Campeonato Citadino: mudanças entre as edições
Ir para navegação
Ir para pesquisar
m
→O renascimento do futebol local
mSem resumo de edição |
|||
Linha 68: | Linha 68: | ||
== Os primeiros passos pela Liga == | == Os primeiros passos pela Liga == | ||
Ainda em 1936, o advogado e então professor do Instituto Gymnasial (hoje Instituto Educacional) [[Celso Fiori (Celso da Cunha Fiori)|Celso Fiori]] e o diretor esportivo da escola, Sabino Santos, tentaram criar a [[Liga Athletica Passofundense]], que administraria competições de “tennis, foot-ball, volley-ball e basket”, conforme a grafia da época. Não deu certo. Mas as boas atuações do Cruzeiro nas fases regionais do campeonato estadual despertaram o interesse por se saber novamente quem era o melhor time da cidade no futebol. | Ainda em 1936, o advogado e então professor do Instituto Gymnasial (hoje {{Instituto Educacional}}) [[Celso Fiori (Celso da Cunha Fiori)|Celso Fiori]] e o diretor esportivo da escola, Sabino Santos, tentaram criar a [[Liga Athletica Passofundense]], que administraria competições de “tennis, foot-ball, volley-ball e basket”, conforme a grafia da época. Não deu certo. Mas as boas atuações do Cruzeiro nas fases regionais do campeonato estadual despertaram o interesse por se saber novamente quem era o melhor time da cidade no futebol. | ||
A ideia da criação de uma nova liga ganhou força durante todo o ano de 1938. A intenção era contar com a presença do Rio Grandense, do {{Samriban (Sport Club Samriban)}} (formado por funcionários da Samrig, a Moinhos Rio-Grandenses, e bancários) e do {{Grêmio 3º Regimento de Cavalaria}}, nova denominação do Cruzeiro. | A ideia da criação de uma nova liga ganhou força durante todo o ano de 1938. A intenção era contar com a presença do Rio Grandense, do {{Samriban (Sport Club Samriban)}} (formado por funcionários da Samrig, a Moinhos Rio-Grandenses, e bancários) e do {{Grêmio 3º Regimento de Cavalaria}}, nova denominação do Cruzeiro. | ||
Linha 85: | Linha 85: | ||
Depois do jogo no final de 1939 entre os dois eternos rivais, a criação da liga era questão de tempo. De correr contra o tempo. Se Passo Fundo quisesse ter um representante no Campeonato Gaúcho de 1940, precisaria fundar uma associação com os clubes locais até o dia 30 de abril. De acordo com os estatutos da FRGD, era essa a data final para o registro de jogadores. Caso houvesse mais de dois clubes numa mesma cidade, era obrigatório que se formasse uma liga ou associação para dirigir o campeonato local, sendo o representante definido pelo resultado do campeonato municipal, que deveria acontecer até setembro. Com a confirmação da inscrição do Gaúcho, Rio Grandense e 14 de Julho, obrigou-se a criação de uma liga. | Depois do jogo no final de 1939 entre os dois eternos rivais, a criação da liga era questão de tempo. De correr contra o tempo. Se Passo Fundo quisesse ter um representante no Campeonato Gaúcho de 1940, precisaria fundar uma associação com os clubes locais até o dia 30 de abril. De acordo com os estatutos da FRGD, era essa a data final para o registro de jogadores. Caso houvesse mais de dois clubes numa mesma cidade, era obrigatório que se formasse uma liga ou associação para dirigir o campeonato local, sendo o representante definido pelo resultado do campeonato municipal, que deveria acontecer até setembro. Com a confirmação da inscrição do Gaúcho, Rio Grandense e 14 de Julho, obrigou-se a criação de uma liga. | ||
