O Nacional
O jornal O Nacional circulou pela primeira vez em 19 de junho de 1925, uma sexta-feira. Fundado pelo cruz-altense Theophilo Guimarães, tinha a direção de Herculano Araújo Annes e gerência de Hyran de Araújo Bastos e Americano de Araújo Bastos, substituídos em abril de 1929 por Gervasio Araújo Annes.
No início, o jornal era bissemanal, com impressão às quartas-feiras e sábados no formato tabloide (43 cm x 30,5 cm) e quatro páginas. Na capa, trazia desde a primeira edição o slogan de jornal "independente”. A redação e a gerência funcionavam na Livraria Nacional. Requintado, o logotipo do jornal foi desenhado pelo professor e artista Geolar Caminha e gravado em Porto Alegre, na clicheria da Editora Globo.
Em 15 de agosto de 1929, o jornal inaugurava sua sede própria na Avenida Sete de Setembro, onde funcionavam redação, gerência e oficinas. O prédio foi construído pelo empreiteiro João Langaro, sendo construtor técnico Eduardo Bonesio, ambos responsáveis pela construção do Hotel Avenida. Em 4 de abril de 1932, nova mudança de sede, agora para o número 662 da Avenida Brasil.
Durante sua história, O Nacional foi ainda semanal e trissemanal, até passar a ter circulação diária, que começou na edição de número 509, em 2 de janeiro de 1930, já no tradicional formato standard (46 cm x 33 cm). Em editorial, o jornal baseava a decisão de circular todos os dias no aumento da venda avulsa entre janeiro e dezembro de 1929, que havia quintuplicado ao final do ano, “numa eloquente manifestação de aceitação pública”.
Em julho de 1932, com o início da Revolução Constitucionalista em São Paulo-SP, imediatamente se estabeleceu a censura da imprensa. O Nacional passou a ser impresso em apenas duas páginas e chegou a suspender sua circulação por 16 dias.
Múcio e Tarso de Castro
Em 1940, O Nacional passaria pela sua grande mudança, quando foi adquirido pelo jornalista Predefinição:Múcio de Castro, nascido em Passo Fundo em 8 de maio de 1915, então com 25 anos de idade, e que trabalhava no jornal. A partir daí, ficaria impossível separar O Nacional de seu novo proprietário.
Múcio de Castro também teve uma vida de intensa atividade social. Entre suas ações, foi um dos idealizadores e o primeiro "patrão" do CTG Lalau Miranda; membro fundador do Instituto Histórico de Passo Fundo; apoiador da criação da Universidade de Passo Fundo e deputado estadual pelo PTB em 1954. Casado com Ada Maria Postal de Castro, teve seis filhos: Gilka, Tarso, Paulo, Múcio, Mara e Vera.
Tarso seguiu os passos do pai e se transformou em um dos grandes nomes do jornalismo brasileiro entre os anos 1960 e 1980, tendo criado o caderno "Folhetim" da Folha de S.Paulo e sido um dos fundadores do polêmico jornal O Pasquim no Rio de Janeiro em 1969.
O veterano jornalista morreria em casa no dia 31 de agosto de 1981, aos 66 anos, de mal súbito. Seu filho Múcio assumiria a direção e a presidência d’O Nacional em 1983. Múcio de Castro recebeu várias homenagens após sua morte. Desde 1982, dá nome a uma avenida no Loteamento César Santos. Também é o patrono da cadeira número 34 da Academia Passo-Fundense de Letras e tem um busto na Praça Marechal Floriano. Ainda, em 1990, o antigo prédio da Câmara Municipal passou a se chamar Teatro Municipal Múcio de Castro.
Atualmente
O jornal inauguraria seu site na internet no final de 1999. Em agosto de 2019, deixou de ser diário. Desde o início de abril de 2020, impactado pela crise econômica que se seguiu com a pandemia de covid-19, o jornal voltou a ser trissemanal (circulando às terças, quartas e sábados, na edição conjunta dos domingos). A redação e a administração funcionam na Rua Silva Jardim, no Bairro Annes.
O primeiro editorial
Esta é a íntegra do editorial publicado na primeira edição de O Nacional em 19 de junho de 1925:
“Editado em oficinas de vida comercial independente, gozando de mão de obra farta e material em boas condições, O Nacional aparece hoje, com esperanças de longa vida no seio da população passo-fundense.
Fundado em tais intenções, mister é que digamos algo sobre o seu feitio moral: é preciso saber com quem se vive. Todo o nosso programa se resume nas duas palavras do cabeço: Jornal independente. Independente é aquele que vive por si e se dirige por seu próprio arbítrio sem sugestões estranhas; independente é quem não se acha preso em liames de partidarismo, é quem não está chumbado aos elos de uma fé nem coagido pelas necessidades da vida, ao amém eterno da subalternidade.
Ser independente é ser livre.
O primeiro dever de quem é livre é respeitar a liberdade alheia. Quem quer ser livre deve ser honrado, deve ser justo, deve pôr-se acima dos pequeninos interesses que pululam no seio das coletividades em formação, mas também deve ser enérgico e irredutível no culto da verdade. Nem abusar nem temer.
Nós queremos ser livres.
Não significa isso que afastemos de nós assuntos escabrosos como o são geralmente os políticos, os administrativos e os religiosos. Não; de todos falaremos si mister e nisso está a principal vantagem de quem tem os movimentos soltos.
O que significa é que em nenhum assunto interesses secundários nos irão desviar da reta que traçamos. Não pregaremos crenças porque não somos religiosos; não empreenderemos propagandas políticas porque não somos políticos; mas chegaremos à política e chegaremos a qualquer ideias ou fato quando ele interessar de perto a vida comum.
Liberdade máxima dentro da máxima responsabilidade.
Eis o nosso lema.”