Felipão (Luiz Felipe Scolari)

De Futebol de Passo Fundo
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Felipão

🇧🇷 Seleção Brasileira
🏆Campeão da Copa do Mundo (2002)
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
🎖️Personalidade Passo-Fundense (2000)
🎖️ Medalha Grão Mérito Fagundes dos Reis (2002)
Informações pessoais
Nome completo Luiz Felipe Scolari
Nascimento 09.11.1948
Local Passo Fundo

Luiz Felipe Scolari, também conhecido como Felipão (Passo Fundo, 9 de novembro de 1948), é um ex-jogador que atuava como zagueiro e depois seguiu a carreira como técnico. Apesar de nascido em Passo Fundo, nunca jogou o treinou clubes da cidade. Também é o único passo-fundense campeão mundial pela Seleção Brasileira, comandando a conquista da Copa do Mundo de 2002 no Japão e na Coreia do Sul, e um dos treinadores mais bem sucedidos da história do futebol brasileiro, tendo vencido quase todos os grandes títulos possíveis a um técnico no país. É integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

Foi no bairro Boqueirão, onde chegou com a família aos 4 anos de idade, vindos do interior do município, que Luiz Felipe Scolari teve a infância e adolescência típica dos anos 1960 em Passo Fundo. Além dos estudos nos colégios Notre Dame, Instituto Educacional e Colégio Conceição, Luiz Felipe gostava de jogar bola e batalhava por um espaço nos times do Conceição e do F-8, a equipe de uma oficina de freios formada pela turma do Boqueirão. O F-8 fazia amistosos e chegava a se aventurar pelas cidades vizinhas.

Ainda adolescente, aos 16 anos, Luiz Felipe se mudaria com os pais Benjamin e Leda para Canoas, onde a família administraria um posto de combustível. Estava disposto a fazer história no futebol.

O início no Aimoré

Em 1967, aos 18 anos, Luiz Felipe daria início a sua carreira, embora não tivesse a total aprovação dos pais. No time do Aimoré de São Leopoldo não passava de um lateral-direito alto, decidido na marcação e esforçado. Assim mesmo, encontrou espaço na equipe comandada pelo lendário técnico Oswaldo Rolla, o Foguinho, que ao vê-lo nos testes disse: “esse moço me serve”. Assinou contrato recebendo um salário mínimo da época. O jovem trabalhava num escritório de contabilidade pela manhã, treinava à tarde e estudava à noite.

Sua estreia em campeonatos gaúchos foi em um domingo, 9 de julho de 1967, quando entrou no gramado do Estádio Cristo Rei para enfrentar o Grêmio do técnico Carlos Froner, que tinha Everaldo, Ari Hercílio, Áureo, Ortunho, Sérgio Lopes, Babá, João Severiano, Alcindo e Volmir. Os gremistas levaram a melhor por 1 a 0.

Contra o Gaúcho e o 14 de Julho em Passo Fundo

Ainda em 1967, Luiz Felipe voltaria a Passo Fundo. No Estádio Wolmar Salton, encararia o Gaúcho. Logo aos 3 minutos, o zagueiro Amâncio abriu o placar para o alviverde. Aos 9, Predefinição:Bebeto, que anos depois seria seu companheiro no Caxias, fazia o 2 a 0. Mas a goleada que se desenhava parou por aí. O meia Clairton diminuiu para o Aimoré ainda no primeiro tempo, dando números finais ao placar. Luiz Felipe jogaria 20 vezes no Campeonato Gaúcho de 1967, terminando na 11ª posição com o time de São Leopoldo.

No campeonato estadual do ano seguinte, Luiz Felipe entraria em campo por outras 13 vezes e conheceria sua primeira expulsão na competição, na derrota por 1 a 0 para o Internacional no Estádio dos Eucaliptos. Aos 30 minutos da etapa final, e depois de ser advertido várias vezes pelo árbitro José Cavalheiro do Morais por jogo violento, o zagueiro acabou expulso de campo depois de mais uma entrada "nada carinhosa" no ponteiro colorado Canhoto. Era o "estilo Felipão" vindo à tona?

Em 1969, outra vez Luiz Felipe voltava à terra natal. E para participar de um momento histórico: a inauguração do Estádio Vermelhão da Serra do 14 de Julho. A partida pelo Campeonato Gaúcho terminou com a vitória do time rubro por 2 a 0, mas o desempenho do lateral da equipe de São Leopoldo mereceu elogios da crônica do jornal Diário da Manhã, que foi escolhido como um dos "maiores valores" do Aimoré, ao lado do zagueiro Miguel, do meia João Carlos e do atacante Butiaco. Luiz Felipe participaria de 14 jogos pelo Aimoré no Gauchão de 1969, que terminou outra vez em 11º lugar na classificação. Não fez gol, mas também não foi expulso. E ainda colecionou duas vitórias sobre o Grêmio.

