Transmissões do futebol de Passo Fundo pelos jornais

De Futebol de Passo Fundo
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Jornal (padrões atuais)
Informações gerais
Criação 1605
Local Alemanha
O futebol no jornal
No mundo
Início da cobertura Não disponível
Jogo Não disponível
No Brasil
Início da cobertura c.1910, Fanfulla
Jogo Não disponível
Em Passo Fundo
Início da cobertura c.1913
Jogo Não disponível

O Relation aller Fürnemmen und gedenckwürdigen Historien, impresso a partir de 1605 por Johann Carolus na cidade alemã de Estrasburgo, é reconhecido como o primeiro jornal da história nos moldes das atuais publicações. Mas é difícil afirmar quando começaram a surgir os primeiros jornais. Na Roma Antiga, por exemplo, era produzida a Acta Diurna, um boletim de anúncios do governo.

Na China, circulavam entre oficiais da corte, durante o final da Dinastia Han (séculos 2 e 3 depois de Cristo), folhas de notícias do governo, chamadas “tipao”. Entre 713 e 734, o Kaiyuan Za Bao (Boletim da Corte) da Dinastia Tang chinesa também publicava notícias do governo; era escrito à mão em seda e lido pelos oficiais do governo.

Em 1556, o governo da República de Veneza publicava boletins mensais chamados “notizie scritte”, com notícias políticas, militares e econômicas, escritas à mão e vendidas nas cidades italianas.

A chegada do jornal ao Brasil

A história da imprensa no Brasil tem seu início em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao país, quando até então era proibida toda e qualquer atividade relacionada à publicação de jornais, livros ou panfletos. No dia 13 de maio, era fundada a Imprensa Régia (hoje Imprensa Nacional), onde se imprimiria o primeiro jornal brasileiro, a Gazeta do Rio de Janeiro, em 10 de setembro de 1808.

A história da imprensa no Rio Grande do Sul começa apenas 19 anos depois, com o Diário de Porto Alegre, primeiro jornal da província, que surgiu em 1827, apoiado pelo presidente da província brigadeiro Salvador José Maciel.

A chegada do jornal a Passo Fundo

A mídia impressa surgiria em Passo Fundo apenas em 1890. No dia 27 de abril, passava a circular o Echo da Verdade, pertencente ao Partido Republicano. Era semanal e tinha quatro páginas. A publicação encerrou em 1893. Até 1913, ano da fundação do União, primeiro clube de futebol da cidade, surgiriam ainda A Violeta (1891-1893), 17 de Junho (1892-?), O Gaúcho (1899-1901 e 1905-1920), O Palco (1899-1900), O Avança (1909-?), O Guizo (1911-?), O Progresso (1912-?), O Trabalho (1913-?) e O Popular (1913-?).

O início do jornalismo esportivo no mundo

As primeiras notícias esportivas aparecidas na imprensa se limitavam a resenhas de casos curiosos ainda no século 18. Afinal, eram poucos também os esportes regulamentados. Aos poucos, as notas sobre esportes foram se ampliando para artigos descritivos dos jogos e esportes mais praticados. Assim, nascia em Paris, em 1828, o primeiro jornal esportivo, Journals des Haras. Em 1852, na Inglaterra, cria-se o primeiro diário esportivo, Sportman. A Espanha não escapou à onda do esporte e, em 1856 publica a revista El Cazador.

Um dos feitos mais significativos que representam a importância do esporte foi a inclusão, em 1895, de páginas esportivas no The New York Journal. Como as vendas aumentaram significativamente, os concorrentes se viram obrigados a também publicar. Assim, as páginas internas começaram a ter espaço diário para o esporte. Em 1926, o The New York Times publicou na primeira página a fotografia do boxeador norte-americano Gene Tunney, campeão mundial dos pesos-pesados entre 1926-1928, sendo homenageado por torcedores que festejavam mais uma vitória.

