Cavalheiro (José Antonio Cavalheiro): mudanças entre as edições
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Edição atual tal como às 21h47min de 23 de julho de 2024
José Antônio Cavalheiro, também conhecido como Cavalheiro (Porto Alegre-RS, 5 de agosto de 1940 — Passo Fundo, 10 de agosto de 2016), foi um goleiro que conseguiu ser ídolo do Gaúcho e do 14 de Julho. Faz parte do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
O Sport Club Gaúcho aderiu ao regime profissional de futebol em 1954. Mas, de profissional apenas o nome. O clube teimava em manter-se amador. Formava times com jovens jogadores da cidade, recrutados em colégios, nos quartéis e na várzea. Desta forma, venceu a competição regional de 1954 e nada mais. Perdeu todos os certames citadinos para o 14 de Julho entre 1955 e 1960. No campeonato regional, levava surra dos clubes de Erechim e Carazinho.
Em 1960, o presidente Flávio Araújo tomou a iniciativa de mudar a mentalidade. Ter no elenco os melhores jogadores de Passo Fundo e buscar fora jogadores profissionais, que não trabalhassem paralelamente ao futebol.
E, aí, numa leva de bons jogadores como Sariba, Tuta, Gonzales, Paulinho e outros, chegou ao Estádio Wolmar Salton o goleiro Cavalheiro. No ano seguinte, em 1961, reforçado com outros nomes de peso, como Amâncio, Daizon Pontes, Maneca, Banana e Montezzana, foi campeão da cidade.
José Antônio Cavalheiro nasceu em Porto Alegre, no dia 5 de agosto de 1940. Era goleiro juvenil do Grêmio Porto-Alegrense. Negro alto, esguio, rápido e inteligente. Elástico e acrobático. As fáceis defesas se transformavam na alegria dos fotógrafos. Cavalheiro voava e segurava a bola firme em suas mãos. Outra característica era a saída do gol em bolas aéreas. Em razão de sua altura tinha facilidades em agigantar-se em meio aos atacantes adversários. Em seu início no Gaúcho, além de suas notórias virtudes mostrou que seu estado emocional era frágil. Ás vezes tremia, mas com o passar do tempo e a experiência acabou perdendo esse temor.
Ficou pouco tempo no Gaúcho e foi contratado pelo Ypiranga de Erechim. Lá teve boas atuações e foi campeão regional em 1963. Posteriormente defendeu o Internacional de Santa Maria. Foi titular em 1965 e 1966, até a chegada do goleiro Nilson. Um episódio inusitado aconteceu com Cavalheiro, em seu tempo de Internacional. Antes de um clássico contra o Riograndense de Santa Maria, ele foi procurado pelo seu ex-colega dos tempos do Gaúcho, Montezzana. Este tentou corromper o goleiro, oferecendo dinheiro para entregar o jogo. Cavalheiro comunicou seus dirigentes e a polícia. Montezzana foi preso em flagrante e Cavalheiro realizou um grande clássico.
Ainda em 1966, foi contratado pelo 14 de Julho de Passo Fundo. Assumiu a titularidade por longo período, até 1969. Nesse ínterim, foi vice-campeão regional em 1966, campeão regional e campeão estadual da segunda divisão, em 1968, e escolhido o melhor goleiro da competição. Diga-se de passagem, o 14 de Julho do goleiro Cavalheiro bateu na final do certame o Internacional de Santa Maria, de Nilson.
Em 1971, quando o Gaúcho perdeu o goleiro Nadir, contratado pelo Juventude de Caxias do Sul, foi buscar de volta Cavalheiro, então na reserva de Volnei, do 14 de Julho. Houve um revezamento dos goleiros Cavalheiro e Carlos Alberto, até o início de 1974. Foi então contratado pelo Estrela.
Nesse clube ocorreu o pior momento da carreira do grande arqueiro. Num jogo contra o Grêmio, com o Estádio Walter Jobim absolutamente lotado, Cavalheiro titubeou. A soberba o derrubou. Após fazer boa defesa colocou a bola no chão e passou a observar algum companheiro desmarcado para passar-lhe a bola. Não percebeu, porém, que o centroavante Alcino estava atrás dele. O jogador gremista, mais atento, pegou a bola e a mandou para o fundo do gol. Cavalheiro olhava atônito. O que tinha acontecido? O árbitro assinalando o gol e os gremistas festejando. O público, ainda incrédulo, recobrou os sentidos e passou a vaiar estrepitosamente o goleiro. Cavalheiro foi substituído. No dia seguinte rescindiu seu contrato e veio embora para Passo Fundo, onde estava sua família. Porém, acusado de vendido por dirigentes e torcedores. Não. Cavalheiro não estava vendido ou coisa que o valha. Cavalheiro era sério e honesto. Foi infeliz, apenas infeliz.
Sua carreira prosseguiu defendendo o Nacional do Paraguai e o Palmitos, de Santa Catarina, seu último clube.
Ao deixar o futebol continuou vivendo em Passo Fundo. Era carnavalesco desde os tempos de Porto Alegre, quando desfilava nas Imperadores do Samba. Trabalhou na iniciativa privada e na Prefeitura Municipal, onde se aposentou. Gostava de contar histórias do futebol e ao conversar comigo algumas vezes, tinha alguma mágoa dos clubes locais não terem aproveitado seu talento na função de preparador de goleiros.
Cavalheiro teve um AVC, ficou com algumas sequelas e após adoecer veio a falecer no dia 10 de agosto de 2016, logo após completar 76 anos de idade.
Honras
- 15º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (91)
- Melhor goleiro do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1968
- Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | GS | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1960 | Gaúcho | 10 | -20 | 0 | 0 |
1961 | Gaúcho | 21 | -33 | 0 | 0 |
1962 | Gaúcho | 17 | -21 | 0 | 0 |
1966 | 14 de Julho | 17 | -19 | 0 | 0 |
1967 | 14 de Julho | 35 | -44 | 0 | 0 |
1968 | 14 de Julho | 28 | -21 | 0 | 0 |
1969 | 14 de Julho | 11 | -20 | 0 | 0 |
1971 | Gaúcho | 27 | -23 | 0 | 0 |
1972 | Gaúcho | 11 | -12 | 0 | 0 |
1973 | Gaúcho | 7 | -9 | 0 | 0 |
1975 | Gaúcho | 1 | 0 | 0 | 0 |
Total | 185 | -222 | 0 | 0 |