Prinche (Credomiro Machado): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
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|<small>Gaúcho</small>
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|'''<small>Entidades</small>'''
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Credomiro Machado''', também conhecido como '''Prinche''' (Passo Fundo, 12 de janeiro de 1922 Passo Fundo, 11 de junho de 2007), foi um centromédio que começou no {{Rio Grandense (Rio Grandense Foot Ball Club)}}, mas fez carreira no {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} e no {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}. Ficou famoso pela sua categoria, e, principalmente, pela sua violência dentro de campo.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Prinche nasceu em Passo Fundo, em 12 de janeiro de 1922. Seu nome era Credomiro Machado, mas, além de Prinche, ficou conhecido como Clodomiro Machado. Alto, forte, negro, nasceu sob o signo da bola. E, ela (a bola) foi apresentada a Prinche quando ele ainda era criança e ganhou o apelido, pois dizia ser “preto como um ‘prinche’” em vez de “piche”.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
 
Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Ele contava esta história do apelido e dava gostosas gargalhadas. Começou jogando na várzea e depois no Rio Grandense. Aos 20 anos de idade tinha ficha assinada com o Sport Club Gaúcho. Prinche tinha imensa técnica. Dominava o meio de campo como poucos. Tratava a bola com carinho. Sabia driblar, seu passe era preciso. Se posicionava muito bem. Embora fosse um jogador clássico, corria pouco. Estava sempre no atalho. Alimentava seu ataque com a precisão de um artesão. Enfim, Prinche era um craque em sua época.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Mas, Prinche tinha o lado mau. Não perdia a viagem, batia nos adversários aproveitando seu corpanzil, era viril, violento, briguento, seguidamente arrumava uma confusão no campo. São inúmeras as histórias da violência de Prinche. Ele mesmo gostava de contá-las.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Vamos ao lado do belíssimo futebol de Prinche e sua carreira. Saiu do Gaúcho e foi jogar no Tabajara, de Getúlio Vargas. Depois, no 14 de Julho de Passo Fundo. Foi campeão regional, em 1947. Jogou no Guarany de Cruz Alta, Riograndense de Santa Maria, Grêmio Esportivo Pedro Osório, de Tupanciretã, Internacional de Santa Maria, Grêmio Santanense, Grêmio Bagé (fez parte do time chamado de “Milionários”, em razão dos vários jogadores uruguaios que faziam parte do elenco), Internacional de Porto Alegre, no tempo do “Rolo Compressor”, mas sua participação se deu mais tempo em jogos dos aspirantes, e, finalmente retornou ao Gaúcho ajudando o clube a reconquistar o campeonato citadino. Em todos esses clubes Prinche foi titular e, algumas vezes, campeão da cidade.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Prinche tinha muito orgulho de sua carreira, especialmente sua passagem pelo Grêmio Bagé e Internacional de Porto Alegre. Certo dia, realizando minhas pesquisas, localizei um documento de transferência de Prinche do 14 de Julho para o Internacional. Tirei uma cópia e levei a ele. Ficou muito feliz e mandou emoldurar o documento. Lamentava não ter fotos no Internacional.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
'''O lado violento'''


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Tinha também o lado violento. E, algumas histórias me foram contadas e elas resumem bem como Prinche era dentro de campo, além de sua classe com a bola. José Ernani Garcez Ferreira, o {{Nando (José Ernani Garcez Ferreira)}}, era lateral-direito do time juvenil do Gaúcho em 1961. Num treinamento, estava no time titular. Prinche dominou a bola, olhou para Nando e tocou-lhe curta. A bola ficou entre Nando e o adversário. Nando, mais ágil, chegou um segundo na frente e conseguiu tirar o marcador da jogava e tocou de volta a Prinche. Este deu um bico na bola mandando-a para fora e, de dedo em riste, com o rosto crispado de raiva, dirigiu-se a Nando e disse: “Piá de merda. Eu dei dividida para ti quebrar a perna dele. Por que tu não quebrou?”


== A aventura na Argentina ==
Em 1955, Prinche estava no 14 de Julho. Houve um jogo amistoso entre um selecionado da cidade contra o Olaria, do Rio de Janeiro. No clube carioca, um jogador chamava a atenção. Chamava-se Olavo, jogava como centromédio, assim como Prinche, e era tido e havido como o jogador mais violento do futebol brasileiro. Tanto que a Federação Carioca o baniu das atividades esportivas. Cada domingo tinha um jogador de perna quebrada. Pois no {{Estádio Celso Fiori}}, à noite, com uma iluminação paupérrima, Olavo deparou-se com Prinche na sua frente. Sabedor da fama de Olavo, na primeira disputa de bola Prinche o jogou no alambrado. Olavo se lesionou, mas voltou a campo, com um olhar que acabaria com Prinche. Ao se depararem no meio de campo, Prinche foi mais ágil e mais uma vez Olavo estava caído próximo ao alambrado. E, não retornou mais ao campo. Prinche também se orgulhava disso e soltava sua sonora gargalhada.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


