Campeonato Brasileiro Série C
O Campeonato Brasileiro Série C, também conhecido como Brasileirão Série C, é uma competição equivalente à terceira divisão nacional promovida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A primeira edição do Brasileirão Série C foi organizada em 1981, com o nome de Taça de Bronze e o objetivo de manter em atividade no período do Campeonato Brasileiro as equipes que não haviam se classificado para as Taças de Ouro e de Prata (à época, primeira e segunda divisões, respectivamente). O torneio contaria com 24 participantes, um de cada estado do país com futebol profissional (à exceção de Rio de Janeiro e São Paulo, que colocariam duas equipes). Contudo, a federação paulista acabou por não enviar representantes.
O Olaria, do Rio de Janeiro, seria o primeiro campeão, garantindo o acesso para a Taça de Prata de 1982. Mas os cariocas acabaram perdendo a vaga por ter sido rebaixados no campeonato estadual. Alegando questões financeiras, a CBF anunciou, logo após o encerramento da primeira edição, que o torneio seria descontinuado. Depois de muitas idas e vindas, o Brasileirão Série C é disputado ininterruptamente, e com este caráter, apenas desde 2001.
Dois clubes de Passo Fundo já participaram da competição. O pioneiro foi o Passo Fundo, em 2001. A equipe não se classificou em campo, mas foi convidada pela Federação Gaúcha de Futebol a ocupar uma das vagas destinadas ao estado.
Em 2005, foi a vez da estreia do Gaúcho. O alviverde garantiu a vaga ao ser vice-campeão da Copa FGF de 2004, ao perder a decisão para o Esportivo, de Bento Gonçalves, que garantiu uma vaga para a Copa do Brasil.
Lista de campeões
Ed. | Ano | Campeão | Vice-campeão | Final |
---|---|---|---|---|
1ª | 1981 | Olaria (RJ) | Santo Amaro (PE) | 4-0, 0-1 |
2ª | 1988 | União São João (SP) | Esportivo de Passos (MG) | 1-1, 2-2 |
3ª | 1990 | Atlético Goianiense (GO) | América Mineiro (MG) | 0-0, 0-0 (3-2 pên.) |
4ª | 1992 | Tuna Luso (PA) | Fluminense de Feira (BA) | 2-0, 3-1 |
5ª | 1994 | Novorizontino (SP) | Ferroviária (SP) | 1-0, 5-0 |
6ª | 1995 | XV de Piracicaba (SP) | Volta Redonda (RJ) | 2-0, 1-0 |
7ª | 1996 | Vila Nova (GO) | Botafogo (SP) | 2-1, 1-0 |
8ª | 1997 | Sampaio Corrêa (MA) | Juventus (SP) | - |
9ª | 1998 | Avaí (SC) | São Caetano (SP) | - |
10ª | 1999 | Fluminense (RJ) | São Raimundo (AM) | - |
- | 2000 | Não disputado | ||
11ª | 2001 | Etti Jundiaí (SP) | Mogi Mirim (SP) | - |
12ª | 2002 | Brasiliense (DF) | Marília (SP) | - |
13ª | 2003 | Ituano (SP) | Santo André (SP) | - |
14ª | 2004 | União Barbarense (SP) | Gama (DF) | - |
15ª | 2005 | Remo (PA) | América de Natal (RN) | - |
16ª | 2006 | Criciúma (SC) | Vitória (BA) | - |
17ª | 2007 | Bragantino (SP) | Bahia (BA) | - |
18ª | 2008 | Atlético Goianiense (GO) | Guarani (SP) | - |
19ª | 2009 | América Mineiro (MG) | ASA (AL) | 3-1, 1-0 |
20ª | 2010 | ABC (RN) | Ituiutaba (MG) | 1-0, 0-0 |
21ª | 2011 | Joinville (SC) | CRB (AL) | 3-1, 4-0 |
22ª | 2012 | Oeste (SP) | Icasa (CE) | 0-0, 2-0 |
23ª | 2013 | Santa Cruz (PE) | Sampaio Corrêa (MA) | 0-0, 2-1 |
24ª | 2014 | Macaé (RJ) | Paysandu (PA) | 1-1, 3-3 |
25ª | 2015 | Vila Nova (GO) | Londrina (PR) | 0-1, 4-1 |
26ª | 2016 | Boa Esporte (MG) | Guarani (SP) | 1-1, 3-0 |
27ª | 2017 | CSA (AL) | Fortaleza (CE) | 2-1, 0-0 |
28ª | 2018 | Operário (PR) | Cuiabá (MT) | 3-3, 1-0 |
29ª | 2019 | Náutico (PE) | Sampaio Corrêa (MA) | 3-1, 2-2 |
30ª | 2020 | Vila Nova (GO) | Remo (PA) | 5-1, 3-2 |
31ª | 2021 | Ituano (SP) | Tombense (MG) | 1-1, 3-0 |
32ª | 2022 | Mirassol (SP) | ABC (RN) | 0-0, 2-0 |
33ª | 2023 | Amazonas (AM) | Brusque (SC) | 0-0, 1-2 |
*1988: O União São João venceu por marcar mais gols como visitante.
