Wolmar Salton (Wolmar Antonio Salton): mudanças entre as edições

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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Wolmar Antonio Salton''', também conhecido como '''Wolmar Salton''' (Bento Gonçalves-RS, 26 de abril de 1911 Passo Fundo, de novembro de 1984), foi ex-presidente do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} e é o segundo patrono do clube, emprestando seu nome aos estádios do clube inaugurados em 1957 e 2018.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
Nascido no dia 26 de abril de 1911 em Bento Gonçalves, quando criança Wolmar Salton jogava bola com dois tios que eram zagueiros no Esportivo. O menino Wolmar não perdia treino nem jogo do time e adorava os clássicos contra o Juvenil e o Juventude de Caxias do Sul. Em entrevista ao jornal {{Diário da Manhã}}, em 1968, Salton também lembrou de um jogador do Esportivo que depois reencontraria em Passo Fundo: “era o estudante e patrono do 14 de Julho, {{Celso Fiori (Celso da Cunha Fiori)}}, que morou durante um tempo em Bento Gonçalves”.


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Wolmar Salton conheceu o Gaúcho aos 13 anos de idade quando o pai, o industrial italiano João Antônio Salton, decidiu se mudar para Passo Fundo. Foi amor à primeira vista. Logo no primeiro domingo na cidade nova, o Gaúcho recebia o Ítalo-Brasileiro de Erechim. “Arrumei mil réis, o valor do ingresso de meia entrada na época e fui assistir ao jogo. Desde então comecei a torcer pelo Gaúcho”, revelou o patrono.


Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
Aqui, a família Salton abriu uma serraria e uma indústria de beneficiamento de madeira localizada onde hoje é a Vila Vergueiro. Como a {{Cancha do Gaúcho (1920)}} era na vizinhança, tudo ficava ainda mais fácil para o jovem Wolmar tornar-se um apaixonado pelo alviverde.


Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
Em 1938, fez parte da diretoria que reergueu o clube. Para ajudar, marcou o gramado do {{Estádio da Montanha}} com uma trena e fechou o campo com tábuas. Em 1943, Wolmar Salton era eleito presidente do Gaúcho. Aliás, foi a única vez, e por apenas um ano, que exerceu oficialmente o cargo (em 1938 assumiu depois do pedido de licença do então presidente {{Frederico Graeff Filho}}). Na inauguração do antigo {{Estádio Wolmar Salton (1957)}} no Boqueirão, em 1957, ficou sensibilizado com a falta de arquibancadas e decidiu doar a madeira necessária para a construção de um pavilhão para os torcedores.


Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
Com Wolmar Salton integrando a diretoria do Gaúcho, o clube viveu suas maiores conquistas. Foram campeonatos citadinos, regionais, copas estaduais e principalmente o título do Campeonato Gaúcho da 2ª Divisão de 1966. Mais vitórias significam mais torcedores. E era isso o que acontecia com o Gaúcho, que chegou a rivalizar com o Brasil de Pelotas como o clube de maior torcida no interior do Rio Grande do Sul. Ele também era um homem preocupado com o futuro do futebol do Gaúcho. Sempre lembrava da importância de se formar jogadores no próprio clube. A prova que ele tinha interesse pelas categorias de base era o incentivo dado aos filhos dos seus conhecidos a jogarem no clube.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
Wolmar Salton sabia que o futebol exercia um papel social importante na comunidade. Não só colaborava para organizar as disputas naturais como ainda melhorava o nível de debate na política. Pessoas de partidos e ideologias diferentes se uniam pelo clube. Ou seja, criava-se amizade com adversários. Um dos bons amigos de Salton era justamente Celso Fiori.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
A paixão pelo clube era tamanha e tão forte que nem mesmo um derrame cerebral foi capaz de silenciar o coração alviverde. A dificuldade para caminhar também não foi obstáculo. Entrava de carro no estádio e assistia aos jogos sentado no banco da frente do veículo, que ficava estacionado atrás de uma das goleiras. Os jogadores, ao entrar em campo ou ao comemorarem um gol, sabiam que não tinham apenas a torcida ao seu lado. Lá também estava Wolmar Salton.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
'''Vida pessoal'''


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Depois de concluir os estudos no {{Colégio Conceição (Colégio Marista Conceição)}}, Wolmar Salton cursou a Escola de Comércio em Santa Maria, na época a única instituição do tipo no Rio Grande do Sul. Com a experiência familiar e de quem aos 16 anos começou a trabalhar no setor madeireiro, foi presidente da Associação Comercial de Passo Fundo, um dos fundadores do Centro das Indústrias da Região do Planalto, integrante da diretoria do Sindicato do Comércio Madeireiro e presidente do Rotary Club de Passo Fundo.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Genro de Armando Araújo Annes, por três vezes prefeito de Passo Fundo, Salton entrou para a política em 1947, sendo eleito duas vezes vereador. No dia 15 de novembro de 1955 foi eleito prefeito. Em 7 de abril de 1971 recebeu o título de cidadão honorário de Passo Fundo. Novamente venceu as eleições para a prefeitura para o período de 1977 a 1981, mas por motivos de saúde não concluiu o mandato. Em 25 de agosto de 1982 receberia a maior honraria do município, a Medalha Grão Mérito Fagundes dos Reis.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
Casou-se em 1946 com Irma Helena Mader Annes, teve quatro filhos: Jorge Alberto, João Antônio, Carlos Armando e Maria Luiza.
 
Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
 
== A aventura na Argentina ==
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.
 
==== Os jogos: ====
'''NEWELL'S OLD BOYS 1-0 FERRO CARRIL OESTE'''
 
* '''Data:''' 24.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio El Coloso del Parque, Rosário (ARG); '''Árbitro:''' Brusca; '''Gol''': Ramírez 4 (1-0); '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair; De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra; '''Ferro Carril Oeste:''' O. Pérez; Vasallo e Sartirana; Allende, Collado e Siles; R. Pérez, Noguera, Vidal, Tartaglia e Aimonetti
 
'''LANÚS 2-0 NEWELL'S OLD BOYS'''
 
* '''Data''': 31.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio La Fortaleza, Lanús (ARG); '''Árbitro:''' Minutella; '''Gols:''' Garmendia 27 (1-0), Silva 44 (2-0); '''Lanús:''' Ovejero; Lorenzatto e Carnevale; Ostúa, Cornejo e E. Suárez; Minitti, Garmendia, Silva, De Mario e Basurte; '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair, De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra
 
== Carreira como jogador ==
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== Carreira como técnico ==
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[[Categoria:Imprensa]]


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