Rádio Passo Fundo

De Futebol de Passo Fundo
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Rádio Passo Fundo
Informações
Nome completo Rádio Passo Fundo
Proprietário Emissoras Reunidas Rádio Cultura Ltda.
Atividade 1946-1999
Endereço Rua Coronel Chicuta, 441 (inicial)
Slogan Não disponível
Formato Comercial
Prefixo ZYF-5
Frequência 580 KHz
Potência 0,250 kW

Primeira emissora “oficial” da cidade e do norte do Rio Grande do Sul, a Rádio Passo Fundo, de prefixo ZYF-5, foi inaugurada no dia 19 de agosto de 1946 e funcionava na Rua Coronel Chicuta, 441. Operava na frequência de 580 KHz, com uma potência de 250 watts. Suas duas torres de madeira de 22 metros de altura, onde era instalada uma antena horizontal (dipolo de fio), ficava na Praça Marechal Floriano. A rádio pertencia às Emissoras Reunidas Rádio Cultura Ltda, de Arnaldo Ballvé, com sede em Porto Alegre. A Reunidas foi a maior rede radiofônica do Sul do país na época, com mais de uma dezena de emissoras. A principal era a de Caxias do Sul (central técnica da rede), além de Passo Fundo, Erechim, Cruz Alta, Carazinho, Alto Taquari de Estrela, Alegrete, Santa Cruz, Cachoeira, São Gabriel, Novo Hamburgo, São Leopoldo e Santo Ângelo).

O primeiro gerente da Rádio Passo Fundo, e que também era locutor e apresentador, foi Maurício Sirotsky Sobrinho, na época com 21 anos, que depois fundaria o Grupo RBS. A gerência comercial ficava a cargo de José Lamaison Porto (também responsável pela hora da “Ave Maria” e que seria eleito três vezes deputado estadual, além de ser secretário de Saúde do Rio Grande do Sul no governo de Leonel Brizola).

A primeira transmissão de futebol

Coube a Rádio Passo Fundo o pioneirismo de ser a primeira emissora a transmitir um jogo de futebol na cidade. No dia 15 de setembro de 1946, a rádio transmitiu do Estádio da Montanha, do Gaúcho, a partida em que o Independente venceu o 14 de Julho por 3 a 2 pelo Campeonato Citadino. A narração foi de Leonel Silveira. O primeiro gol foi do atacante Pregentino, do 14 de Julho.

Programação e anos dourados

Além de transmitir músicas, a Passo Fundo levou ao ar muitas novelas interpretadas pelo grupo de teatro Delorges Caminha (com a participação de Paulo Giongo, Pedro Alexandre e trupe). A programação noticiosa tinha "O Globo em Foco", criado por Sirotsky e Antônio Augusto Corrêa. Sirotsky ainda apresentava aos domingos à tarde o “Descobrindo Valores”. O programa transmitido do Círculo Operário, e mais tarde do Clube Juvenil, dava espaço a jovens da cidade que queriam mostrar seu talento como cantores ou imitadores.

Em 1955, assumia a gerência Gildo Flores, um dos mais famosos radialistas da história de Passo Fundo. No ano seguinte iria ao ar o “Clube do Titio”, apresentado por Flores e transmitido nas manhãs de domingo no auditório já na nova sede da rádio na Rua Moron, em frente à Praça Marechal Floriano. Além de apresentações artísticas, brincadeiras (e balas) divertiam as crianças no auditório e os ouvintes em suas casas. A escolha da rainha do Clube do Titio e sua coroação realizada no Cine Real logo se tornou um dos grandes acontecimentos da cidade. A primeira eleita foi Maria Augusta Klein, então com 4 anos de idade.

Artistas locais tinham muito espaço na programação, incluindo a dupla Orlando e Alfredinho (compositor dos hinos do 14 de Julho e do Gaúcho), a orquestra do famoso atacante (e saxofonista) Celio Barbosa e, ainda, a professora Mercedes Simon ao piano. Os programas de Antonio Augusto Meirelles Duarte e de Dino Rosa também foram campeões de audiência e deram oportunidade e espaço a uma infinidade de artistas.

A emissora ficou famosa também pelas promoções, pesquisas eleitorais e por participar de fatos históricos.

A Rádio Passo Fundo quase foi destruída em 1954, logo após o suicídio do presidente Getúlio Vargas, por um grupo exaltado que acusava a emissora de ser propriedade dos Diários e Emissoras Associados, do paraibano Assis Chateaubriand (que tinha uma conturbada relação com Vargas), enquanto na verdade ainda pertencia à gaúcha Reunidas.

Em 1963, a Rádio Passo Fundo seria a responsável por irradiar a visita do líder comunista Luiz Carlos Prestes, que acabou não ocorrendo devido a um grande tumulto próximo ao Altar da Pátria, onde o político faria um discurso.

No ano seguinte, a rádio se envolveria na “Operação Farroupilha”, quando o governador Ildo Meneghetti transferiu o poder executivo estadual de Porto Alegre para Passo Fundo devido ao golpe que encerrou o governo do presidente João Goulart. A decisão era para evitar choques com o movimento contra a deposição, iniciado por Leonel Brizola na capital do estado. Meneghetti instalou a sede no quartel da Brigada Militar, um lugar que oferecia segurança e conservava poder de fogo para combater qualquer manifestação ou movimento contrário ao governo colaboracionista aos militares em Brasília. A Rádio Passo Fundo foi levada para o quartel e passou a divulgar notas oficiais do governo gaúcho local. Suas notícias foram retransmitidas pelas demais emissoras da região, até a saída de Goulart e de Brizola do País.

No período da ditadura, as emissoras da rede tiveram comportamento muito discreto, apesar do registro de casos de censura. A Passo Fundo, que já tinha a concorrência da Rádio Municipal (inaugurada em 1954), teve o impacto em 1969 com a inauguração da Rádio Planalto, uma emissora de vanguarda. Em 1978, fechou a Municipal, cujo canal mais tarde seria dado à Uirapuru. Na década de 1980, a Passo Fundo reinou absoluta nas transmissões esportivas.

O fim

A rede já estava subdividida em novas razões sociais, a Passo Fundo, então, pertencia à Rádio Alto da Serra Ltda. Gradativamente, Ballvé foi vendendo algumas emissoras. A venda da Caxias para o Grupo Triches teve maior impacto. Finalmente, em 1989, descapitalizaram a Reunidas. O 11º andar do Edifício Planalto, onde funcionava a emissora, foi vendido. Valdir Sudbrack saiu da gerência. Então, a Passo Fundo passou por um revezamento de gerentes e trocas de endereços. Algumas emissoras, dentre elas Passo Fundo, Carazinho e Erechim, foram vendidas para o então deputado Nelson Proença, que montou a Rede Comunidade.

Anos depois, a Passo Fundo foi vendida para o jornal Diário da Manhã e trocou de nome. Recentemente, a frequência passou a ser utilizada por uma rádio evangélica.