Délio (Délio Viana de Oliveira): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
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|'''<small>Entidades</small>'''
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Délio Viana de Oliveira''', também conhecido como '''Délio''' (Cruz Alta-RS, 23 de maio de 1934 Passo Fundo, 25 de setembro de 2010), foi um meia e atacante do {{Rio Grandense (Rio Grandense Foot Ball Club)}}, {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} e do {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Conversei pessoalmente com Délio Viana de Oliveira quando pesquisava informações para meu primeiro livro de futebol, em 1997. Já o conhecia, pois o vi jogar com a camisa do 14 de Julho na velha Baixada, o {{Estádio Celso Fiori}}. Jogava no meio de campo ao lado de {{Ubiratan (Obiratan Lopes Ramires)}}, outra figura esplêndida, que faleceu em Carazinho. Recebeu-me em sua casa, na Vila Rodrigues. Uma pessoa afável, elegante no vestir e disposto a contar sua trajetória no futebol e outras histórias maravilhosas que presenciou.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.


Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
Délio foi levado a jogar no {{Rio Grandense (Rio Grandense Foot Ball Club)}}, pelas mãos do seu irmão, {{Valentim Viana}}, então centromédio do “Ferrinho”. Ficou pouco tempo neste clube e foi convidado a integrar o Nacional de Cruz Alta, que disputava o campeonato estadual da segunda divisão. Jogou ao lado de ídolos daquela cidade, como o goleiro Lino Ceretta, o zagueiro Décio Zanchi e Mário Macagnã, além do craque Alma de Gato. Corria o ano de 1956 e Délio jogava com o apelido de Passo Fundo.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
Tinha como características a movimentação constante. Tinha fôlego invejável, aliado a uma boa técnica. Jogava de área a área. Defendia e atacava com o mesmo discernimento.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Apenas um ano em Cruz Alta e o convite para jogar no Nacional de Porto Alegre, em 1957. No estádio Chácara das Camélias jogou ao lado de monstros sagrados do futebol gaúcho. Em final de carreira, o ponteiro-direito do Nacional era Tesourinha, um mito do futebol. Outros jogadores de nobre linhagem atuaram ao lado de Délio. Ortunho, Quito, Marinho, Belo, Ercilio, Pinga, Telmo, Sanches e Orceli. Uma constelação de craques.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Em Porto Alegre, Délio alternava a reserva e a titularidade do Nacional. Foi então que o Guarany de Cruz Alta, rival do Nacional, foi buscá-lo.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Naquele ano o Guarany montou um grande time que tornou-se campeão citadino e depois regional. Sua base era: Lino, Coffy e Baratinha; Carazinho, Délio e Russinho; Laury, Perereca, Ivo, Carioca e Tatu.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Em 1959, Délio retornou ao futebol de Passo Fundo, para defender o Gaúcho. Abandonou a carreira no 14 de Julho em 1967.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
O futebol não lhe trouxe mágoas. Ao contrário, apenas alegria e muitos amigos. Talvez uma pequena tristeza, que o tempo apagou. Foi na decisão da fase semifinal do campeonato da segunda divisão, de 1964. 14 de Julho e Avenida de Santa Cruz, campeões regionais. O 14 de Julho venceu o primeiro jogo em casa e perdeu o segundo, fora. A decisão foi num terceiro jogo. Fizeram a preliminar do clássico Internacional x Cruzeiro, nos Eucaliptos. A torcida colorada que lotou o estádio torceu muito pelo 14 de Julho. Dois eram os motivos. O primeiro, a identificação com a camisa vermelha. O segundo era uma homenagem ao meio-campista {{Heitor Verardi (Heitor Ricci Verardi)}}, ídolo colorado, jogando no 14 de Julho. A partida terminou 2 a 2.


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Decisão por pênaltis. Apenas um jogador por time batia todas as penalidades, consecutivamente. Adauto Azevedo, do Avenida, perdeu apenas um e Délio, cobrador oficial do 14 de Julho, desperdiçou duas cobranças. O 14 de Julho voltava para casa eliminado.


== A aventura na Argentina ==
Délio Viana de Oliveira era aposentado como policial civil e vivia sua vida com tranquilidade, acompanhado de amigos, talvez o mais íntimo o radialista {{Jorge Antonio Gerhardt}}. Em um sábado à tarde, recebi a notícia que Délio havia falecido. Por algum motivo, pôs cabo em sua própria vida. Deixou imensa saudade em todos que o conheceram.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* Integrante do {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo


== Carreira como jogador ==
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== Carreira como técnico ==
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__NOTOC__
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Edição atual tal como às 21h00min de 20 de setembro de 2024