*2000: Foram disputados os módulos verde e branco da Copa João Havelange, mas estas competições não são reconhecidas como Série C pela CBF.
*2014: O Macaé venceu por marcar mais gols como visitante.
Os clubes de Passo Fundo no Campeonato Brasileiro Série C
Embora o 14 de Julho ainda estivesse em atividade quando a competição teve sua primeira edição, em 1981, apenas Passo Fundo e Gaúcho já representaram o futebol da cidade no Campeonato Brasileiro Série C. O alviverde tem um desempenho ligeiramente melhor, sendo o único a passar da primeira fase.
Ano | Participantes | Observação |
---|---|---|
2001 | Passo Fundo | Eliminado na Primeira Fase |
2005 | Gaúcho | Eliminado na Segunda Fase |
O Gaúcho no Campeonato Brasileiro Série C
O Gaúcho participou de uma edição do Campeonato Brasileiro Série C (2005) e tem como seu melhor resultado a 29ª colocação, quando chegou à segunda fase da competição.
2005 (1ª participação):
O Gaúcho se classificou para o Campeonato Brasileiro da Série C de 2005 por ser o vice-campeão da Copa FGF de 2004. O campeão, o Esportivo de Bento Gonçalves, levou como prêmio uma das vagas do Rio Grande do Sul na Copa do Brasil. Embora as chances de ser eliminado em apenas um jogo na Copa do Brasil fossem de quase 100%, a possibilidade de enfrentar um dos grandes do futebol brasileiro e fazer uma renda espetacular atraía bem mais que a deficitária terceira divisão nacional.
Na estreia no Campeonato Brasileiro da Série C, o Gaúcho venceu os catarinenses do Atlético de Ibirama no Estádio Wolmar Salton por 2 a 0. As equipes pouco arriscaram até os 30 minutos. Até que, após um escanteio, Sandro Paulista se antecipou à zaga e cabeceou sem chances para o goleiro Márcio. Com o gol, o Atlético partiu para cima do alviverde exigindo boas defesas do goleiro Fred, mas o primeiro tempo acabou 1 a 0 para o Gaúcho. A segunda etapa teve os catarinenses buscando o empate, mas parando sempre em Fred. Aproveitando os espaços na defesa do Atlético, o Gaúcho passou a jogar no contra-ataque. Depois de ótima jogada de Sandro Paulista, Rogério bateu forte e ampliou: 2 a 0. O Atlético abriu ainda mais espaços e o Gaúcho perdeu a chance de golear.
Depois de perder para o Glória em Vacaria pela segunda rodada (com direito a gol do artilheiro Felipe, ex-Passo Fundo), o Gaúcho voltava a jogar em seu reduto, agora contra os catarinenses do Marcílio Dias. O jogo marcou a estreia de Evandro Brito. E o atacante acabou sendo o herói alviverde ao marcar o gol da vitória.
O time do Boqueirão começou pressionando. Aos 14 minutos, João Pedro avançou pela direita e chutou na trave do goleiro Willian. Dois minutos depois, Douglas perdeu um gol sozinho na grande área ao chutar em cima do goleiro. No segundo tempo, o time catarinense começou assustando. Leandro, livre, chutou perto do gol de Fred. Aos 6 minutos, outro estreante, Daniel Bóia, acertou o travessão do Marcílio Dias. O Gaúcho seguia pressionando, mas sem sucesso. Aos 37 minutos, o lance decisivo da partida. Depois da cobrança de escanteio, Sandro Paulista cabeceou para trás e Evandro Brito, que havia entrado minutos antes, também de cabeça, não deu chances para William: Gaúcho 1 a 0. O alviverde ainda levou um susto aos 41 minutos, com uma arrancada de Vânderson que só não acabou em gol porque Carlão desviou para escanteio no momento em que o lateral iria concluir.