Enquanto isso, Luiz Felipe seguia uma jornada tripla. Pela manhã, dava aulas na Escola A. J. Renner, também conhecida como Escola Industrial, em Montenegro, a 50 quilômetros de Canoas. À tarde, treinava no Aimoré em São Leopoldo, a 20 km de casa. À noite, cursava Educação Física no Instituto Porto Alegre (IPA). Os deslocamentos eram feitos sempre no seu famoso Fusca vermelho.

No Caxias, a projeção nacional

Em 1973, Luiz Felipe era transferido para a Associação Caxias, o novo time de Caxias do Sul nascido da fusão Juventude e Flamengo (posteriormente, o Juventude desfez a sociedade e o Flamengo passou a se chamar Caxias em dezembro de 1975). Era seu terceiro time na carreira, depois de uma rápida passagem pelo Guarani de Garibaldi.

A ida para Caxias do Sul foi curiosa e, segundo o próprio jogador, “inédita na história do futebol”. A equipe da serra tinha a intenção de contratar apenas o centromédio Maurício. O jogador pediu que Luiz Felipe, já professor e universitário, o ajudasse na negociação como seu procurador. O zagueiro acabou impressionando a direção caxiense e também conseguiu um contrato. Maurício ficaria seis meses na serra. Luiz Felipe, sete anos.

Ainda em 1973, Luiz Felipe se casava com seu primeiro amor, Olga, que conheceu aos 16 anos em Canoas. Aliás, cursar Educação Física (se formou em 1974) foi uma condição do pai da namorada para continuar a relação. Também por causa do pai, Olga cursou faculdade e foi professora de História Natural por muitos anos.

Em Caxias do Sul, Luiz Felipe também aulas no Colégio Estadual Cristóvão de Mendoza. Mas logo as aulas foram sendo trocadas definitivamente pela bola. Então, segundo a lenda, em um dos jogos do time grená no recém-inaugurado Estádio Centenário, seus alunos que iam acompanhá-lo nos jogos o batizaram "Felipão".

Era a época dourada do Caxias. O time grená foi o primeiro clube do interior do Rio Grande do Sul a disputar o Campeonato Brasileiro, o que ocorreu em 1976. A melhor campanha foi o décimo lugar no Campeonato Brasileiro de 1978, competição disputada por 78 clubes.

Foi neste ano que talvez Felipão tenha feito a melhor partida de sua carreira. Em pleno Maracanã, o Caxias encarou o Flamengo de Junior, Adilio, Carpegiani e Zico, que precisava vencer para avançar no campeonato nacional. O Caxias, que ainda tinha o goleiro Bagatini, o zagueiro Cedenir e o meia Luiz Freire, saiu na frente com um gol do artilheiro Bebeto. Zico empatou. Mas parou por aí. Parou em Felipão.

Ainda em 1978, Felipão chegava a indicar meninos para testes no Caxias. Nos jogos entre escolas da cidade, ele tinha observado um meia habilidoso, bom de passe. Um dia, por acaso, passou em uma concessionária de automóveis e viu o garoto trabalhando como office-boy. Sugeriu que ele fosse até o clube e tentasse a sorte. O menino se chamava Adenor Bacchi, e hoje é conhecido como Tite, que teve um certo destaque como jogador mas que se consagraria como técnico de futebol, inclusive comandando a Seleção Brasileira em duas Copas do Mundo, igual a seu descobridor.

Foram mais de 300 jogos de Felipão pelo Caxias, mas apenas 2 gols.

Nasce um dos melhores técnicos do mundo

Felipão mudaria de cidade, indo para o Novo Hamburgo onde jogou o campeonato nacional no primeiro semestre, mas ficaria por apenas seis meses por ser considerado “ultrapassado e velho”. Em algo raro na época, comprou seu passe e voltou para a serra, agora no arquirrival Juventude. E aí saiu do futebol gaúcho. Foi parar em Alagoas, no CSA, último clube da carreira, em 1981. Com o amigo Valmir Louruz como treinador, teve sua única conquista, o campeonato alagoano.

No ano seguinte, começaria sua nova fase, a de treinador. E foi no próprio CSA, substituindo Louruz, que adoeceu e lhe cedeu a vaga. Faturou novamente o título estadual, agora da casamata.

Ganharia a primeira grande projeção com o Grêmio, onde foi campeão gaúcho em 1987. Em 1991, seria conhecido em todo o país ao levar o Criciúma ao título da Copa do Brasil.

Sairia da equipe catarinense para uma nova aventura pelo Oriente Médio, entre 1991 e 1993. E aí voltaria ao Grêmio para ser conhecido definitivamente em todo o mundo. Venceu a Copa do Brasil de 1994, a Copa Libertadores da América de 1995, foi vice do Mundial de Clubes no mesmo ano, e levantou a taça do Campeonato Brasileiro de 1996.

Seguiria empilhando títulos, inclusive continentais, pelo Palmeiras e Cruzeiro, até assumir a Seleção Brasileira em 2001 que, na época, estava ameaçada de não se classificar para a Copa do Mundo do ano seguinte.