A reunião da criação da Liga Passo-Fundense de Desportos (LPD) foi no Clube Caixeiral, no dia 8 de maio, depois de negociada uma prorrogação no prazo de inscrições com a FRGD. A primeira diretoria da Liga teria como presidente eleito, no dia 12, Celso Fiori, do 14 de Julho. Para a sede da Liga foi alugada uma sala na Rua Moron, no centro. O prefeito Arthur Ferreira Filho ofereceu um auxílio para a instalação da entidade, contribuindo com um conto de réis. | A reunião da criação da Liga Passo-Fundense de Desportos (LPD), posteriormente {{Liga Passo-Fundense de Futebol (LPF)}}, foi no Clube Caixeiral, no dia 8 de maio, depois de negociada uma prorrogação no prazo de inscrições com a FRGD. A primeira diretoria da Liga teria como presidente eleito, no dia 12, Celso Fiori, do 14 de Julho. Para a sede da Liga foi alugada uma sala na Rua Moron, no centro. O prefeito Arthur Ferreira Filho ofereceu um auxílio para a instalação da entidade, contribuindo com um conto de réis. | ||
== A dinastia ferroviária == | == A dinastia ferroviária == | ||
Linha 94: | Linha 94: | ||
Os quatro títulos do Rio Grandense nos primeiros cinco anos mostram quem foi a primeira força a se destacar no Campeonato Citadino. O time dos ferroviários começou com um tricampeonato (1940, 1941, 1942), para ser vice em 1943 e novamente levantar a taça em 1944. | Os quatro títulos do Rio Grandense nos primeiros cinco anos mostram quem foi a primeira força a se destacar no Campeonato Citadino. O time dos ferroviários começou com um tricampeonato (1940, 1941, 1942), para ser vice em 1943 e novamente levantar a taça em 1944. | ||
O primeiro campeonato chegou com uma vitória por 3 a 2 contra o Gaúcho. A segunda conquista, em 1941, foi mais difícil. Ao fim dos três turnos (houve um turno com jogos em campo neutro), 14 de Julho, Rio Grandense e Gaúcho estavam empatados com seis pontos. Na primeira rodada extra o Gaúcho foi goleado por 5 a 0 pelo Rio Grandense. Neste jogo o ferrinho marcou três vezes em cinco minutos, levando os jogadores do Gaúcho ao desespero. Nino, um dos atacantes do alviverde, acabou expulso. Revoltado, voltou ao campo para “elogiar” o árbitro José | O primeiro campeonato chegou com uma vitória por 3 a 2 contra o Gaúcho. A segunda conquista, em 1941, foi mais difícil. Ao fim dos três turnos (houve um turno com jogos em campo neutro), 14 de Julho, Rio Grandense e Gaúcho estavam empatados com seis pontos. Na primeira rodada extra o Gaúcho foi goleado por 5 a 0 pelo Rio Grandense. Neste jogo o ferrinho marcou três vezes em cinco minutos, levando os jogadores do Gaúcho ao desespero. {{Nino (Genuino Di Primio)}}, um dos atacantes do alviverde, acabou expulso. Revoltado, voltou ao campo para “elogiar” o árbitro {{José Bienachewsky}}. Pela atitude, Nino acabou suspenso por três partidas. O Gaúcho considerou a decisão um absurdo e desistiu do campeonato. | ||
Como a Liga não mudou sua posição, o Gaúcho entrou com um pedido de desfiliação, exigindo o cancelamento da suspensão de Nino e a substituição de toda a diretoria da LPD. O 14 de Julho e o Rio Grandense não concordaram com o alviverde, que reiterou seu pedido e se considerou desligado da Liga. A LPD mais uma vez decidiu manter sua diretoria e a pena de Nino. O caso só foi ser resolvido quase dois meses depois, com uma nova diretoria eleita para acalmar os ânimos dos dirigentes do Gaúcho. Dentro de campo, o Rio Grandense despachou o 14 na final disputada em uma melhor de três jogos. Na partida decisiva, vitória por 6 a 0 e um show do atacante Celio Barbosa, autor de três gols. | Como a Liga não mudou sua posição, o Gaúcho entrou com um pedido de desfiliação, exigindo o cancelamento da suspensão de Nino e a substituição de toda a diretoria da LPD. O 14 de Julho e o Rio Grandense não concordaram com o alviverde, que reiterou seu pedido e se considerou desligado da Liga. A LPD mais uma vez decidiu manter sua diretoria e a pena de Nino. O caso só foi ser resolvido quase dois meses depois, com uma nova diretoria eleita para acalmar os ânimos dos dirigentes do Gaúcho. Dentro de campo, o Rio Grandense despachou o 14 na final disputada em uma melhor de três jogos. Na partida decisiva, vitória por 6 a 0 e um show do atacante {{Celio Barbosa (Celio Ferreira Barbosa)}}, autor de três gols. | ||