==== Os jogos: ====
Essa era narrada pelo advogado Dr. Alberi Ribeiro. {{Alberi (Alberi Falkembach Ribeiro)}} jogava no Gaúcho. Era bom de bola, ágil, driblador, mas muito franzino. Num jogo contra o Atlântico, Alberi foi “caçado” o tempo todo pelo jogador Dirceu, apelidado de “Burro Branco”, que também batia com muita vontade. Alberi apanhou tanto que pediu para deixar o campo. Prinche chegou ao seu ouvido e disse: “Vai lá guri. Dê uma no meio do Burro Branco. O resto deixa comigo.” Cheio de coragem, Alberi acertou o baixo ventre de Burro Branco, que urrava de dor e de raiva. Recuperado, só tinha olhos para Alberi. Escondido atrás de Prinche, Alberi pediu a ele para segurar o adversário. Prinche olhou para Alberi e soltou essa: “Te vira guri. Tu que deu nele, te aguenta.” Alberi não teve alternativa, correu para o vestiário com Burro Branco atrás. Apenas os dirigentes e os brigadianos para segurarem Burro Branco.
'''NEWELL'S OLD BOYS 1-0 FERRO CARRIL OESTE'''


* '''Data:''' 24.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio El Coloso del Parque, Rosário (ARG); '''Árbitro:''' Brusca; '''Gol''': Ramírez 4 (1-0); '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair; De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra; '''Ferro Carril Oeste:''' O. Pérez; Vasallo e Sartirana; Allende, Collado e Siles; R. Pérez, Noguera, Vidal, Tartaglia e Aimonetti
Esse era Prinche. Passou a ser funcionário municipal e nas horas de folga batia sua bolinha com os veteranos, que se cuidavam, senão o bicho pegava. Até nas brincadeiras Prinche batia. Aposentou-se na Prefeitura Municipal e veio a falecer no dia 11 de junho de 2007.


'''LANÚS 2-0 NEWELL'S OLD BOYS'''
== Honras ==


* '''Data''': 31.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio La Fortaleza, Lanús (ARG); '''Árbitro:''' Minutella; '''Gols:''' Garmendia 27 (1-0), Silva 44 (2-0); '''Lanús:''' Ovejero; Lorenzatto e Carnevale; Ostúa, Cornejo e E. Suárez; Minitti, Garmendia, Silva, De Mario e Basurte; '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair, De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo


== Carreira como jogador ==
== Carreira como jogador ==
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== Carreira como técnico ==
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[[Categoria:Personagens]]
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Edição das 19h52min de 7 de julho de 2024

Prinche
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Credomiro Machado
Nascimento 12.01.1922
Local Passo Fundo
Falecimento 11.06.2007, aos 85 anos
Local Passo Fundo
Ocupação Músico
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Centromédio
Equipes 1940-1940 - Rio Grandense
1940-1941 - Gaúcho
1942-1942 - 14 de Julho
1944-1945 - Gaúcho
1946-1947 - 14 de Julho
1950-1950 - 14 de Julho
1953-1953 - 14 de Julho
1959-1961 - Gaúcho

Credomiro Machado, também conhecido como Prinche (Passo Fundo, 12 de janeiro de 1922 — Passo Fundo, 11 de junho de 2007), foi um centromédio que começou no Rio Grandense, mas fez carreira no Gaúcho e no 14 de Julho. Ficou famoso pela sua categoria, e, principalmente, pela sua violência dentro de campo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Prinche nasceu em Passo Fundo, em 12 de janeiro de 1922. Seu nome era Credomiro Machado, mas, além de Prinche, ficou conhecido como Clodomiro Machado. Alto, forte, negro, nasceu sob o signo da bola. E, ela (a bola) foi apresentada a Prinche quando ele ainda era criança e ganhou o apelido, pois dizia ser “preto como um ‘prinche’” em vez de “piche”.

Ele contava esta história do apelido e dava gostosas gargalhadas. Começou jogando na várzea e depois no Rio Grandense. Aos 20 anos de idade tinha ficha assinada com o Sport Club Gaúcho. Prinche tinha imensa técnica. Dominava o meio de campo como poucos. Tratava a bola com carinho. Sabia driblar, seu passe era preciso. Se posicionava muito bem. Embora fosse um jogador clássico, corria pouco. Estava sempre no atalho. Alimentava seu ataque com a precisão de um artesão. Enfim, Prinche era um craque em sua época.

Mas, Prinche tinha o lado mau. Não perdia a viagem, batia nos adversários aproveitando seu corpanzil, era viril, violento, briguento, seguidamente arrumava uma confusão no campo. São inúmeras as histórias da violência de Prinche. Ele mesmo gostava de contá-las.