O início do jornalismo esportivo no Brasil

O primeiro jornal dedicado aos esportes no Brasil teria sido O Atleta, fundado em 1856 no Rio de Janeiro. A publicação trazia na verdade dicas e aconselhamentos para aprimoramento físico. Em 1886, circularam em São Paulo o Sport e o Sportman, também trazendo “conceitos científicos sobre físico e mente”. Ainda, apareceriam em São Paulo o Platea Esportiva (1891), O Sport e a Gazeta Sportiva (1898), todos abordando modalidades como críquete, turfe e remo.

O esporte ganharia espaço pela primeira vez nos jornais “tradicionais” em 1910. Eram relatos de páginas inteiras dos jogos de times de futebol amador italiano no jornal Fanfulla, em São Paulo. Era um jornal voltado para a comunidade italiana na cidade

Em 1949, no Rio Grande do Sul, o Correio do Povo lança A Folha Esportiva, um matutino que durou até 1963.

O início do futebol no jornalismo gaúcho

Embora tenha o clube de futebol mais antigo do Brasil, o Rio Grande, fundado em 1900 em Rio Grande, é provável que a prática do esporte já tivesse sido publicada uma ou outra vez antes disso em algum jornal do litoral (possivelmente Rio Grande), destacando a curiosidade da “brincadeira” jogada pelos marinheiros de algum navio inglês que atracasse no porto da cidade. O mesmo pode ter acontecido em algum jornal da fronteira sul/oeste do estado, agora na influência uruguaia ou argentina.

Afinal, a segunda equipe gaúcha a ser fundada de dedicação integral ao futebol foi o Esporte Clube 14 de Julho, em Santana do Livramento, na fronteira com o Uruguai, em 3 de maio de 1902. O clube da fronteira foi o primeiro do futebol brasileiro a ser reconhecido como vitorioso em uma partida internacional, em 1906 contra o Rivera FC, e o primeiro a vencer um torneio internacional, a Copa de Plata La France, no Uruguai, em abril de 1909. E foi em Santana do Livramento o primeiro campeonato de futebol disputado no Rio Grande do Sul, em 1906. Já a primeira liga do estado foi formada em Pelotas, em 1907.

Em jornais da capital, Porto Alegre, sabe-se que as primeiras notas sobre futebol começaram a aparecer no Correio do Povo ainda em 1903, com a fundação (no mesmo dia) do Grêmio e do Fussball. As pequenas notícias eram produzidas por Archymedes Fortini, um argelino que chegou ao Brasil com dois anos de idade, em 1889. Em 1905, começou a trabalhar como servente no extinto Jornal do Comércio, onde aprendeu tipografia e começou a escrever a seção comercial com relação ao movimento do porto. Ainda no JC, enviava as notícias esportivas para o Correio.

O início do futebol no jornalismo passo-fundense

É impossível localizar qual foi a primeira notícia sobre esporte divulgada em um jornal de Passo Fundo. Mesmo sobre futebol, a tarefa é dificílima. Possivelmente, tenha sido alguma nota sobre a prática do esporte na cidade ou a fundação do União em 1913 e que tenha sido publicada em O Gaúcho. O futebol, ou algo parecido, já era praticado pelo menos desde 1906 pelos alunos do Colégio São Pedro, primeira incursão dos Maristas em Passo Fundo, na área onde hoje fica a Praça Tamandaré.

A informação mais antiga sobre um jogo de futebol envolvendo um time passo-fundense seria localizada no livro Tupan-cy-retan, publicado em 1934 pelo jornalista itaquiense Manoelito de Ornellas, fazendo referência a União 0-1 7 de Setembro de Tupanciretã, disputado no dia 19 de outubro de 1913 pelo Campeonato Regional no Ground do União.

Em 1917, foi noticiada a fundação do Serrano no A Voz da Serra e, em 1918, o mesmo jornal falava sobre a volta da prática do futebol em Passo Fundo, com a fundação de dois clubes (Gaúcho e Grêmio). Logo já eram publicados relatos e crônicas sobre os jogos, fazendo menção ao público de até 600 pessoas que assistia aos jogos ou à maneira como os torcedores se comportavam (especialmente as mulheres).