Já pelo returno, em Itajaí-SC, o Gaúcho perderia a chance de ser líder do grupo ao sofrer uma derrota pelo mesmo placar para o Marcílio Dias. Esse foi o primeiro jogo oficial do Gaúcho fora do Rio Grande do Sul. Na rodada seguinte, uma surpresa. A derrota por 1 a 0 para o Glória complicava as chances de classificação para a segunda fase. O resultado só não eliminou o time devido ao empate entre Marcílio Dias e Atlético de Ibirama. No primeiro tempo, o Gaúcho tentou atacar o Glória, mas o time de Vacaria suportou bem. Aos 17 minutos, o time celeste teve falta marcada pelo lado direito do ataque. Marcelo Müller levantou na área, Fred adiantado tentou espalmar e acabou colocando para dentro do gol. Um “frango” e Glória 1 a 0. Na segunda etapa, Celso Freitas tirou João Paulo e colocou Ornélio, que voltava de lesão. Logo depois, mais duas substituições. Edenilso no lugar de Joel Cavalo e Sertãozinho na vaga de Carlão. Não adiantou. O lance mais perigoso de ataque do Gaúcho foi uma cabeçada de um zagueiro do Glória que quase marcou contra ao desviar para escanteio.
Gaúcho e Atlético de Ibirama decidiriam quem passaria para a próxima fase na última rodada. Foi um jogo nervoso, brigado. Um gol de Rogério aos 39 minutos do segundo tempo garantiu a vitória alviverde sobre o Atlético, em Ibirama, e o resultado necessário para conquistar a vaga para a segunda fase. Já nos acréscimos, aos 47 minutos, os donos da casa ainda pararam na trave do gol defendido por Fred. O Gaúcho voltava classificado.
Começava o “mata-mata”. Em uma tarde de garoa e muito frio, Gaúcho e Novo Hamburgo fizeram uma partida muito disputada, mas sem grandes emoções. Devido às condições do gramado e à formação do Novo Hamburgo, com três zagueiros e dois volantes, o jogo no primeiro tempo foi muito mais disputado na força física do que na habilidade. No segundo tempo, Evandro Brito se envolveu no lance mais polêmico da partida. Depois de uma enfiada de bola de Rogério, o atacante invadiu a área do Novo Hamburgo e foi derrubado pelo zagueiro Sandro Blum, mas o árbitro Vinícius da Costa mandou o lance seguir, para o desespero dos poucos torcedores presentes. Sem organização, mas com muita raça, o Gaúcho continuou tentando fazer o gol da vitória e teve com Edenilso o lance de maior perigo em uma cobrança de falta no travessão do goleiro Luciano.
Ficaria tudo para o jogo da volta em Novo Hamburgo.
O Gaúcho precisava de uma vitória simples, ou de um empate com gols. O Novo Hamburgo pressionava desde os instantes iniciais e abriu o marcador aos 10 minutos com o meia Maiquel. Após o gol, o Gaúcho conseguiu equilibrar a partida e ainda criou duas boas oportunidades com os atacantes Sandro Paulista e João Pedro, que acabaram parando nas mãos do goleiro Luciano. No segundo tempo, o alviverde voltou disposto a buscar o empate, mas acabou sendo surpreendido logo aos 7 minutos, novamente com Maiquel, que recebeu dentro da área e tocou na saída de Fred, fazendo 2 a 0. Na busca do gol, o alviverde cedeu espaço e o Novo Hamburgo fez o terceiro, aos 17, com Rafael. O Gaúcho descontou aos 25 minutos, com Evandro Brito, que havia entrado no lugar de João Pedro. O time da casa ainda perdeu um pênalti cobrado por Preto e defendido pelo goleiro Fred. Chegava ao fim a aventura no Brasileirão.
O título ficaria com os paraenses do Remo, com o América de Natal, do Rio Grande do Norte, em segundo lugar. O Gaúcho terminaria numa honrosa 29ª posição entre 63 equipes.