O penta mundial e a experiência internacional

Felipão assumiu uma equipe desacreditada pela imprensa e pela torcida. Ainda foi muito criticado em não convocar o atacante Romário, maior nome na conquista da Copa do Mundo de 1994. O treinador calou a todos com uma campanha perfeita no mundial, com sete vitórias, num time baseado no talento de Ronaldo e Rivaldo.

Deixaria a Seleção Brasileira ainda em 2002 e assumiria no ano seguinte a Seleção Portuguesa. Levou a equipe à final da Eurocopa de 2004, sendo derrotada pela Grécia em pleno Estádio da Luz, em Lisboa. Dois anos seguinte, colocou Portugal entre os quatro melhores na Copa do Mundo na Alemanha. Felipão é considerado um dos responsáveis pela ascensão da carreira de Cristiano Ronaldo, com quem mantém grande amizade.

O treinador deixaria a seleção depois da eliminação na Eurocopa de 2008 para realizar outro sonho, dirigir um dos grande times europeus. Assumiu o Chelsea no mesmo ano, mas acabou sendo demitido pelo time inglês menos de um ano depois. Muitos consideram o desempenho ruim do treinador na Inglaterra como culpa de boicotes da diretoria e de parte do grupo de jogadores.

A próxima parada então foi o Uzbequistão, para treinar o Bunyodkor. Foi campeão nacional invicto, com uma incrível sequência de 23 vitórias consecutivas.

A volta ao Brasil e a Copa de 2014

Felipão retornou ao Brasil para comandar o Palmeiras em 2010, ajudando o clube paulista a conquistar a Copa do Brasil de 2012 de forma invicta, interrompendo um jejum de doze anos sem títulos nacionais da equipe.

Em 28 de novembro de 2012, foi confirmado o seu retorno à Seleção Brasileira, com o auxilio de Carlos Alberto Parreira, o treinador do tetracampeonato mundial. No ano seguinte, venceu a Copa das Confederações, competição que servia de ensaio para a Copa do Mundo a ser disputada no Brasil em 2014.

Na Copa do Mundo de 2014, levou o Brasil até as semifinais (depois de um sufoco contra o Chile nas oitavas-de-final, que só foi superado nos pênaltis). Até que chegou a semifinal com a Alemanha e a inesquecível derrota por 7 a 1. Felipão assumiu a culpa pela derrota, pediu desculpas à torcida e disse que este foi o pior dia da vida dele.

Na China, o renascimento

Menos de um mês depois da Copa do Mundo, voltaria ao Grêmio, para deixar o comando tricolor em maio de 2015. Dali rumou para a China. No Guangzhou Evergrande ganhou o título do Campeonato Chinês, foi escolhido o técnico do ano na China, e também foi campeão da Liga dos Campeões da Ásia. No Mundial de Clubes, levou a equipe à inédita quarta colocação. Renascido, informou que não renovaria seu contrato e que voltaria ao Brasil.

De volta ao Brasil

Em sua terceira passagem pelo Palmeiras, venceu o Campeonato Brasileiro de 2018. No Cruzeiro, ajudou a evitar a queda do clube para a Série C da competição nacional e, em julho de 2021, acertava sua quarta passagem pelo Grêmio, que deixaria em novembro, depois de uma má campanha no Brasileiro. Em maio de 2022, foi anunciado que exerceria a função de diretor técnico e treinador do Athletico Paranaense. Levou a equipe a Final da Libertadores da América de 2022, derrotando nas semis o então bicampeão da competição, Palmeiras, e perdendo a final por 1 a 0 para o Flamengo, jogando com um a menos boa parte da partida. Em 13 de novembro de 2022, Felipão deixou o cargo de treinador do Athletico e anunciou aposentadoria, assumindo o cargo de diretor técnico. Voltaria a campo em junho de 2023, agora no Atlético Mineiro, onde ficou até março de 2024.

Reconhecimentos em Passo Fundo

Felipão já recebeu duas distinções da prefeitura de Passo Fundo. Em agosto 2000, foi declarado, ao lado de outras 14 pessoas, Personalidade Passo-Fundense durante as comemorações dos 143 anos do município, por "destacar o nome de Passo Fundo, no Brasil e internacionalmente".

Em julho de 2002, foi a vez da Medalha Grão Mérito Fagundes dos Reis, maior condecoração do município, pela "brilhante conquista do pentacampeonato mundial de futebol para o Brasil, pelo desempenho de um trabalho digno de herói, empreendendo na Seleção um espírito de união, amizade e companheirismo" e porque o técnico da Seleção Brasileira de Futebol era passo-fundense, e como tal, "projetou o nome da nossa cidade a nível nacional e mundial". A medalha foi entregue durante cerimônia no Estádio Wolmar Salton, simbolicamente, onde tudo começou, no bairro Boqueirão.

Honras

  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Gaúcho 27 6 0 0
1965 Seleção dos Pretos 1 0 0 0
1966 Gaúcho 6 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
1967 Gaúcho 15 1 0 0
Total 49 8 0 0

Carreira como técnico

Ano Equipe J V E D A
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
1976 Gaúcho 29 10 10 9 52%
Total 29 10 10 9 52%