O título de 1942 precisou ser decidido em quatro jogos extras. Finalmente, o Rio Grandense venceu mais uma vez o 14 de Julho, desta vez por 2 a 0, gols de Jamegão e Marcondes. Em 1944, a conquista chegou de uma maneira menos nobre. Sem chances na competição, o Independente entregou os pontos do último jogo, garantindo mais uma vitória dos ferroviários. Nesses primeiros cinco anos, o Rio Grandense venceu 22 e empatou 4 dos seus 34 jogos (um aproveitamento de 71% dos pontos), marcando 107 gols, uma média superior a 3 por partida. O clube nunca mais conquistaria um campeonato da cidade. | O título de 1942 precisou ser decidido em quatro jogos extras. Finalmente, o Rio Grandense venceu mais uma vez o 14 de Julho, desta vez por 2 a 0, gols de {{Jamegão (Orestes da Rosa Pastorini)}} e {{Marcondes (Marcondes Barbosa)}}. Em 1944, a conquista chegou de uma maneira menos nobre. Sem chances na competição, o Independente entregou os pontos do último jogo, garantindo mais uma vitória dos ferroviários. Nesses primeiros cinco anos, o Rio Grandense venceu 22 e empatou 4 dos seus 34 jogos (um aproveitamento de 71% dos pontos), marcando 107 gols, uma média superior a 3 por partida. O clube nunca mais conquistaria um campeonato da cidade. | ||
== O fim do jejum alviverde == | == O fim do jejum alviverde == | ||
Linha 105: | Linha 105: | ||
No jogo final, o time venceu o 14 de Julho por 2 a 1, mas os colorados protestaram alegando que o Gaúcho havia inscrito seis jogadores profissionais no time, infringindo o artigo 67º do Regulamento Geral da Federação Rio-Grandense de Futebol que limitava em cinco o número de jogadores não amadores permitidos. O Tribunal de Justiça Desportiva da FRGF deu a vitória ao 14 de Julho por 3 votos a 2. O Gaúcho apelou e acabou perdendo mais uma vez, agora por 5 votos a 0. Com a decisão, o 14 de Julho foi declarado campeão. O Gaúcho ainda propôs ao 14 a realização de uma nova partida, o que os rubros recusaram. | No jogo final, o time venceu o 14 de Julho por 2 a 1, mas os colorados protestaram alegando que o Gaúcho havia inscrito seis jogadores profissionais no time, infringindo o artigo 67º do Regulamento Geral da Federação Rio-Grandense de Futebol que limitava em cinco o número de jogadores não amadores permitidos. O Tribunal de Justiça Desportiva da FRGF deu a vitória ao 14 de Julho por 3 votos a 2. O Gaúcho apelou e acabou perdendo mais uma vez, agora por 5 votos a 0. Com a decisão, o 14 de Julho foi declarado campeão. O Gaúcho ainda propôs ao 14 a realização de uma nova partida, o que os rubros recusaram. | ||
A resposta veio com o tricampeonato em 1948, 1949 e 1950. Em 1949, o time foi quase perfeito, fazendo duas das três maiores goleadas da história da competição: 8 a 0 no Rio Grandense e 7 a 0 no Independente, além de uma saborosa vitória sobre o 14 de Julho por 2 a 0 na rodada final. | A resposta veio com o tricampeonato em 1948, 1949 e 1950. Em 1949, o time foi quase perfeito, fazendo duas das três maiores goleadas da história da competição: 8 a 0 no Rio Grandense e 7 a 0 no {{Independente (Independente Grêmio Atlético de Amadores)}}, além de uma saborosa vitória sobre o 14 de Julho por 2 a 0 na rodada final. | ||
== O único título no último minuto == | == O único título no último minuto == | ||
Menos de dois anos. Foi o tempo que o Atlético precisou esperar desde a fundação para ganhar seu primeiro, e último, título do Citadino. Criado por jogadores e torcedores dissidentes do 14 de Julho e do Gaúcho em 1949, o Atlético chegou ao auge em 1951. | Menos de dois anos. Foi o tempo que o {{Atlético (Esporte Clube Atlético)}} precisou esperar desde a fundação para ganhar seu primeiro, e último, título do Citadino. Criado por jogadores e torcedores dissidentes do 14 de Julho e do Gaúcho em 1949, o Atlético chegou ao auge em 1951. | ||
