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(Criou página com '{| class="wikitable" style="float: right; margin-left: 20px; margin-top: -5px; width=100%" ! colspan="2" |Wilson Morais |- align="center" | colspan="2" |semmoldura |- ! colspan="2" |<small>Informações pessoais</small> |- |'''<small>Nome completo</small>''' |<small>Wilson Morais</small> |- |'''<small>Nascimento</small>''' |<small>12.01.1940</small> |- |'''<small>Local</small>''' |<small>Passo Fundo</small> |- |'''<small>Falecime...') |
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|<small>1963-1964 - Gaúcho</small><br><small>1967-1967 - Gaúcho</small> | |<small>1963-1964 - Gaúcho</small><br><small>1967-1967 - Gaúcho</small> | ||
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''' | '''Wilson Morais''' (Passo Fundo, 12 de janeiro de 1940 — Passo Fundo, dia e mês de falecimentos desconhecidos de 2019) foi um meia do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} famoso pela sua habilidade no pé esquerdo, por sua vida boêmia e pela facilidade de se meter em encrencas. | ||
== História == | == História == | ||
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | *''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | ||
Por volta de 1956 ou 1957, os torcedores do Gaúcho se deslocavam de várias partes da cidade, a pé, até o {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}, em dias úteis, para assistirem aos treinamentos do time. O time principal normalmente treinava contra os aspirantes, como eram chamados os reservas e os jogadores jovens. A curiosidade ficava por conta de Wilson Morais, “o filho do {{Vêncio (Genovêncio de Morais)}}”, antigo goleiro do clube, depois massagista. Wilson era um jovem alto, esguio, pernas compridas, dono de uma habilidade impressionante com o pé esquerdo. Jogava no meio de campo e dominava aquele setor. A bola em seus pés tornava-se pequena, diminuta, subserviente aos seus mandos e ele a mandava para onde queria, e ela, a bola, simplesmente obedecia. Wilson era o xodó nos treinamentos e a grande promessa para o time principal. | |||
Mas, Wilson era inquieto, temperamento difícil, e, desde cedo se dedicou à boemia e, consequentemente, às bebidas e às mulheres da noite. Os dirigentes do Gaúcho, e mesmo seu pai, tentavam domá-lo, mas esta tarefa era quase impossível. Wilson fazia o que lhe dava na “telha” e pronto. Era amador, e, assim, como jogador amador deixou o Gaúcho e foi jogar no modestíssimo Lutador de Estação Getúlio Vargas, que pagava-lhe uma pequena quantia por jogo que disputasse. | |||
Logo, chegou à idade para servir ao Exército Nacional e Wilson foi para Uruguaiana. Foi tocar o pé na bola numa brincadeira no quartel e um dos oficiais o levou para o Ferro Carril, um dos clubes de futebol da cidade. Wilson teve algumas punições por indisciplina no Exército, e, quando deu baixa, retornou a Passo Fundo e ao Gaúcho. Treinou e atuou algumas partidas no time de “baixo”, e outra vez deixou Passo Fundo. | |||
Convidado para jogar no Atlético de Joaçaba, não titubeou e aceitou o convite. Realizou partidas memoráveis nesse clube e sua fama de craque se espalhou. Ao mesmo tempo se espalhou a fama de encrenqueiro. Não ficava muito tempo num lugar, jogava muito, arrumava alguma confusão e ia embora. Passou pelo Flamengo de Curitibanos e, no começo dos anos de 1960, foi parar em Lages. Primeiramente vestiu a camisa vermelha do Internacional e depois a do rival Guarany. Ficou quase quatro anos nesses clubes. | |||
Em 1965, foi contratado pelo Internacional de Santa Maria, permanecendo também no ano seguinte. Foi personagem de um escândalo, que repercutiu nos jornais de todo o estado. Antes de um clássico Rio-Nal, Wilson foi procurado pelo atacante {{Montezzana (José de Borba Montezzano)}}, com quem havia jogado no Gaúcho, e que estava no Riograndense, para ele “fazer corpo mole” no clássico. Para tanto Wilson receberia 200 mil cruzeiros. Wilson comunicou a direção de seu clube, que, com a polícia, armou um flagrante. No final da história, Montezzana foi preso e Wilson jogou como nunca aquele clássico, que terminou empatado em 1 a 1. | |||
