Naninho (Ernani Silveira)

De Futebol de Passo Fundo
Revisão de 17h21min de 14 de julho de 2024 por Futebolpassofundo (discussão | contribs)
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Adair
Informações pessoais
Nome completo Ernani Silveira
Nascimento 06.03.1930
Local Cachoeira do Sul-RS
Falecimento 25.12.1967, aos 37 anos
Local Porto Alegre-RS
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Atacante
Equipes 1965-1965 - 14 de Julho

Ernani Silveira, também conhecido como Naninho (Cachoeira do Sul-RS, 6 de março de 1930 — Porto Alegre-RS, 25 de dezembro de 1967), foi um atacante conhecido pela incrível quantidade de gols que fazia e que jogou, já em final de carreira, pelo 14 de Julho.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

A carreira de Naninho, considerando a época em que jogou futebol, foi absolutamente profícua. Nascido em Cachoeira do Sul, em 6 de março de 1930, deu os primeiros chutes na bola, com mais responsabilidade, no futebol amador em um clube chamado Os Filhos do Trabalho. Fazia dupla de ataque com Baiano, outro ícone do futebol cachoeirense. Baiano era muito técnico, assim como Naninho. Ambos foram contratados pelo Cachoeira. Naninho marcou muitos gols pelo clube, assim como Baiano. Então apareceu um dirigente do Cruzeiro de Porto Alegre para levar os dois embora. Naninho aceitou, Baiano não. Baiano morreu muito moço, mas deixou um legado no futebol, seu filho Mica, que depois atuou no Gaúcho de Passo Fundo.

Naninho seguiu carreira. Brilhou no Cruzeiro em 1949, quando o clube realizou excelente campanha no campeonato estadual, e foi convocado para a Seleção Gaúcha. Disputou o campeonato brasileiro de seleções e quem veio buscá-lo foi o Bonsucesso, do Rio de Janeiro. Levou também Malinho, que pertencia ao Floriano, de Novo Hamburgo. Mais um destaque e Naninho foi para a Ponte Preta. Naninho fazia gols, muitos gols, mas era impaciente, buliçoso, não gostava da rotina. Gostava da noite, do carteado, da bebida, de lindas mulheres. Mas, jogou tanto na Ponte Preta, que foi convocado para a Seleção Paulista.

Então, seu próximo clube foi o Vasco da Gama. Jogou ao lado de outros craques, Ademir Menezes, por exemplo, e marcou mais uma vez gols. Sua passagem pelo Vasco foi frutífera, mas efêmera. Foi contratado pelo América, mas mesmo jogando bem, durou poucos meses. Quem veio buscar o craque foi o Bahia. Acabou com o jogo no tricolor e foi convocado para a Seleção Baiana. Um ano no Bahia e veio o Sport Recife. Neste clube Naninho foi bem tratado e ficou duas temporadas. Foi bicampeão pernambucano e artilheiro dos dois campeonatos. Num deles, marcou 25 gols. Foi convocado para a Seleção de Pernambuco. No campeonato brasileiro de seleções, marcou gols contra os gaúchos e nos tirou da competição. Naninho ainda é o quinto maior artilheiro da história do Spot Recife, atuando somente dois anos no clube.

No Rio Grande do Sul defendeu o Guarany de Bagé e o Brasil de Pelotas. Neste clube jogou muita bola e até hoje é reverenciado pelos antigos torcedores xavantes. Foi a Santa Catarina e disputou um campeonato estadual pelo América de Joinville.

Já tinha 35 anos quando foi contratado pelo 14 de Julho de Passo Fundo. Disputou a fase regional da segunda divisão e marcava gols em quase todos os jogos. O clube chegou, em 1965, à primeira colocação, ao lado do Gaúcho, no término da competição. Então veio o "supercampeonato". Dois jogos, com mando de campo invertido. O primeiro jogo no Estádio Wolmar Salton o Gaúcho venceu. No segundo, no carcomido Estádio Celso Fiori, o 14 necessitava da vitória para ser designado um terceiro confronto, em campo neutro. O jogo se arrastava num zero a zero, quando foi marcado um pênalti em favor dos rubros. Naninho foi cobrar. Faço um parêntese para acrescentar que durante a semana surgiu um boato, bem dimensionado pela mídia, que Naninho faria corpo mole, pois estaria contratado pelo Gaúcho para a temporada seguinte. O craque desmentiu peremptoriamente. Voltamos ao pênalti. A bola na marca da cal e o goleiro Nadir debaixo das traves. Naninho, com sua experiência absoluta, estava tranquilo. O árbitro trila o apito e o “velho Nani”, vai para a bola. Toca sem força, mas colocado. Nadir para um lado e a bola para outro. Mas, os Deuses do Futebol são imprevisíveis. A bola, que tinha o endereço, vai rasteira, bate numa touceira que insistia em nascer naquele campo, e desvia, passando rente a trave, indo para fora. No final, o Gaúcho marcou seu gol e foi campeão regional.

Entrevistei numa determinada época alguns ex-jogadores do 14 de Julho, perguntando sobre Naninho. Eles foram unânimes e enfáticos. Um dos melhores seres humanos com quem conviveram. Ele era muito simples, humilde, mas malandro, contador de histórias, pois vivenciara muitas delas, e um grandioso jogador de futebol.

Terminada a temporada, Naninho não foi para o Gaúcho. Foi para o Glória de Carazinho. Lá, mesmo veterano e não sendo exatamente um atleta, continuou fazendo gols. Mas, deixou o Glória assim que o clube não tinha mais aspirações no campeonato.

Foi embora para Porto Alegre. Trabalhava em construções, como auxiliar de pedreiro. No dia de Natal de 1967, o automóvel em que estava de carona, se acidentou, capotou e o craque, que recém havia deixado os gramados, deixou a vida.

Naninho foi craque. Naninho está esquecido.

Honras

  • Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1965 14 de Julho 16 16 0 0
1965 Seleção dos Pretos 1 0 0 0
Total 17 16 0 0