Délio (Délio Viana de Oliveira)
Délio Viana de Oliveira, também conhecido como Délio (Cruz Alta-RS, 23 de maio de 1934 — Passo Fundo, 25 de setembro de 2010), foi um meia e atacante do Rio Grandense, Gaúcho e do 14 de Julho.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
Conversei pessoalmente com Délio Viana de Oliveira quando pesquisava informações para meu primeiro livro de futebol, em 1997. Já o conhecia, pois o vi jogar com a camisa do 14 de Julho na velha Baixada, o Estádio Celso Fiori. Jogava no meio de campo ao lado de Ubiratan, outra figura esplêndida, que faleceu em Carazinho. Recebeu-me em sua casa, na Vila Rodrigues. Uma pessoa afável, elegante no vestir e disposto a contar sua trajetória no futebol e outras histórias maravilhosas que presenciou.
Délio foi levado a jogar no Rio Grandense, pelas mãos do seu irmão, Valentim Viana, então centromédio do “Ferrinho”. Ficou pouco tempo neste clube e foi convidado a integrar o Nacional de Cruz Alta, que disputava o campeonato estadual da segunda divisão. Jogou ao lado de ídolos daquela cidade, como o goleiro Lino Ceretta, o zagueiro Décio Zanchi e Mário Macagnã, além do craque Alma de Gato. Corria o ano de 1956 e Délio jogava com o apelido de Passo Fundo.
Tinha como características a movimentação constante. Tinha fôlego invejável, aliado a uma boa técnica. Jogava de área a área. Defendia e atacava com o mesmo discernimento.
Apenas um ano em Cruz Alta e o convite para jogar no Nacional de Porto Alegre, em 1957. No estádio Chácara das Camélias jogou ao lado de monstros sagrados do futebol gaúcho. Em final de carreira, o ponteiro-direito do Nacional era Tesourinha, um mito do futebol. Outros jogadores de nobre linhagem atuaram ao lado de Délio. Ortunho, Quito, Marinho, Belo, Ercilio, Pinga, Telmo, Sanches e Orceli. Uma constelação de craques.
Em Porto Alegre, Délio alternava a reserva e a titularidade do Nacional. Foi então que o Guarany de Cruz Alta, rival do Nacional, foi buscá-lo.
Naquele ano o Guarany montou um grande time que tornou-se campeão citadino e depois regional. Sua base era: Lino, Coffy e Baratinha; Carazinho, Délio e Russinho; Laury, Perereca, Ivo, Carioca e Tatu.
Em 1959, Délio retornou ao futebol de Passo Fundo, para defender o Gaúcho. Abandonou a carreira no 14 de Julho em 1967.
O futebol não lhe trouxe mágoas. Ao contrário, apenas alegria e muitos amigos. Talvez uma pequena tristeza, que o tempo apagou. Foi na decisão da fase semifinal do campeonato da segunda divisão, de 1964. 14 de Julho e Avenida de Santa Cruz, campeões regionais. O 14 de Julho venceu o primeiro jogo em casa e perdeu o segundo, fora. A decisão foi num terceiro jogo. Fizeram a preliminar do clássico Internacional x Cruzeiro, nos Eucaliptos. A torcida colorada que lotou o estádio torceu muito pelo 14 de Julho. Dois eram os motivos. O primeiro, a identificação com a camisa vermelha. O segundo era uma homenagem ao meio-campista Heitor Verardi, ídolo colorado, jogando no 14 de Julho. A partida terminou 2 a 2.
Decisão por pênaltis. Apenas um jogador por time batia todas as penalidades, consecutivamente. Adauto Azevedo, do Avenida, perdeu apenas um e Délio, cobrador oficial do 14 de Julho, desperdiçou duas cobranças. O 14 de Julho voltava para casa eliminado.
Délio Viana de Oliveira era aposentado como policial civil e vivia sua vida com tranquilidade, acompanhado de amigos, talvez o mais íntimo o radialista Predefinição:Jorge Antonio Gherardt. Em um sábado à tarde, recebi a notícia que Délio havia falecido. Por algum motivo, pôs cabo em sua própria vida. Deixou imensa saudade em todos que o conheceram.
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1959 | 14 de Julho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1959 | Gaúcho | 11 | 4 | 0 | 0 |
1960 | Gaúcho | 18 | 3 | 0 | 1 |
1961 | Gaúcho | 5 | 2 | 0 | 0 |
1962 | 14 de Julho | 3 | 0 | 0 | 0 |
1963 | Gaúcho | 10 | 3 | 0 | 0 |
1964 | Gaúcho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1964 | 14 de Julho | 15 | 2 | 0 | 1 |
1965 | 14 de Julho | 7 | 0 | 0 | 0 |
1967 | 14 de Julho | 5 | 0 | 0 | 0 |
Total | 76 | 14 | 0 | 2 |