Dois anos depois Wilson mudou de lado e foi vestir a camisa do Riograndense, permanecendo no clube durante o ano de 1967. Certa feita o entrevistei, e foi uma das melhores entrevistas que fiz. Wilson contou quase tudo o que fez, e se arrependia de muitas coisas que não deveriam ter acontecido. Disse, por exemplo, que também antes de um Rio-Nal, já no vestiário, um dirigente interpelou o técnico, pedindo para que Wilson não jogasse. Obediente, o treinador o tirou do jogo e falou "que tal dirigente" não o queria naquela partida. Wilson foi à copa do estádio, encheu a cara e subiu até a tribuna onde estava o dirigente e deu-lhe uma surra de facão. Foi uma correria e a turma do “deixa disso” teve dificuldades imensas em conter o jogador enfurecido. | |||
Quando foi contratado pelo Internacional de Santa Maria, Wilson era uma das contratações mais relevantes. Afinal, o clube estava há quase uma década apenas “apanhando” de seu rival Riograndense. Junto com Wilson, foram contratados jogadores do quilate de Louro, lateral, ex-Internacional de Porto Alegre; Santo, zagueiro, ex-Grêmio; Gon, meia, vindo do Cachoeira; Jaburu, lateral, ex-Juventude de Caxias do Sul; {{Cavalheiro (José Antonio Cavalheiro)}}, goleiro, ex-Gaúcho e a grande revelação do futebol santa-mariense, o atacante Liminha, tirado justamente do rival. Os anos de 1965 e 1966 foram decisivos para alavancar o clube, que acabou como vice-campeão estadual da segunda divisão em 1968, conquistando o direito à elite do nosso futebol. | |||
No Riograndense atuou ao lado de Danúbio, zagueiro, ex-Internacional de Porto Alegre; Benedito, lateral, ex-Pelotas; além de André Heinz, lateral e Téio, ponteiro, pratas da casa, que se tornaram jogadores de renome, e Vilson Miranda, centroavante goleador, em sua época. | |||
Wilson Morais teve uma passagem breve, mas brilhante, no Floriano de Novo Hamburgo em 1966. O time formava com Petzhold, Airton, Bernardino, Trava e André; Wilson Morais e Xameguinha; Sapiranga, Miguel, Hélio Pires e Loivo. | |||
Outra passagem consagradora foi no famoso Metropol de Criciúma, o time dos carvoeiros, que teve a existência de apenas dez anos, mas foi várias vezes campeão catarinense, e realizou uma vitoriosa excursão à Europa. Wilson vestiu o imaculado uniforme branco em oito jogos. Mas poderiam ter sido muitos mais, não fossem as várias vezes em que se meteu em confusão em bares e na zona do meretrício, propiciando dores de cabeça aos dirigentes. | |||
Deixou o Metropol e seguiu para o Atlético Paranaense. Incomodou mais do que jogou, e, certo dia pegou um ônibus e foi para Montevidéu, para fazer testes no Peñarol. Na época, final dos anos de 1960, o Peñarol tinha um timaço. Wilson treinou e chegou a jogar partidas amistosas, mas foi dispensado, pois jamais chegou aos treinamentos no horário. A carreira já estava no limite e as forças também. O futebol no começo da década de 1970 estava cada vez mais profissional e não havia mais espaço para o jogador-problema. Não havia mais espaço para o romantismo no futebol. O último clube de Wilson Morais foi o Sadia, de Concórdia. Afinal, em Santa Catarina ele ainda tinha nome. Mas, tampouco no Sadia o craque conseguiu sobreviver. | |||
Acabou um futebol brilhante, de técnica refinada, dos longos e precisos lançamentos, dos passes milimétricos que deixavam os atacantes à feição para marcarem gols. Contam que, nos treinos do Gaúcho, Wilson mandava alguém colocar uma tampinha de garrafa a uma distância de 40 ou 50 metros de onde ele estava. Em meio à grama ninguém via a tampinha, mas Wilson jogava a bola exatamente em cima dela. Quando a bola batia a tampinha voava e todos que assistam ficavam boquiabertos. Este era o futebol que Wilson Morais não aproveitou. Aproveitou, sim, as noitadas, as bebedeiras e as lindas mulheres. | |||
Encontrava Wilson Morais de quando em quando caminhando, um pouco trôpego, pelas ruas da cidade. Estava com problemas de saúde, embora tivesse deixado de beber há algumas décadas. Morava sozinho e aposentado. Seu lazer era jogar cartas e conversar no Clube União Batutas. Poucos souberam o craque que foi e muitos não acreditavam no que ele contava. A única certeza é que Wilson Morais foi extraordinário dentro de campo, mas seu gênio irascível e indomável o traiu de forma inexorável. | |||
No final de sua vida, Wilson foi levado por amigos e vizinhos a morar no Asilo Lucas Araújo. Lá encontrou amigos, era bem tratado e estava feliz. Mas, depois de tantas farras e boemias, a conta veio e Wilson Morais deixou este terreno para o mundo espiritual. Foi em 2019. | |||
== Carreira como jogador == | == Carreira como jogador == | ||
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