treinou alguns clubes, em especial o Gaúcho e o 14 de Julho, entre outros.

Um dia o encontrei na rua. Vi que Raul não estava com boa aparência. Ele me falou que realizava tratamento contra a hepatite tipo C, uma doença que dizimou os jogadores do Gaúcho da década de 1970. Raul ficou algum tempo doente e depois partiu. Deixou saudade como um jogador exemplarmente profissional e um amigo fiel.

Honras

  • 6º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (283)
  • 5º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (42)
  • 4º técnico com maior número de jogos pelo Gaúcho (117)
  • 4º técnico com maior número de vitórias pelo Gaúcho (44)
  • Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como volante
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
  • Integrante da Seleção Gaúcha do Interior

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1965 Gaúcho 12 4 0 0
1965 Seleção dos Brancos 1 0 0 0
1966 Gaúcho 31 16 0 0
1967 Gaúcho 27 3 0 0
1968 Gaúcho 32 6 0 1
1969 Gaúcho 26 2 0 0
1970 Gaúcho 31 3 0 0
1971 Gaúcho 42 4 0 1
1972 Gaúcho 42 2 0 0
1973 Gaúcho 40 2 0 1
Total 284 42 0 3

Carreira como técnico

Ano Equipe J V E D A
1978 Gaúcho 26 10 8 8 54%
1979 Gaúcho 64 25 24 15 58%
1980 Gaúcho 25 7 6 12 40%
1983 14 de Julho 23 11 7 5 63%
1984 14 de Julho 9 3 2 4 44%
2002 Gaúcho 2 2 0 0 100%
Total 149 58 47 44 55%