Cine Coliseu: mudanças entre as edições
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Edição atual tal como às 11h43min de 22 de setembro de 2024
Cine Coliseu | |
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Informações | |
Nome | Cinema e Teatro Coliseu América |
Proprietário | Florencio Della Méa (inicial) |
Atividade | 1920-1970 (como Cine Real) |
Endereço | Avenida General Neto, 23 |
Criado em 1895 pelos irmãos franceses Lumière, o cinema chegou a Passo Fundo em 1910, com Joaquim Pozzo. As "funções", como se dizia na época, aconteciam no Clube Literário Pinheiro Machado, atual Academia Passo-Fundense de Letras. Mas o primeiro cinema permanente da cidade seria o Pathé, criado em abril de 1911 pelo ambulante Roberto Silva, o Robertinho, que trouxe um cinematógrafo de São Paulo e alugou um galpão na Avenida General Neto, onde hoje fica o Banrisul. O Pathé funcionava de terça a domingo, exibindo diversas películas e com uma tarde reservada para as crianças. Já o primeiro cinema da cidade a publicar um anúncio de uma sessão, em 1917 no jornal O Gaúcho, foi o Central, criado em 1914 por Joaquim Reichmann, o Quinta. O Cinema Central ficava na esquina das avenidas Brasil e Sete de Setembro, onde hoje está o Bella Città Shopping Center.
Cine Coliseu
Em 6 de março de 1920, em um prédio no número 23 da Avenida General Neto, era inaugurado o Cinema e Teatro Coliseu América, o Cine Coliseu, de propriedade de Florencio Della Méa. O Coliseu se tornaria o mais famoso cinema de Passo Fundo até o surgimento do Cine Teatro Pampa, em 1962.
O Coliseu era marcado pelo glamour e pelo luxo. Chegou a ter capacidade para mil pessoas, divididas entre plateia (com cadeira de palha), frisa e camarotes mobiliados com cadeiras tipo austríacas. Na época do cinema mudo, o Coliseu tinha uma orquestra para "sonorizar" os filmes. Aproveitando-se do seu palco, promovia vários bailes, como o da posse de Nicolau Vergueiro como intendente de Passo Fundo em 1920; e apresentações musicais ou de teatro, como a do tenor português José Osorio em outubro de 1921, uma promoção do Estrelário do 14 de Julho; as de Ophelia Cezimbra e Olga Siqueira Pereira, ambas em 1926; ou as da Companhia de Comédias Jayme Costa e do violinista russo Yagudin, acompanhado ao piano por Noemy Sperry e Domethildes Macedo, em 1930. Ainda em 1930, em agosto, o Coliseu trouxe a Passo Fundo a Companhia Brasileira de Operetas Eugenio Noronha, que tinha entre outros nomes o tenor Pedro Celestino. Posteriormente, o Coliseu marcaria época com o Teatro de Revista e a vedete Virginia Lane, o ator Procópio Ferreira, o cantor/tenor Vicente Celestino e o "Rei da Voz", Francisco Alves.
O cinema seria vendido a Ney de Lima Costa em 1922. Em janeiro de 1926, os frequentadores foram recebidos com a boa notícia de que o intendente Armando Annes havia liberado o fornecimento de energia elétrica na cidade aos domingos. Assim, era possível ligar os ventiladores e aplacar o calor dentro do prédio. No final de 1928, Ney de Lima Costa substituiria a orquestra pela eletrola, que era colocada na frente do palco, dentro de uma concha de cedro que amplificava a música. O Coliseu foi o primeiro cinema do Rio Grande do Sul a usar o aparelho. O filme escolhido para a estreia da novidade foi "O Grande Desfile" ("The Big Parade", filme norte-americano de 1925). Em 1930, Ney de Lima Costa repassou o cinema a João De Cesaro e Arthur Pretto.
Fechamento, reabertura, incêndio e fim
Em fevereiro de 1937, o Coliseu fechou as portas. A medida, segundo os donos, foi devida à elevação do imposto municipal de 5% para 12%, que obrigou o cinema a aumentar o valor da entrada e fez o movimento cair em torno de 40%. João De Cesaro e Angelo Pretto acabaram desfazendo a sociedade e a sala seria reaberta em março, agora pela empresa Angelo Pretto & Cia, formada ainda por Arthur Pretto e Ernesto Formigheri. Meses depois, o Coliseu passou por uma grande reforma, com a remodelação da fachada do prédio e a instalação de um sistema luminoso para a propaganda dos filmes em cartaz. O bar foi substituído por uma bombonière e a sala de espera ganhou um piso de mosaicos e novo mobiliário. A plateia ficou com capacidade para 700 pessoas. Os camarotes foram demolidos, dando lugar a uma sobreplateia com mais 300 lugares. O palco ficou maior e mais alto, foi melhorado o sistema de ventilação e as filas de poltronas aumentaram de duas para quatro. A reforma foi inaugurada em setembro, com o filme "Um Brinde ao Amor" ("Here's to Romance", filme norte-americano de 1935). Em janeiro de 1939, outra novidade: uma nova aparelhagem permitia a exibição de filmes em sessão contínua, sem intervalos.
Em 1948, um incêndio (tragédia comum em cinemas antigamente, devido às películas dos filmes serem altamente inflamáveis) destruiu o prédio do Coliseu. O cinema só seria reaberto em julho de 1951. Vendido para a empresa Cinemas Rossi, foi reinaugurado em março de 1953, agora com o nome de Cine Teatro Real, com o filme "É Fogo na Roupa", um musical carnavalesco de 1952 de produção nacional que tinha números musicais com Elizeth Cardoso, Emilinha Borba, Virgínia Lane e os artistas Ankito, Ivon Cury, Heloísa Helena, Adelaide Chiozzo, Antonio Spina e Bené Nunes.
O Cine Real ficaria em atividade até 1970 quando foi transformado em um banco.
O Cine Coliseu patrocinou duas competições amistosas: a Estatueta Cine Coliseu, em 1920, e a Medalha Cine Coliseu em 1940.