Vamos ao lado do belíssimo futebol de Prinche e sua carreira. Saiu do Gaúcho e foi jogar no Tabajara, de Getúlio Vargas. Depois, no 14 de Julho de Passo Fundo. Foi campeão regional, em 1947. Jogou no Guarany de Cruz Alta, Riograndense de Santa Maria, Grêmio Esportivo Pedro Osório, de Tupanciretã, Internacional de Santa Maria, Grêmio Santanense, Grêmio Bagé (fez parte do time chamado de “Milionários”, em razão dos vários jogadores uruguaios que faziam parte do elenco), Internacional de Porto Alegre, no tempo do “Rolo Compressor”, mas sua participação se deu mais tempo em jogos dos aspirantes, e, finalmente retornou ao Gaúcho ajudando o clube a reconquistar o campeonato citadino. Em todos esses clubes Prinche foi titular e, algumas vezes, campeão da cidade.

Prinche tinha muito orgulho de sua carreira, especialmente sua passagem pelo Grêmio Bagé e Internacional de Porto Alegre. Certo dia, realizando minhas pesquisas, localizei um documento de transferência de Prinche do 14 de Julho para o Internacional. Tirei uma cópia e levei a ele. Ficou muito feliz e mandou emoldurar o documento. Lamentava não ter fotos no Internacional.

O lado violento

Tinha também o lado violento. E, algumas histórias me foram contadas e elas resumem bem como Prinche era dentro de campo, além de sua classe com a bola. José Ernani Garcez Ferreira, o Nando, era lateral-direito do time juvenil do Gaúcho em 1961. Num treinamento, estava no time titular. Prinche dominou a bola, olhou para Nando e tocou-lhe curta. A bola ficou entre Nando e o adversário. Nando, mais ágil, chegou um segundo na frente e conseguiu tirar o marcador da jogava e tocou de volta a Prinche. Este deu um bico na bola mandando-a para fora e, de dedo em riste, com o rosto crispado de raiva, dirigiu-se a Nando e disse: “Piá de merda. Eu dei dividida para ti quebrar a perna dele. Por que tu não quebrou?”

Em 1955, Prinche estava no 14 de Julho. Houve um jogo amistoso entre um selecionado da cidade contra o Olaria, do Rio de Janeiro. No clube carioca, um jogador chamava a atenção. Chamava-se Olavo, jogava como centromédio, assim como Prinche, e era tido e havido como o jogador mais violento do futebol brasileiro. Tanto que a Federação Carioca o baniu das atividades esportivas. Cada domingo tinha um jogador de perna quebrada. Pois no Estádio Celso Fiori, à noite, com uma iluminação paupérrima, Olavo deparou-se com Prinche na sua frente. Sabedor da fama de Olavo, na primeira disputa de bola Prinche o jogou no alambrado. Olavo se lesionou, mas voltou a campo, com um olhar que acabaria com Prinche. Ao se depararem no meio de campo, Prinche foi mais ágil e mais uma vez Olavo estava caído próximo ao alambrado. E, não retornou mais ao campo. Prinche também se orgulhava disso e soltava sua sonora gargalhada.

Essa era narrada pelo advogado Dr. Alberi Ribeiro. Alberi jogava no Gaúcho. Era bom de bola, ágil, driblador, mas muito franzino. Num jogo contra o Atlântico, Alberi foi “caçado” o tempo todo pelo jogador Dirceu, apelidado de “Burro Branco”, que também batia com muita vontade. Alberi apanhou tanto que pediu para deixar o campo. Prinche chegou ao seu ouvido e disse: “Vai lá guri. Dê uma no meio do Burro Branco. O resto deixa comigo.” Cheio de coragem, Alberi acertou o baixo ventre de Burro Branco, que urrava de dor e de raiva. Recuperado, só tinha olhos para Alberi. Escondido atrás de Prinche, Alberi pediu a ele para segurar o adversário. Prinche olhou para Alberi e soltou essa: “Te vira guri. Tu que deu nele, te aguenta.” Alberi não teve alternativa, correu para o vestiário com Burro Branco atrás. Apenas os dirigentes e os brigadianos para segurarem Burro Branco.

Esse era Prinche. Passou a ser funcionário municipal e nas horas de folga batia sua bolinha com os veteranos, que se cuidavam, senão o bicho pegava. Até nas brincadeiras Prinche batia. Aposentou-se na Prefeitura Municipal e veio a falecer no dia 11 de junho de 2007.

Honras

  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1940 Rio Grandense ND ND ND ND
1940 Gaúcho 1 0 0 0
1941 Gaúcho 12 0 0 0
1942 14 de Julho 16 1 0 0
1944 Gaúcho 14 1 0 0
1945 Gaúcho 3 1 0 0
1946 14 de Julho 6 0 0 0
1947 14 de Julho 17 2 0 0
1950 14 de Julho 4 3 0 0
1953 14 de Julho 1 0 0 0
1955 Seleção de Passo Fundo 1 0 0 0
1956 14 de Julho 3 0 0 0
1959 Gaúcho 10 1 0 0
1960 Gaúcho 8 1 0 2
1961 Gaúcho 10 0 0 0
Total 106 10 0 2