Venceu os quatro jogos do primeiro turno do Citadino: 3 a 2 no 14 de Julho, 2 a 1 contra o Gaúcho, 2 a 0 sobre o Independente e 3 a 1 no Rio Grandense. A torcida já contava com o título ganho por antecipação, mas o segundo turno foi bem diferente. O Atlético perdeu para o 14 de Julho (0 a 2), venceu novamente o Gaúcho (2 a 1), mas voltou a perder, agora para o Independente (1 a 3). O time chegou à última rodada um ponto atrás do 14. Precisava vencer o Rio Grandense e torcer por um empate ou derrota dos colorados contra o Gaúcho. Deu tudo certo. Num jogo emocionante, o Atlético superou o Rio Grandense por 5 a 4, enquanto o 14 de julho ficou no empate (1 a 1). | Venceu os quatro jogos do primeiro turno do Citadino: 3 a 2 no 14 de Julho, 2 a 1 contra o Gaúcho, 2 a 0 sobre o Independente e 3 a 1 no Rio Grandense. A torcida já contava com o título ganho por antecipação, mas o segundo turno foi bem diferente. O Atlético perdeu para o 14 de Julho (0 a 2), venceu novamente o Gaúcho (2 a 1), mas voltou a perder, agora para o Independente (1 a 3). O time chegou à última rodada um ponto atrás do 14. Precisava vencer o Rio Grandense e torcer por um empate ou derrota dos colorados contra o Gaúcho. Deu tudo certo. Num jogo emocionante, o Atlético superou o Rio Grandense por 5 a 4, enquanto o 14 de julho ficou no empate (1 a 1). | ||
A decisão foi para um jogo extra, disputado no Estádio Celso Fiori, a Baixada Rubra. Mesmo enfrentando a pressão da torcida dos donos da casa, o Atlético abriu o placar com Carlitos. Celio Barbosa empatou ainda no primeiro tempo. A partida foi para a prorrogação. Se houvesse novo empate, seria marcado outro jogo. Mas aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação outro gol de Carlitos garantiria a vitória do Atlético. | A decisão foi para um jogo extra, disputado no {{Estádio Celso Fiori}}, a Baixada Rubra. Mesmo enfrentando a pressão da torcida dos donos da casa, o Atlético abriu o placar com {{Carlitos (Carlos Augusto Homrich)}}. Celio Barbosa empatou ainda no primeiro tempo. A partida foi para a prorrogação. Se houvesse novo empate, seria marcado outro jogo. Mas aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação outro gol de Carlitos garantiria a vitória do Atlético. | ||
E, menos de dois anos depois, o Atlético era obrigado a fechar as portas por falta de dinheiro. | E, menos de dois anos depois, o Atlético era obrigado a fechar as portas por falta de dinheiro. | ||
Linha 119: | Linha 119: | ||
Em 1952 o Campeonato Citadino começou a se esvaziar. Com o 14 de Julho profissionalizado, disputando o Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão, o clube foi representado pela sua equipe de aspirantes. Depois de ser goleado duas vezes, os dirigentes do 14 decidiram abandonar a competição. O Gaúcho também acabou desistindo no segundo turno. | Em 1952 o Campeonato Citadino começou a se esvaziar. Com o 14 de Julho profissionalizado, disputando o Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão, o clube foi representado pela sua equipe de aspirantes. Depois de ser goleado duas vezes, os dirigentes do 14 decidiram abandonar a competição. O Gaúcho também acabou desistindo no segundo turno. | ||
Finalmente, em 1953, o Citadino que já não tinha o 14 de Julho, ainda viu o Atlético encerrar suas atividades durante a competição. Na final, a goleada do Independente por 4 a 1 sobre o Gaúcho, com três gols de Plinio Rosseto e um de Pepino, foi o último jogo daquela que pode ser considerada a época de ouro do Campeonato Citadino de Passo Fundo. | Finalmente, em 1953, o Citadino que já não tinha o 14 de Julho, ainda viu o Atlético encerrar suas atividades durante a competição. Na final, a goleada do Independente por 4 a 1 sobre o Gaúcho, com três gols de {{Plinio Rosseto (Pino Rosseto)}} e um de {{Pepino (Clélio Aita)}}, foi o último jogo daquela que pode ser considerada a época de ouro do Campeonato Citadino de Passo Fundo. | ||
