Raul Matté (Raul Alves Matté): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
Ir para navegação Ir para pesquisar
mSem resumo de edição
 
(5 revisões intermediárias pelo mesmo usuário não estão sendo mostradas)
Linha 39: Linha 39:
|}
|}


'''Raul Alves Matté''', também conhecido como '''Raul Matté''' ou '''Raul''' (Caxias do Sul-RS, 28 de outubro de 1942 — Passo Fundo, 14 de julho de 2010), foi um atacante no início de carreira que se consagrou como volante do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. É o maior símbolo da raça alviverde e está na Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho e no Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.
'''Raul Alves Matté''', também conhecido como '''Raul Matté''' ou '''Raul''' (Caxias do Sul-RS, 28 de outubro de 1942 — Passo Fundo, 14 de julho de 2010), foi um atacante no início de carreira que se consagrou como volante do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. É o maior símbolo da raça alviverde e está na {{Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho}} e no {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}.


== História ==
== História ==
Linha 50: Linha 50:
Em 1965, aportou no Gaúcho. Fez testes, treinou, assinou contrato e ficou. O ataque do Gaúcho era formado por {{Meca (Américo Martins de Oliveira)}}, {{Tuta (Carlos Veríssimo da Silva)}}, Raul e {{Antoninho (Nelci Antônio Santos Rocha)}}, este último amigo de Raul e também caxiense. Em seu primeiro ano de clube, notabilizou-se por marcar muitos gols e pelo seu principal atributo: a garra, a vontade. Não havia bola perdida, muito menos zagueiros mal-encarados. Raul defrontava-se com todos. Recebia faltas e não caía. Não era de briga. Era bom moço, respeitador e altamente profissional. Ajudou o alviverde a ser campeão regional, o que não ocorria desde o longínquo 1954, e vice-campeão estadual da segunda divisão. No ano seguinte, bicampeão regional e, agora sim, campeão da segunda divisão. O Gaúcho de Raul Matté, que ainda não era o capitão do time, cargo exercido pelo lateral {{Maneca (Darci da Silva Lopes)}}, estava na divisão de elite do futebol do Rio Grande do Sul.
Em 1965, aportou no Gaúcho. Fez testes, treinou, assinou contrato e ficou. O ataque do Gaúcho era formado por {{Meca (Américo Martins de Oliveira)}}, {{Tuta (Carlos Veríssimo da Silva)}}, Raul e {{Antoninho (Nelci Antônio Santos Rocha)}}, este último amigo de Raul e também caxiense. Em seu primeiro ano de clube, notabilizou-se por marcar muitos gols e pelo seu principal atributo: a garra, a vontade. Não havia bola perdida, muito menos zagueiros mal-encarados. Raul defrontava-se com todos. Recebia faltas e não caía. Não era de briga. Era bom moço, respeitador e altamente profissional. Ajudou o alviverde a ser campeão regional, o que não ocorria desde o longínquo 1954, e vice-campeão estadual da segunda divisão. No ano seguinte, bicampeão regional e, agora sim, campeão da segunda divisão. O Gaúcho de Raul Matté, que ainda não era o capitão do time, cargo exercido pelo lateral {{Maneca (Darci da Silva Lopes)}}, estava na divisão de elite do futebol do Rio Grande do Sul.


Em 1967, o Gaúcho contratou {{Bebeto}}, artilheiro nato. Mas Raul não perdeu a posição. Jogava do lado do Canhão da Serra. Um dia o Gaúcho foi a Porto Alegre defrontar-se contra o poderoso Internacional, no Estádio Beira-Rio. O técnico {{Sílvio Scherer}} tinha um problema. Não tinha nenhum dos volantes à disposição para o jogo. Conversou com Raul e pediu para ele fazer a função. Simplesmente Raul foi considerado o melhor jogador em campo. Ele ficou bem à vontade em colocar, em prol de seu clube, toda sua disposição. Raul marcou, correu o campo todo, deu passes, lançamentos e chegou várias vezes à área, afinal ele tinha recém deixado a posição de centroavante. Ainda tinha o cacoete.
Em 1967, o Gaúcho contratou {{Bebeto (Alberto Vilasboas dos Reis)}}, artilheiro nato. Mas Raul não perdeu a posição. Jogava do lado do Canhão da Serra. Um dia o Gaúcho foi a Porto Alegre defrontar-se contra o poderoso Internacional, no Estádio Beira-Rio. O técnico {{Sílvio Scherer}} tinha um problema. Não tinha nenhum dos volantes à disposição para o jogo. Conversou com Raul e pediu para ele fazer a função. Simplesmente Raul foi considerado o melhor jogador em campo. Ele ficou bem à vontade em colocar, em prol de seu clube, toda sua disposição. Raul marcou, correu o campo todo, deu passes, lançamentos e chegou várias vezes à área, afinal ele tinha recém deixado a posição de centroavante. Ainda tinha o cacoete.


