Nadir (Nadir Antonio Smaniotto): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Nadir Antonio Smaniotto''', também conhecido como Nadir (Erechim-RS, 5 de maio de 1938 Passo Fundo, 21 de julho de 1997), foi um dos maiores goleiros da história do futebol passo-fundense. Começou a carreira profissional no {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}, mas entrou para a história defendendo o {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. É um dos imortais do {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Estava na prorrogação da final da segunda divisão de 1966, no abarrotado {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}, em Passo Fundo, com muita chuva e muito barro. O Uruguaiana, que fora goleado inapelavelmente no tempo normal, jogava sua vida nos 30 minutos do tempo complementar. Decorriam os primeiros quinze minutos e o zero a zero deixava tenso os encharcados torcedores. Num contra-ataque o centroavante Abeguar, do time fronteiriço, forte, atarracado e artilheiro, escapa pela esquerda e na frente de Nadir chuta por cima do gol. Foi mal Abeguar ou saiu bem Nadir? Esta pergunta não quer calar. Mas, possivelmente Abeguar errou porque Nadir cresceu na sua frente. Se agigantou e fechou as possibilidades de êxito do atacante. Ao final o alviverde venceu pelo placar mínimo e sagrou-se campeão.  
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
 
Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
 
Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Esse foi um dos muitos lances emblemáticos de Nadir Smaniotto defendendo o gol do Sport Club Gaúcho. Nadir não era alto, mas em sua época, poucos goleiros eram altos. Porém, tinha uma frieza glacial. Nenhum atacante que chegasse na sua frente o assustava, ele fechava o ângulo e, com um arrojo intrépido jogava-se aos pés do adversário. Suas outras características eram o posicionamento e a agilidade. Os chutes de longa distância normalmente paravam em suas mãos sem luvas e, nos chutes à queima-roupa, voava como um felino para impedir o gol. Enfim, Nadir foi um estupendo goleiro. Em pesquisa realizada pelo jornal [[Diário da Manhã]], no ano 2000, que elegeu a [[Seleção Passo-fundense de Futebol do Século 20]], Nadir foi escolhido o melhor goleiro de todos os tempos.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
No começo dos anos de 1960, foi tentar a sorte no {{Independente (Independente Grêmio Atlético de Amadores)}}, do futebol amador. Destacou-se pelas qualidades antes descritas, embora não tivesse a mesma experiência que adquiriu com a camisa alviverde. O 14 de Julho o convidou para um período de testes, em 1961, e Nadir chegou a atuar em duas partidas amistosas, vestindo seu indefectível uniforme negro. O incrível erro do 14 de Julho foi tê-lo convidado a realizar testes, ao invés de contratá-lo imediatamente. Nadir estava em sua casa, no Bairro Boqueirão, quando os dirigentes do Gaúcho bateram na porta e ofereceram um contrato profissional. Não foi sequer necessário avisar os dirigentes do rival, pois o goleiro ainda não havia se comprometido com o clube.  


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Passou à titularidade do gol alviverde a partir de então. Foi campeão regional, em 1965, e vice-campeão estadual da segunda divisão, naquele fatídico jogo contra o Riograndense, em Rio Grande, que acabou campeão na decisão por pênaltis. Esse jogo realizou-se em março de 1966. E, no final daquela temporada, o clube sagrou-se bicampeão regional e, após deixar o Tamoio e o São José de Porto Alegre para trás, tornou-se campeão estadual da segunda divisão, tendo Nadir como uma das lideranças. Nadir, {{Machado (Ramos da Luz)}}, {{Amâncio (Amâncio Fróes da Silveira)}}, {{Daizon Pontes}} e {{Maneca (Darci da Silva Lopes)}}; {{Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)}} e {{Honorato (Honorato Rodrigues Furtado)}}; {{Arthur (Arthur Andrade de Moraes)}}, {{Meca (Américo Martins de Oliveira)}}, {{Raul Matté (Raul Alves Matté)}} e {{Antoninho (Nelci Antônio Santos Rocha)}}. Os torcedores falavam a escalação como se declama uma poesia. Até hoje, os antigos torcedores ainda lembram a escalação na ponta da língua.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
Nos quatro primeiros anos na divisão especial o Gaúcho realizou ótimas campanhas e passou a ser reconhecido como uma das forças do futebol do interior Gaúcho. Em 1971, o time passou por uma renovação de nomes do seu quadro titular. Nadir continuaria como goleiro, mas recebeu o convite para defender o Juventude de Caxias do Sul. Mais uma vez brilhou, desta feita com outra camisa esmeraldina. Posteriormente foi para o Pelotas, e, em 1974, retornou ao Gaúcho, para encerrar a brilhante carreira. Seu irmão, {{Antoninho Smaniotto (Antônio Carlos Smaniotto)}}, que jogava futebol de salão, também vestiu o mando do Gaúcho, como centroavante rompedor, por um breve período.  


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Após deixar os gramados, não trabalhou com futebol. Nadir passou a função de representante comercial, bem sucedido. O erechinense Nadir Smaniotto, nascido em 5 de maio de 1938, assim como muitos dos seus colegas da geração alviverde dos anos 60 e 70, contraiu a maldita hepatite tipo C, adoeceu e acabou falecendo no dia 21 de julho de 1997, e está sepultado em nossa cidade.
 