Délio
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Délio Viana de Oliveira
Nascimento 23.05.1934
Local Cruz Alta-RS
Falecimento 25.09.2010, aos 76 anos
Local Passo Fundo
Ocupação Músico
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Meia, atacante
Equipes ????-???? - Rio Grandense
1959-1959 - 14 de Julho
1959-1961 - Gaúcho
1962-1962 - 14 de Julho
1963-1964 - Gaúcho
1964-1967 - 14 de Julho

Délio Viana de Oliveira, também conhecido como Délio (Cruz Alta-RS, 23 de maio de 1934 — Passo Fundo, 25 de setembro de 2010), foi um meia e atacante do Rio Grandense, Gaúcho e do 14 de Julho.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Conversei pessoalmente com Délio Viana de Oliveira quando pesquisava informações para meu primeiro livro de futebol, em 1997. Já o conhecia, pois o vi jogar com a camisa do 14 de Julho na velha Baixada, o Estádio Celso Fiori. Jogava no meio de campo ao lado de Ubiratan, outra figura esplêndida, que faleceu em Carazinho. Recebeu-me em sua casa, na Vila Rodrigues. Uma pessoa afável, elegante no vestir e disposto a contar sua trajetória no futebol e outras histórias maravilhosas que presenciou.

Délio foi levado a jogar no Rio Grandense, pelas mãos do seu irmão, Valentim Viana, então centromédio do “Ferrinho”. Ficou pouco tempo neste clube e foi convidado a integrar o Nacional de Cruz Alta, que disputava o campeonato estadual da segunda divisão. Jogou ao lado de ídolos daquela cidade, como o goleiro Lino Ceretta, o zagueiro Décio Zanchi e Mário Macagnã, além do craque Alma de Gato. Corria o ano de 1956 e Délio jogava com o apelido de Passo Fundo.

Tinha como características a movimentação constante. Tinha fôlego invejável, aliado a uma boa técnica. Jogava de área a área. Defendia e atacava com o mesmo discernimento.

Apenas um ano em Cruz Alta e o convite para jogar no Nacional de Porto Alegre, em 1957. No estádio Chácara das Camélias jogou ao lado de monstros sagrados do futebol gaúcho. Em final de carreira, o ponteiro-direito do Nacional era Tesourinha, um mito do futebol. Outros jogadores de nobre linhagem atuaram ao lado de Délio. Ortunho, Quito, Marinho, Belo, Ercilio, Pinga, Telmo, Sanches e Orceli. Uma constelação de craques.

Em Porto Alegre, Délio alternava a reserva e a titularidade do Nacional. Foi então que o Guarany de Cruz Alta, rival do Nacional, foi buscá-lo.

Naquele ano o Guarany montou um grande time que tornou-se campeão citadino e depois regional. Sua base era: Lino, Coffy e Baratinha; Carazinho, Délio e Russinho; Laury, Perereca, Ivo, Carioca e Tatu.

Em 1959, Délio retornou ao futebol de Passo Fundo, para defender o Gaúcho. Abandonou a carreira no 14 de Julho em 1967.

O futebol não lhe trouxe mágoas. Ao contrário, apenas alegria e muitos amigos. Talvez uma pequena tristeza, que o tempo apagou. Foi na decisão da fase semifinal do campeonato da segunda divisão, de 1964. 14 de Julho e Avenida de Santa Cruz, campeões regionais. O 14 de Julho venceu o primeiro jogo em casa e perdeu o segundo, fora. A decisão foi num terceiro jogo. Fizeram a preliminar do clássico Internacional x Cruzeiro, nos Eucaliptos. A torcida colorada que lotou o estádio torceu muito pelo 14 de Julho. Dois eram os motivos. O primeiro, a identificação com a camisa vermelha. O segundo era uma homenagem ao meio-campista Heitor Verardi, ídolo colorado, jogando no 14 de Julho. A partida terminou 2 a 2.

Decisão por pênaltis. Apenas um jogador por time batia todas as penalidades, consecutivamente. Adauto Azevedo, do Avenida, perdeu apenas um e Délio, cobrador oficial do 14 de Julho, desperdiçou duas cobranças. O 14 de Julho voltava para casa eliminado.

Délio Viana de Oliveira era aposentado como policial civil e vivia sua vida com tranquilidade, acompanhado de amigos, talvez o mais íntimo o radialista Jorge Antonio Gerhardt. Em um sábado à tarde, recebi a notícia que Délio havia falecido. Por algum motivo, pôs cabo em sua própria vida. Deixou imensa saudade em todos que o conheceram.

Honras

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1959 14 de Julho 1 0 0 0
1959 Gaúcho 11 4 0 0
1960 Gaúcho 18 3 0 1
1961 Gaúcho 5 2 0 0
1962 14 de Julho 3 0 0 0
1963 Gaúcho 10 3 0 0
1964 Gaúcho 1 0 0 0
1964 14 de Julho 15 2 0 1
1965 14 de Julho 7 0 0 0
1967 14 de Julho 5 0 0 0
Total 76 14 0 2