A partir daí ganhou a braçadeira de capitão, e naquela posição jogou muita bola. A cada jogo uma história comovente de Raul combatendo, marcando o adversário, dando passes precisos e ainda marcando gols.
A partir daí ganhou a braçadeira de capitão, e naquela posição jogou muita bola. A cada jogo uma história comovente de Raul combatendo, marcando o adversário, dando passes precisos e ainda marcando gols.
Linha 64: Linha 64:
== Honras ==
== Honras ==


* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (283)
* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (283)
* 5º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (42)
* 5º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (42)
* 4º técnico com maior número de jogos pelo Gaúcho (117)
* 4º técnico com maior número de jogos pelo Gaúcho (117)
* 4º técnico com maior número de vitórias pelo Gaúcho (44)
* 4º técnico com maior número de vitórias pelo Gaúcho (44)
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como volante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como volante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Linha 230: Linha 229:
[[Categoria:Falecidos em 2010]]
[[Categoria:Falecidos em 2010]]
[[Categoria:Hall da Fama]]
[[Categoria:Hall da Fama]]
[[Categoria:Posição: Meias]]
[[Categoria:Posição: Atacantes]]
[[Categoria:Jogadores do Gaúcho]]
[[Categoria:Jogadores do Gaúcho]]
[[Categoria:Jogadores da Seleção Gaúcha do Interior]]
[[Categoria:Jogadores da Seleção Gaúcha do Interior]]

Edição atual tal como às 20h49min de 15 de setembro de 2024

Raul
⭐Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
🧉Seleção Gaúcha do Interior
Informações pessoais
Nome completo Raul Alves Matté
Nascimento 28.10.1942
Local Caxias do Sul-RS
Falecimento 14.07.2010, aos 67 anos
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Atacante, volante
Equipes 1965-1973 - Gaúcho
Técnico
Equipes 1978-1980 - Gaúcho
1983-1983 - 14 de Julho
1984-1984 - 14 de Julho
2002-2002 - Gaúcho

Raul Alves Matté, também conhecido como Raul Matté ou Raul (Caxias do Sul-RS, 28 de outubro de 1942 — Passo Fundo, 14 de julho de 2010), foi um atacante no início de carreira que se consagrou como volante do Gaúcho. É o maior símbolo da raça alviverde e está na Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho e no Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Muitos jogadores que passaram pelo futebol de Passo Fundo tinham em suas características a determinação, a garra e a vontade, mas ninguém encarnou este espírito guerreiro como Raul Matté, ídolo inconteste do Sport Club Gaúcho.

Raul jogava na equipe amadora do distrito de Galópolis, de Caxias do Sul. O time era do Lanifício São Pedro. Raul, o seu centroavante, no início da década de 1960. Era artilheiro e, fundamentalmente, um leão em campo, disposto a levar a vitória como algo obsessivo. Chamou a atenção do Juventude. Assinou contrato, fez alguns jogos amistosos, mas não teve maiores oportunidades. Tentou o Flamengo, rival do Juventude. Assinou contrato, realizou alguns amistosos, em 1964, e no final da temporada foi dispensado. Realizou testes no Floriano, de Novo Hamburgo. Foi bem nos treinamentos, mas não permaneceu.

Em 1965, aportou no Gaúcho. Fez testes, treinou, assinou contrato e ficou. O ataque do Gaúcho era formado por Meca, Tuta, Raul e Antoninho, este último amigo de Raul e também caxiense. Em seu primeiro ano de clube, notabilizou-se por marcar muitos gols e pelo seu principal atributo: a garra, a vontade. Não havia bola perdida, muito menos zagueiros mal-encarados. Raul defrontava-se com todos. Recebia faltas e não caía. Não era de briga. Era bom moço, respeitador e altamente profissional. Ajudou o alviverde a ser campeão regional, o que não ocorria desde o longínquo 1954, e vice-campeão estadual da segunda divisão. No ano seguinte, bicampeão regional e, agora sim, campeão da segunda divisão. O Gaúcho de Raul Matté, que ainda não era o capitão do time, cargo exercido pelo lateral Maneca, estava na divisão de elite do futebol do Rio Grande do Sul.