== A aventura na Argentina ==
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (267)
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo


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== Carreira como técnico ==
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Edição atual tal como às 21h44min de 23 de julho de 2024

Nadir
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Nadir Antonio Smaniotto
Nascimento 05.05.1938
Local Erechim-RS
Falecimento 21.07.1997, aos 59 anos
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Goleiro
Equipes 1961-1961 - 14 de Julho
1961-1970 - Gaúcho
1974-1975 - Gaúcho

Nadir Antonio Smaniotto, também conhecido como Nadir (Erechim-RS, 5 de maio de 1938 — Passo Fundo, 21 de julho de 1997), foi um dos maiores goleiros da história do futebol passo-fundense. Começou a carreira profissional no 14 de Julho, mas entrou para a história defendendo o Gaúcho. É um dos imortais do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Estava na prorrogação da final da segunda divisão de 1966, no abarrotado Estádio Wolmar Salton, em Passo Fundo, com muita chuva e muito barro. O Uruguaiana, que fora goleado inapelavelmente no tempo normal, jogava sua vida nos 30 minutos do tempo complementar. Decorriam os primeiros quinze minutos e o zero a zero deixava tenso os encharcados torcedores. Num contra-ataque o centroavante Abeguar, do time fronteiriço, forte, atarracado e artilheiro, escapa pela esquerda e na frente de Nadir chuta por cima do gol. Foi mal Abeguar ou saiu bem Nadir? Esta pergunta não quer calar. Mas, possivelmente Abeguar errou porque Nadir cresceu na sua frente. Se agigantou e fechou as possibilidades de êxito do atacante. Ao final o alviverde venceu pelo placar mínimo e sagrou-se campeão.

Esse foi um dos muitos lances emblemáticos de Nadir Smaniotto defendendo o gol do Sport Club Gaúcho. Nadir não era alto, mas em sua época, poucos goleiros eram altos. Porém, tinha uma frieza glacial. Nenhum atacante que chegasse na sua frente o assustava, ele fechava o ângulo e, com um arrojo intrépido jogava-se aos pés do adversário. Suas outras características eram o posicionamento e a agilidade. Os chutes de longa distância normalmente paravam em suas mãos sem luvas e, nos chutes à queima-roupa, voava como um felino para impedir o gol. Enfim, Nadir foi um estupendo goleiro. Em pesquisa realizada pelo jornal Diário da Manhã, no ano 2000, que elegeu a Seleção Passo-fundense de Futebol do Século 20, Nadir foi escolhido o melhor goleiro de todos os tempos.

No começo dos anos de 1960, foi tentar a sorte no Independente, do futebol amador. Destacou-se pelas qualidades antes descritas, embora não tivesse a mesma experiência que adquiriu com a camisa alviverde. O 14 de Julho o convidou para um período de testes, em 1961, e Nadir chegou a atuar em duas partidas amistosas, vestindo seu indefectível uniforme negro. O incrível erro do 14 de Julho foi tê-lo convidado a realizar testes, ao invés de contratá-lo imediatamente. Nadir estava em sua casa, no Bairro Boqueirão, quando os dirigentes do Gaúcho bateram na porta e ofereceram um contrato profissional. Não foi sequer necessário avisar os dirigentes do rival, pois o goleiro ainda não havia se comprometido com o clube.

Passou à titularidade do gol alviverde a partir de então. Foi campeão regional, em 1965, e vice-campeão estadual da segunda divisão, naquele fatídico jogo contra o Riograndense, em Rio Grande, que acabou campeão na decisão por pênaltis. Esse jogo realizou-se em março de 1966. E, no final daquela temporada, o clube sagrou-se bicampeão regional e, após deixar o Tamoio e o São José de Porto Alegre para trás, tornou-se campeão estadual da segunda divisão, tendo Nadir como uma das lideranças. Nadir, Machado, Amâncio, Daizon Pontes e Maneca; Gitinha e Honorato; Arthur, Meca, Raul Matté e Antoninho. Os torcedores falavam a escalação como se declama uma poesia. Até hoje, os antigos torcedores ainda lembram a escalação na ponta da língua.

Nos quatro primeiros anos na divisão especial o Gaúcho realizou ótimas campanhas e passou a ser reconhecido como uma das forças do futebol do interior Gaúcho. Em 1971, o time passou por uma renovação de nomes do seu quadro titular. Nadir continuaria como goleiro, mas recebeu o convite para defender o Juventude de Caxias do Sul. Mais uma vez brilhou, desta feita com outra camisa esmeraldina. Posteriormente foi para o Pelotas, e, em 1974, retornou ao Gaúcho, para encerrar a brilhante carreira. Seu irmão, Antoninho Smaniotto, que jogava futebol de salão, também vestiu o mando do Gaúcho, como centroavante rompedor, por um breve período.

Após deixar os gramados, não trabalhou com futebol. Nadir passou a função de representante comercial, bem sucedido. O erechinense Nadir Smaniotto, nascido em 5 de maio de 1938, assim como muitos dos seus colegas da geração alviverde dos anos 60 e 70, contraiu a maldita hepatite tipo C, adoeceu e acabou falecendo no dia 21 de julho de 1997, e está sepultado em nossa cidade.

Honras

  • 8º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (267)
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J GS CA CV
1961 14 de Julho 2 -5 0 0
1961 Gaúcho 3 -1 0 0
1962 Gaúcho 2 -3 0 0
1963 Gaúcho 9 -6 0 0
1964 Gaúcho 20 -17 0 0
1965 Gaúcho 26 -15 0 0
1965 Seleção dos Brancos 1 -1 0 0
1966 Gaúcho 38 -45 0 0
1967 Gaúcho 35 -42 0 0
1968 Gaúcho 40 -61 0 0
1969 Gaúcho 33 -46 0 0
1970 Gaúcho 31 -31 0 0
1974 Gaúcho 12 -7 0 0
1975 Gaúcho 18 -20 0 0
Total 270 -300 0 0