Naninho (Ernani Silveira): mudanças entre as edições

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|'''<small>Equipe</small>'''
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|'''<small>Entidades</small>'''
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Ernani Silveira''', também conhecido como '''Naninho''' (Cachoeira do Sul-RS, 6 de março de 1930 Porto Alegre-RS, 25 de dezembro de 1967), foi um atacante conhecido pela incrível quantidade de gols que fazia e que jogou, já em final de carreira, pelo {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
A carreira de Naninho, considerando a época em que jogou futebol, foi absolutamente profícua. Nascido em Cachoeira do Sul, em 6 de março de 1930, deu os primeiros chutes na bola, com mais responsabilidade, no futebol amador em um clube chamado Os Filhos do Trabalho. Fazia dupla de ataque com Baiano, outro ícone do futebol cachoeirense. Baiano era muito técnico, assim como Naninho. Ambos foram contratados pelo Cachoeira. Naninho marcou muitos gols pelo clube, assim como Baiano. Então apareceu um dirigente do Cruzeiro de Porto Alegre para levar os dois embora. Naninho aceitou, Baiano não. Baiano morreu muito moço, mas deixou um legado no futebol, seu filho {{Mica (Ademir dos Santos Nascimento)}}, que depois atuou no {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} de Passo Fundo.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
Naninho seguiu carreira. Brilhou no Cruzeiro em 1949, quando o clube realizou excelente campanha no campeonato estadual, e foi convocado para a Seleção Gaúcha. Disputou o campeonato brasileiro de seleções e quem veio buscá-lo foi o Bonsucesso, do Rio de Janeiro. Levou também Malinho, que pertencia ao Floriano, de Novo Hamburgo. Mais um destaque e Naninho foi para a Ponte Preta. Naninho fazia gols, muitos gols, mas era impaciente, buliçoso, não gostava da rotina. Gostava da noite, do carteado, da bebida, de lindas mulheres. Mas, jogou tanto na Ponte Preta, que foi convocado para a Seleção Paulista.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Então, seu próximo clube foi o Vasco da Gama. Jogou ao lado de outros craques, Ademir Menezes, por exemplo, e marcou mais uma vez gols. Sua passagem pelo Vasco foi frutífera, mas efêmera. Foi contratado pelo América, mas mesmo jogando bem, durou poucos meses. Quem veio buscar o craque foi o Bahia. Acabou com o jogo no tricolor e foi convocado para a Seleção Baiana. Um ano no Bahia e veio o Sport Recife. Neste clube Naninho foi bem tratado e ficou duas temporadas. Foi bicampeão pernambucano e artilheiro dos dois campeonatos. Num deles, marcou 25 gols. Foi convocado para a Seleção de Pernambuco. No campeonato brasileiro de seleções, marcou gols contra os gaúchos e nos tirou da competição. Naninho ainda é o quinto maior artilheiro da história do Spot Recife, atuando somente dois anos no clube.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
No Rio Grande do Sul defendeu o Guarany de Bagé e o Brasil de Pelotas. Neste clube jogou muita bola e até hoje é reverenciado pelos antigos torcedores xavantes. Foi a Santa Catarina e disputou um campeonato estadual pelo América de Joinville.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Já tinha 35 anos quando foi contratado pelo 14 de Julho de Passo Fundo. Disputou a fase regional da segunda divisão e marcava gols em quase todos os jogos. O clube chegou, em 1965, à primeira colocação, ao lado do Gaúcho, no término da competição. Então veio o "supercampeonato". Dois jogos, com mando de campo invertido. O primeiro jogo no {{Estádio Wolmar Salton (1957)}} o Gaúcho venceu. No segundo, no carcomido {{Estádio Celso Fiori}}, o 14 necessitava da vitória para ser designado um terceiro confronto, em campo neutro. O jogo se arrastava num zero a zero, quando foi marcado um pênalti em favor dos rubros. Naninho foi cobrar. Faço um parêntese para acrescentar que durante a semana surgiu um boato, bem dimensionado pela mídia, que Naninho faria corpo mole, pois estaria contratado pelo Gaúcho para a temporada seguinte. O craque desmentiu peremptoriamente. Voltamos ao pênalti. A bola na marca da cal e o goleiro {{Nadir (Nadir Antonio Smaniotto)}} debaixo das traves. Naninho, com sua experiência absoluta, estava tranquilo. O árbitro trila o apito e o “velho Nani”, vai para a bola. Toca sem força, mas colocado. Nadir para um lado e a bola para outro. Mas, os Deuses do Futebol são imprevisíveis. A bola, que tinha o endereço, vai rasteira, bate numa touceira que insistia em nascer naquele campo, e desvia, passando rente a trave, indo para fora. No final, o Gaúcho marcou seu gol e foi campeão regional.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Entrevistei numa determinada época alguns ex-jogadores do 14 de Julho, perguntando sobre Naninho. Eles foram unânimes e enfáticos. Um dos melhores seres humanos com quem conviveram. Ele era muito simples, humilde, mas malandro, contador de histórias, pois vivenciara muitas delas, e um grandioso jogador de futebol.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
Terminada a temporada, Naninho não foi para o Gaúcho. Foi para o Glória de Carazinho. , mesmo veterano e não sendo exatamente um atleta, continuou fazendo gols. Mas, deixou o Glória assim que o clube não tinha mais aspirações no campeonato.


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Foi embora para Porto Alegre. Trabalhava em construções, como auxiliar de pedreiro. No dia de Natal de 1967, o automóvel em que estava de carona, se acidentou, capotou e o craque, que recém havia deixado os gramados, deixou a vida.


== A aventura na Argentina ==
Naninho foi craque. Naninho está esquecido.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
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== Carreira como técnico ==
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| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |9
|52%
|-
| style="text-align:left; vertical-align:middle; font-weight:bold;" |1976
| style="text-align:left;" |Gaúcho
| style="text-align:center;" |29
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |9
|52%
|-
| style="text-align:left; vertical-align:middle; font-weight:bold;" |1976
| style="text-align:left;" |Gaúcho
| style="text-align:center;" |29
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |9
|52%
|-
| style="text-align:left; vertical-align:middle; font-weight:bold;" |1976
| style="text-align:left;" |Gaúcho
| style="text-align:center;" |29
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |10
| style="text-align:center;" |9
|52%
|-
| style="text-align:left; vertical-align:middle; font-weight:bold;" |Total
| style="text-align:left;" |
| style="text-align:center;" |'''29'''
| style="text-align:center;" |'''10'''
| style="text-align:center;" |'''10'''
| style="text-align:center;" |'''9'''
|'''52%'''
|}
|}
[[Categoria:Personagens]]
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