O Passo Fundo no Campeonato Brasileiro Série C
O Passo Fundo participou de uma edição do Campeonato Brasileiro Série C (2001) e tem como seu melhor resultado a 51ª colocação, quando não conseguiu passar da primeira fase.
2001 (1ª participação):
O dia 9 de setembro de 2001 foi histórico para o futebol passo-fundense. A data marcava a primeira vez de um clube da cidade jogando uma competição nacional. A honra coube ao Passo Fundo, que aceitou o convite da Federação Gaúcha de Futebol para ocupar uma das vagas oferecidas pela CBF para o Rio Grande do Sul. O tricolor não jogava desde o dia 24 de fevereiro, quando encerrou sua participação no campeonato estadual em 11º lugar.
Em apenas uma semana, o Passo Fundo passou do planejamento para o Gauchão de 2002 para a disputa do Brasileirão Série C, apesar do orçamento limitado para a montagem do time. Desde o início, a classificação para a segunda fase da competição era considerada muito difícil. O grupo montado pela CBF era regionalizado, com outros três representantes do Rio Grande do Sul (Brasil, Pelotas e São José), dois de Santa Catarina (Marcílio Dias e Tubarão) e um do Paraná (Iraty).
A estreia do Passo Fundo no Brasileirão, contra o Marcílio Dias no Estádio Vermelhão da Serra, foi marcada por um incrível temporal de granizo que começou aos 32 minutos de jogo. O árbitro paranaense Sérgio Cristo interrompeu a partida enquanto os jogadores corriam para deixar o gramado e escapar das pedras de gelo. Depois de meia hora, Cristo resolveu continuar o jogo, em meio a um gramado impraticável. O resultado foi chutões de ambos os lados e um empate sem gols.
Depois de folgar na segunda rodada, o Passo Fundo foi ao Paraná e conseguiu um bom empate contra o Iraty. O primeiro gol do clube numa competição nacional foi marcado pelo volante Paulo Roberto. Aos 10 minutos, ele aproveitou um lançamento para a área e surpreendeu a zaga adversária. O Iraty chegou a virar o placar, mas Emanuel, num chute forte, não deu chance para a defesa do goleiro Cristiano, decretando o 2 a 2.
Na rodada seguinte, o melhor jogo do Passo Fundo no Brasileirão. O time não só manteve a invencibilidade como derrotou Brasil de Pelotas, líder do grupo. O resultado poderia ser diferente se não fosse a defesa de Sananduva no pênalti batido por Morais aos 27 minutos, quando o placar ainda estava zerado. Rodrigo Caetano, em outro pênalti, deu a vitória ao Passo Fundo. O segundo tempo foi dramático. O Brasil tinha mais posse de bola e a pressão só aumentou com a expulsão de Sander, aos 28 minutos. Sananduva, Roan, Serjão e Ezequiel foram fundamentais para garantir a primeira vitória.
Na quinta rodada, valendo a liderança do grupo, o time sentiu o desgaste. Derrota de 4 a 0 para o São José em Porto Alegre, com a zaga sofrendo dois gols em dois minutos. Depois, o Passo Fundo ficaria outros três jogos sem ganhar, incluindo nova derrota por 4 a 0, desta vez para o Marcílio Dias, em Itajaí-SC. Foi a pior apresentação tricolor. Com 15 minutos, o placar já apontava 3 a 0 para os donos da casa. A partir daí era tentar não tomar uma goleada histórica. Mas o time reagiu e até teve chance de diminuir o prejuízo. Aos 32 minutos do segundo tempo, Paulo Gaúcho cobrou um pênalti para fora.
Depois de seis jogos sem vencer, o tricolor reencontrava o caminho da vitória contra o São José. Já sem chances de classificação, o Passo Fundo jogou bem e venceu com tranquilidade por 2 a 0, devolvendo a derrota sofrida no primeiro turno. A esperança ainda era somar o maior número possível de pontos nos dois jogos restantes para garantir uma vaga na Série C do ano seguinte. Não deu. Foram apenas um empate contra o Pelotas e uma derrota na despedida, em casa, contra o Tubarão.
O campeão seria o Etti Jundiaí, de São Paulo, com o Mogi Mirim vice-campeão. Os dois paulistas subiram para a Série B nacional em 2002. Os dois classificados do Grupo J, Tubarão e Brasil de Pelotas, se saíram bem. Os catarinenses terminaram em sexto lugar, enquanto os gaúchos foram o 14º colocado.