== A dinastia rubra == | == A dinastia rubra == | ||
Linha 129: | Linha 129: | ||
== A dinastia alviverde == | == A dinastia alviverde == | ||
Cansado de perder, o Gaúcho se reforçou e conseguiu acabar com a rotina rubra de levantar a taça do Citadino. Venceu a edição de 1961 com uma festa inesquecível. Depois de ganhar a decisão no Estádio Celso Fiori, jogadores e torcedores resolveram comemorar com o patrono Wolmar Salton na casa dele, que ficava próximo ao estádio. Alguns torcedores chegaram com fogos de artifício para animar ainda mais a festa. Foi quando a esposa de Salton, dona Irma, pediu que os foguetes não fossem usados, para que “se respeitasse a dor dos derrotados”. | Cansado de perder, o Gaúcho se reforçou e conseguiu acabar com a rotina rubra de levantar a taça do Citadino. Venceu a edição de 1961 com uma festa inesquecível. Depois de ganhar a decisão no Estádio Celso Fiori, jogadores e torcedores resolveram comemorar com o patrono [[Wolmar Salton (Wolmar Antonio Salton)|Wolmar Salton]] na casa dele, que ficava próximo ao estádio. Alguns torcedores chegaram com fogos de artifício para animar ainda mais a festa. Foi quando a esposa de Salton, dona Irma, pediu que os foguetes não fossem usados, para que “se respeitasse a dor dos derrotados”. | ||
Em 1962, o título voltaria às mãos do 14 em um jogo extra disputado no Estádio Tingaúna. Um novo empate em pontos levava a decisão de 1963 para outro jogo extra, que desta vez não aconteceu. O 14 de Julho decidiu entregar os pontos para o Gaúcho. Em 1964, outro empate entre as duas equipes. Desta vez, faltaram datas para os jogos. O 14 havia vencido a fase regional, disputava um lugar na 1ª Divisão e não tinha quando jogar. | Em 1962, o título voltaria às mãos do 14 em um jogo extra disputado no {{Estádio Tingaúna}}. Um novo empate em pontos levava a decisão de 1963 para outro jogo extra, que desta vez não aconteceu. O 14 de Julho decidiu entregar os pontos para o Gaúcho. Em 1964, outro empate entre as duas equipes. Desta vez, faltaram datas para os jogos. O 14 havia vencido a fase regional, disputava um lugar na 1ª Divisão e não tinha quando jogar. | ||
Mas não foi só isso. Antes, os rubros já tinham pedido a anulação do segundo jogo contra o Gaúcho, o último pela primeira fase do campeonato, com vitória alviverde por 1 a 0. A alegação era um suposto suborno recebido pelo árbitro João Carlos Ferrari. O acusado era Tarzã Nummer, que teria feito o pagamento em nome de Oscar Abaal, presidente do Ypiranga de Erechim, que precisava de uma derrota do 14. Abaal acabou absolvido da acusação em julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva por falta de provas. Além disso, o representante da FRGF no jogo, Sérgio Osorio, considerara normal a atuação de Ferrari. O presidente do Gaúcho, João Maluli, disse também que um “bicho” de 750 mil cruzeiros que o time de Erechim teria oferecido pela vitória alviverde nunca fora pago e que inclusive estava torcendo pelo 14 de Julho na decisão regional (vencida pelos colorados por 1 a 0). | Mas não foi só isso. Antes, os rubros já tinham pedido a anulação do segundo jogo contra o Gaúcho, o último pela primeira fase do campeonato, com vitória alviverde por 1 a 0. A alegação era um suposto suborno recebido pelo árbitro João Carlos Ferrari. O acusado era Tarzã Nummer, que teria feito o pagamento em nome de Oscar Abaal, presidente do Ypiranga de Erechim, que precisava de uma derrota do 14. Abaal acabou absolvido da acusação em julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva por falta de provas. Além disso, o representante da FRGF no jogo, Sérgio Osorio, considerara normal a atuação de Ferrari. O presidente do Gaúcho, {{João Maluli}}, disse também que um “bicho” de 750 mil cruzeiros que o time de Erechim teria oferecido pela vitória alviverde nunca fora pago e que inclusive estava torcendo pelo 14 de Julho na decisão regional (vencida pelos colorados por 1 a 0). | ||