Em 1967, o Gaúcho contratou Bebeto, artilheiro nato. Mas Raul não perdeu a posição. Jogava do lado do Canhão da Serra. Um dia o Gaúcho foi a Porto Alegre defrontar-se contra o poderoso Internacional, no Estádio Beira-Rio. O técnico Sílvio Scherer tinha um problema. Não tinha nenhum dos volantes à disposição para o jogo. Conversou com Raul e pediu para ele fazer a função. Simplesmente Raul foi considerado o melhor jogador em campo. Ele ficou bem à vontade em colocar, em prol de seu clube, toda sua disposição. Raul marcou, correu o campo todo, deu passes, lançamentos e chegou várias vezes à área, afinal ele tinha recém deixado a posição de centroavante. Ainda tinha o cacoete.

A partir daí ganhou a braçadeira de capitão, e naquela posição jogou muita bola. A cada jogo uma história comovente de Raul combatendo, marcando o adversário, dando passes precisos e ainda marcando gols.

Foi convocado para a Seleção Gaúcha do Interior que ganhou a Copa Atlântico Sul em 1974 jogando contra times do quilate do Nacional e Peñarol do Uruguai e Racing da Argentina. Participou de uma brilhante excursão desta mesma seleção às Américas, sempre ostentando a braçadeira de capitão.

Os torcedores do Gaúcho adoravam Raul e o reverenciavam a cada toque seu na bola. Ao abrir-se a tampa de latão que dava acesso do vestiário ao campo de jogo, era Raul, na frente, com orgulho do uniforme verde e branco. Mas, um dia o clube, desorganizado que estava, deixou de registrar seu interesse na renovação de contrato de seus jogadores (era assim a legislação da época), e todos obtiveram passe livre. Poucos ficaram e Raul aceitou uma proposta irrecusável do Atlético de Carazinho. Defendeu esse clube com a mesma tenacidade e disposição de sempre. E, no Atlético aconteceu outra situação. Raul foi colocado como quarto-zagueiro e, nesta nova posição, também agregou o entusiasmo e a intensidade para jogar que o caracterizaram. No Atlético também foi o grande capitão.

Raul, já veterano, abandonou os gramados, mas não o futebol. Passou a treinador e exigir de seus comandados o mesmo ânimo e vontade que sempre teve. Treinou alguns clubes, em especial o Gaúcho e o 14 de Julho, entre outros.

Um dia o encontrei na rua. Vi que Raul não estava com boa aparência. Ele me falou que realizava tratamento contra a hepatite tipo C, uma doença que dizimou os jogadores do Gaúcho da década de 1970. Raul ficou algum tempo doente e depois partiu. Deixou saudade como um jogador exemplarmente profissional e um amigo fiel.

Honras

  • 6º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (283)
  • 5º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (42)
  • 4º técnico com maior número de jogos pelo Gaúcho (117)
  • 4º técnico com maior número de vitórias pelo Gaúcho (44)
  • Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como volante
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
  • Integrante da Seleção Gaúcha do Interior

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1965 Gaúcho 12 4 0 0
1965 Seleção dos Brancos 1 0 0 0
1966 Gaúcho 31 16 0 0
1967 Gaúcho 27 3 0 0
1968 Gaúcho 32 6 0 1
1969 Gaúcho 26 2 0 0
1970 Gaúcho 31 3 0 0
1971 Gaúcho 42 4 0 1
1972 Gaúcho 42 2 0 0
1973 Gaúcho 40 2 0 1
Total 284 42 0 3

Carreira como técnico

Ano Equipe J V E D A
1978 Gaúcho 26 10 8 8 54%
1979 Gaúcho 64 25 24 15 58%
1980 Gaúcho 25 7 6 12 40%
1983 14 de Julho 23 11 7 5 63%
1984 14 de Julho 9 3 2 4 44%
2002 Gaúcho 2 2 0 0 100%
Total 149 58 47 44 55%