Roberto (Manoel Roberto Antonello): mudanças entre as edições

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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Manoel Roberto Antonello''', também conhecido como '''Roberto''' (Porto Alegre-RS, 22 de agosto de 1947 Porto Alegre-RS, 6 de agosto de 2018), foi um meia vindo dos juvenis do Grêmio que se profissionalizou no {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}, mas que se tornou um dos maiores ídolos da história do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. Roberto integra a {{Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho}} e o {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Certa feita, não faz muitos anos, encontrei o corretor de seguros Roberto, no centro de Passo Fundo. Chamei-o pelo seu nome completo. Gritei: "Manoel Roberto Antonello!" Ele se virou, olhou para todos os lados e veio falar comigo, dizendo: “porra não me chame de Manoel, me cravaram este nome nas costas, mas não gosto e quase ninguém sabe”.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.


Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
Roberto ainda jovem era jogador do meio de campo do Cerâmica de Gravataí. Jogador de muita técnica, visão de jogo, passes precisos, de alta estatura, jogava de cabeça erguida. Tinha facilidade de chegar na área, enfim era o famoso meia armador, o camisa 10 de todos os times, exceto do Santos, é claro.


Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
Do Cerâmica, foi para o juvenil do Grêmio. E, quando chegou a hora da profissionalização, o Grêmio tinha Sérgio Lopes na mesma posição de Roberto. Como os times jogavam uma vez por semana, quase ninguém se machucava ou tinha lesões musculares. Roberto ficou um pequeno período na reserva. O dirigente do 14 de Julho, {{Nery Simão}}, tinha bom relacionamento com o dirigente gremista Rudy Armin Petry e foi buscar jogadores no tricolor em 1966. O Grêmio liberou Roberto.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
No 14 de Julho formou dupla de meio de campo com {{Lindomar (Lindomar Osmarini)}} e com {{Zangão (Antônio Guites)}}. Jogou muita bola em 1966 e, mesmo que seu clube não conquistasse o título regional, Roberto entrou na seleção do campeonato. Permaneceu no 14 até meados de 1967 e foi contratado pelo Gaúcho, que disputava a divisão especial. o meio de campo era formado por {{Honorato (Honorato Rodrigues Furtado)}} e Roberto, ou {{Flávio (Flávio Aragão Silveira)}} e Roberto, mais tarde {{Raul Matté (Raul Alves Matté)}} e Roberto e ainda {{Jair (Jair dos Santos Pacheco)}} e Roberto. Ficou vários anos no Gaúcho.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Mas, teve passagens pelo Ypiranga, Guarany de Bagé e Caxias. Encerrou a carreira defendendo o Gaúcho. Estava com uma crônica lesão no joelho, que a cada jogo inchava de tal forma que o craque mal podia caminhar.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Roberto foi embora para Porto Alegre, sua cidade natal, onde nasceu no dia 22 de agosto de 1947. Casou com a filha do grande craque do Atlântico de Erechim Borges. Era cunhado de outro craque: Paulo César Carpegiani. Foi auxiliar técnico nos clubes que contratavam Carpegiani e inclusive passou dois anos na Arábia Saudita. Depois, deixou o futebol e passou a ser um bem-sucedido corretor de seguros.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Seu filho foi jogador de meio de campo. Atendia pelo apelido de Juca e foi revelado no Internacional, jogando ainda no Botafogo e em clubes do exterior.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Um dia encontrei Roberto em Osório. Ele vendendo seguros e eu visitando meu irmão que lá residia, o saudoso Romeu Damian, o {{Zebrinha (João Romeu Damian)}}. Conversando informalmente com ele, falou de seu filho Juca. Não vou mais esquecer o que disse: “O Juca não ata uma botina minha e ganha 50 mil no Botafogo”. Roberto sabia a dimensão de todo o futebol que jogou. Tinha certa mágoa, pois jogou em tempo errado. Sabia que se fosse jogador nessa época, seria rico e famoso.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
Roberto faleceu em 6 de agosto de 2018, vitimado por complicações derivadas de uma hepatite C, como aliás, quase todos os times do Gaúcho da década de 1970. Mas esta história contaremos em outra postagem no site.
 
Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
 
== A aventura na Argentina ==
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (318)
* jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (47)
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* Integrante da Seleção do Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão de 1966
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como meia
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo


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Edição das 21h07min de 17 de julho de 2024

Roberto

⭐Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Manoel Roberto Antonello
Nascimento 22.08.1947
Local Porto Alegre-RS
Falecimento 06.08.2018, aos 70 anos
Local Porto Alegre-RS
Ocupação Não disponível
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Meia
Equipes 1966-1967 - 14 de Julho
1967-1980 - Gaúcho

Manoel Roberto Antonello, também conhecido como Roberto (Porto Alegre-RS, 22 de agosto de 1947 — Porto Alegre-RS, 6 de agosto de 2018), foi um meia vindo dos juvenis do Grêmio que se profissionalizou no 14 de Julho, mas que se tornou um dos maiores ídolos da história do Gaúcho. Roberto integra a Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho e o Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Certa feita, não faz muitos anos, encontrei o corretor de seguros Roberto, no centro de Passo Fundo. Chamei-o pelo seu nome completo. Gritei: "Manoel Roberto Antonello!" Ele se virou, olhou para todos os lados e veio falar comigo, dizendo: “porra não me chame de Manoel, me cravaram este nome nas costas, mas não gosto e quase ninguém sabe”.

Roberto ainda jovem era jogador do meio de campo do Cerâmica de Gravataí. Jogador de muita técnica, visão de jogo, passes precisos, de alta estatura, jogava de cabeça erguida. Tinha facilidade de chegar na área, enfim era o famoso meia armador, o camisa 10 de todos os times, exceto do Santos, é claro.

Do Cerâmica, foi para o juvenil do Grêmio. E, quando chegou a hora da profissionalização, o Grêmio tinha Sérgio Lopes na mesma posição de Roberto. Como os times jogavam uma vez por semana, quase ninguém se machucava ou tinha lesões musculares. Roberto ficou um pequeno período na reserva. O dirigente do 14 de Julho, Nery Simão, tinha bom relacionamento com o dirigente gremista Rudy Armin Petry e foi buscar jogadores no tricolor em 1966. O Grêmio liberou Roberto.

No 14 de Julho formou dupla de meio de campo com Lindomar e com Zangão. Jogou muita bola em 1966 e, mesmo que seu clube não conquistasse o título regional, Roberto entrou na seleção do campeonato. Permaneceu no 14 até meados de 1967 e foi contratado pelo Gaúcho, que disputava a divisão especial. Aí o meio de campo era formado por Honorato e Roberto, ou Flávio e Roberto, mais tarde Raul Matté e Roberto e ainda Jair e Roberto. Ficou vários anos no Gaúcho.

Mas, teve passagens pelo Ypiranga, Guarany de Bagé e Caxias. Encerrou a carreira defendendo o Gaúcho. Estava com uma crônica lesão no joelho, que a cada jogo inchava de tal forma que o craque mal podia caminhar.

Roberto foi embora para Porto Alegre, sua cidade natal, onde nasceu no dia 22 de agosto de 1947. Casou com a filha do grande craque do Atlântico de Erechim Borges. Era cunhado de outro craque: Paulo César Carpegiani. Foi auxiliar técnico nos clubes que contratavam Carpegiani e inclusive passou dois anos na Arábia Saudita. Depois, deixou o futebol e passou a ser um bem-sucedido corretor de seguros.

Seu filho foi jogador de meio de campo. Atendia pelo apelido de Juca e foi revelado no Internacional, jogando ainda no Botafogo e em clubes do exterior.

Um dia encontrei Roberto em Osório. Ele vendendo seguros e eu visitando meu irmão que lá residia, o saudoso Romeu Damian, o Zebrinha. Conversando informalmente com ele, falou de seu filho Juca. Não vou mais esquecer o que disse: “O Juca não ata uma botina minha e ganha 50 mil no Botafogo”. Roberto sabia a dimensão de todo o futebol que jogou. Tinha certa mágoa, pois jogou em tempo errado. Sabia que se fosse jogador nessa época, seria rico e famoso.

Roberto faleceu em 6 de agosto de 2018, vitimado por complicações derivadas de uma hepatite C, como aliás, quase todos os times do Gaúcho da década de 1970. Mas esta história contaremos em outra postagem no site.

Honras

  • 3º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (318)
  • 4º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (47)
  • Integrante da Seleção do Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão de 1966
  • Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como meia
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1966 14 de Julho 27 1 0 0
1967 14 de Julho 9 0 0 0
1967 Gaúcho 23 1 0 0
1968 Gaúcho 21 2 0 1
1971 Gaúcho 31 2 0 0
1972 Gaúcho 40 2 0 0
1974 Gaúcho 22 3 0 0
1975 Gaúcho 32 11 3 0
1976 Gaúcho 35 7 0 0
1977 Seleção de Passo Fundo 1 2 0 0
1977 Gaúcho 26 5 3 0
1978 Gaúcho 42 7 2 1
1979 Gaúcho 24 3 4 0
1980 Gaúcho 22 4 2 1
Total 355 50 14 3