Da fundação do União em 1913 até 1925, quando surgiria O Nacional, principal jornal da história da cidade, se publicaram pelo menos outros 11 periódicos, com destaques para A Voz da Serra (que circulou por dois períodos: 1916-1921 e 1924-1925) e A Época (1921-1924). Outros sete circulariam esporadicamente até 1935, quando foi lançado o Diário da Manhã, que também tem participação fundamental no acompanhamento do jogo na cidade.

Assim mesmo, o futebol, ou mesmo o esporte, não tinha espaço fixo nas publicações. Não era raro aparecerem textos pedindo paciência aos leitores porque “por absoluta falta de espaço” a crônica de algum jogo só seria publicada numa próxima edição. Ou, simplesmente por falta de cronista ou interesse, se deixava o assunto de lado.

Os primeiros anos dourados e o declínio

A década de 1940 presenciou uma cobertura até então sem igual para o futebol nas páginas dos jornais locais. Tanto O Nacional quanto o Diário da Manhã dedicavam amplo espaço aos jogos e também ao dia a dia dos clubes. O surgimento da Liga Passo-Fundense de Futebol em 1940 também contribuiu. Além do noticiário, também era publicados os editais e atas das reuniões da Liga.

Esta cobertura continuou até o final da década de 1950. Os anos de 1958 e 1959, por exemplo, foram marcados por uma fase de declínio. As informações rarearam e muitas vezes eram incompletas, como anunciando a realização de uma partida mas não seu resultado.

Um novo fôlego nos anos 1960

Com a profissionalização de Gaúcho e 14 de Julho, e a boa campanha das equipes em competições estaduais, principalmente a partir de 1965, a cobertura ganhou um novo fôlego. Profissionais como Meirelles Duarte se dedicavam a produzir muito conteúdo e surgiram até cadernos exclusivos sobre futebol (e outros esportes) no jornal Diário da Manhã e publicações, como O Periquito (jornal interno do Gaúcho).

As conquistas estaduais da segunda divisão do Gaúcho (em 1966) e do 14 de Julho (em 1968) receberam a devida atenção e a presença dos grandes clubes em Passo Fundo, com a participação dos dois clubes locais na principal divisão do futebol estadual eram noticiadas todos os dias. Além disso, os colunistas garantiram seus espaços, diariamente ou semanalmente, com informações exclusivas ou comentários relacionados a jogadores, técnicos, dirigentes e desempenho das equipes.

A cobertura manteve seu formato pelas próximas décadas e o único diferencial até o início dos anos 2000 foi a publicação das primeiras fotos em cores dos jogos.

Os desafios do século 21

O novo século trouxe um grande desafio para as redações. A chegada da internet e a disseminação instantânea de informações passou a concorrer diretamente com a cobertura do futebol. Não que os efeitos tenham sido especificamente sobre o jornalismo esportivo. Todo o jornalismo precisou se reinventar para concorrer com a informação em tempo real.

Além disso, as equipes enxutas nas redações dos jornais e a chegada dos assessores de imprensa aos clubes acabaram criando os “textos padronizados”. Não importava qual jornal da cidade era lido, as notícias eram iguais. Por um lado, não era possível mais se dar ao luxo de manter profissionais específicos na editoria de esportes, muito menos acompanhando o dia a dia das equipes (que também passaram a atuar cada vez menos tempo em suas temporadas). Por outro, os textos já vinham prontos, enviados pelos assessores. Dificilmente as informações eram ampliadas e, assim, não fazia mais diferença qual jornal era lido.

Atualmente, numa sociedade de consumo que passou de instantânea para “instantânea e superficial”, não só não se encontra mais conteúdo exclusivo como a qualidade da informação caiu, passando aos requisitos mínimos de um texto que é considerado notícia (“o quê”, “quem”, “como”, “quando”, “por quê”, “com que efeito”), o que, na maioria das vezes, acaba se resumindo a poucas e pasteurizadas linhas.