A Liga procurou marcar o jogo decisivo pelo Citadino, mas a primeira tentativa foi atrapalhada pela requisição do Estádio Celso Fiori para um jogo pelo Campeonato Gaúcho Amador. Além disso, o ano estava chegando ao fim, e o Código Brasileiro de Futebol previa que os atletas teriam que entrar em férias a partir de 15 de dezembro. Realizar a decisão no início de 1965 também traria alguns problemas administrativos para a Liga. | A Liga procurou marcar o jogo decisivo pelo Citadino, mas a primeira tentativa foi atrapalhada pela requisição do Estádio Celso Fiori para um jogo pelo Campeonato Gaúcho Amador. Além disso, o ano estava chegando ao fim, e o Código Brasileiro de Futebol previa que os atletas teriam que entrar em férias a partir de 15 de dezembro. Realizar a decisão no início de 1965 também traria alguns problemas administrativos para a Liga. | ||
Finalmente, quando surgiu uma data disponível, no dia 22 de novembro, o jogo não pôde ser realizado por um pedido do padre Humberto Lucca, que temia um esvaziamento da festa da paróquia Santa Terezinha com o clássico. Os jornais da cidade não falam o que aconteceu. Mas jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas entrevistados ao longo de vários anos durante as pesquisas para o livro Os Donos da Bola - O Campeonato Citadino de Futebol de Passo Fundo disseram que o Gaúcho ficou com a taça. | Finalmente, quando surgiu uma data disponível, no dia 22 de novembro, o jogo não pôde ser realizado por um pedido do padre Humberto Lucca, que temia um esvaziamento da festa da paróquia Santa Terezinha com o clássico. Os jornais da cidade não falam o que aconteceu. Mas jogadores, técnicos, dirigentes e jornalistas entrevistados ao longo de vários anos durante as pesquisas para o livro [[Downloads|Os Donos da Bola - O Campeonato Citadino de Futebol de Passo Fundo]] disseram que o Gaúcho ficou com a taça. | ||
As confusões parariam em 1965, quando o Gaúcho começou a formar aquela que é considerada sua melhor equipe profissional e que ficou 30 jogos invicta (perdeu justamente na final da 2ª Divisão estadual para o Rio-Grandense de Rio Grande). | As confusões parariam em 1965, quando o Gaúcho começou a formar aquela que é considerada sua melhor equipe profissional e que ficou 30 jogos invicta (perdeu justamente na final da 2ª Divisão estadual para o Rio-Grandense de Rio Grande). | ||
Linha 144: | Linha 144: | ||
== Em busca de dinheiro == | == Em busca de dinheiro == | ||
Oito anos depois, no final de 1978, Gaúcho e 14 de Julho voltaram a se enfrentar pelo título citadino. Desta vez a competição não foi patrocinada pela Liga, mas pelos clubes, que decidiram marcar duas partidas para ver quem era o melhor (e também para tentar arrecadar dinheiro para manter os times em atividade). Os jogos não atraíram um grande público. O 14 venceu o primeiro clássico no Estádio Vermelhão da Serra por 2 a 0 e garantiu o empate por 1 a 1 no Estádio Wolmar Salton, naquele que foi o último título citadino do futebol passo-fundense. | Oito anos depois, no final de 1978, Gaúcho e 14 de Julho voltaram a se enfrentar pelo título citadino. Desta vez a competição não foi patrocinada pela Liga, mas pelos clubes, que decidiram marcar duas partidas para ver quem era o melhor (e também para tentar arrecadar dinheiro para manter os times em atividade). Os jogos não atraíram um grande público. O 14 venceu o primeiro clássico no {{Estádio Vermelhão da Serra}} por 2 a 0 e garantiu o empate por 1 a 1 no {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}, naquele que foi o último título citadino do futebol passo-fundense. | ||
== Lista de campeões == | == Lista de campeões == |