Jair (Jair dos Santos Pacheco): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 — Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Jair dos Santos Pacheco''', também conhecido como '''Jair''' (Passo Fundo, 20 de julho de 1953), foi um meia famoso pelos seus passes e lançamentos precisos. É um dos jogadores com maior número de partidas disputadas com a camisa do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} e faz parte do {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
O ano era 1974. O Sport Club Gaúcho, como era histórico, estava em dificuldades financeiras. Restava ao treinador {{Santarém (Antonio Carlos Lemos Santarém)}} reinventar um time competitivo, para a disputa do Gauchão. Assim, foi conversar com um centromédio que estava “gastando a bola” no {{Independente (Independente Grêmio Atlético de Amadores)}}. Seu nome: Jair.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
Jair viera do São Paulo, equipe de futebol varzeano da Vila Xangri-lá, reduto meretrício da cidade. O time era formado por frequentadores assíduos, donos de cabarés e garçons dos estabelecimentos. O idealizador e técnico do time era João Amantino Pimentel da Rocha, popularmente conhecido por {{Padeiro (João Amantino Pimentel da Rocha)}}. Padeiro vendia churrasquinhos defronte ao Cabaré da Carula.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Seu tipo físico não era exatamente de um atleta. Jair era baixinho, atarracado, forte, com boa imposição física e fôlego invejável. Mas, o que chamava a atenção de quem o via jogar era sua técnica. Sempre utilizando o pé esquerdo, não errava um passe. Seus lançamentos eram longos e precisos. Desarmava na bola, cometia raríssimas faltas. E, sua impulsão era fenomenal. Parado, ele pulava e ficava meio corpo acima do seu adversário. Os chutões de tiros de meta paravam normalmente em sua cabeça. Jair foi um fabuloso jogador de futebol.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
O meio de campo formado por Jair, {{Roberto (Manoel Roberto Antonello)}} e {{Pedro (José Pedro Agapito Rodrigues)}} foi um dos melhores já vistos no futebol de Passo Fundo. E, às vezes, Jair se arvorava ao ataque e marcava gols.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Quem o viu jogar e se interessou pelo seu magnífico futebol foi o Grêmio. Numa quarta-feira à noite, deslocaram-se para Passo Fundo o gerente tricolor e passo-fundense {{Antonio Carlos Verardi}} junto com membros da comissão técnica gremista. Era o jogo Gaúcho vs. Santa Cruz. Jair acabou com o jogo. Foi o grande maestro da vitória alviverde por 2 a 1. Festejado no vestiário, ele e os demais jogadores receberam o “bicho”. Com a grana no bolso e um contrato com o Grêmio que se avizinhava, pois Verardi já conversava com os dirigentes alviverdes, Jair foi para a Xangri-lá. Lá ele era rei. Lá ele sentia-se em casa. Era começo da madrugada e, no cabaré em que Jair estava pagando cervejas aos amigos, irrompeu uma briga entre dois frequentadores. Entrou a “turma do deixa disso” e Jair foi apartar a desavença. Inesperadamente, foi agredido e esfaqueado por um dos brigões. Levado às pressas ao hospital, foi operado e sobreviveu por ser forte e atleta. Mas, o contrato com o Grêmio foi por água abaixo.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Após dois meses convalescendo, voltou a jogar e retornou ao Gaúcho. Mas, não foi mais o mesmo. Ainda era um bom jogador, mas não chegava a ser o protagonista. Jogou mais um tempo no Gaúcho, andou pelo 14 de Julho, Atlético de Carazinho e Novo Hamburgo. Deixou os gramados no Gaúcho, seu time de coração.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
A história de um excelente jogador que o destino insistiu em que não chegasse a atingir o estrelato.
 
Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
 
== A aventura na Argentina ==
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


== Honras ==
== Honras ==


* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
* jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (284)
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo


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== Carreira como técnico ==
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__NOTOC__
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Edição atual tal como às 20h47min de 15 de setembro de 2024

Jair
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Jair dos Santos Pacheco
Nascimento 20.07.1953
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Meia
Equipes 1974-1982 - Gaúcho
1983-1983 - 14 de Julho
1984-1985 - Gaúcho
1987-1987 - Gaúcho

Jair dos Santos Pacheco, também conhecido como Jair (Passo Fundo, 20 de julho de 1953), foi um meia famoso pelos seus passes e lançamentos precisos. É um dos jogadores com maior número de partidas disputadas com a camisa do Gaúcho e faz parte do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

O ano era 1974. O Sport Club Gaúcho, como era histórico, estava em dificuldades financeiras. Restava ao treinador Santarém reinventar um time competitivo, para a disputa do Gauchão. Assim, foi conversar com um centromédio que estava “gastando a bola” no Independente. Seu nome: Jair.

Jair viera do São Paulo, equipe de futebol varzeano da Vila Xangri-lá, reduto meretrício da cidade. O time era formado por frequentadores assíduos, donos de cabarés e garçons dos estabelecimentos. O idealizador e técnico do time era João Amantino Pimentel da Rocha, popularmente conhecido por Padeiro. Padeiro vendia churrasquinhos defronte ao Cabaré da Carula.

Seu tipo físico não era exatamente de um atleta. Jair era baixinho, atarracado, forte, com boa imposição física e fôlego invejável. Mas, o que chamava a atenção de quem o via jogar era sua técnica. Sempre utilizando o pé esquerdo, não errava um passe. Seus lançamentos eram longos e precisos. Desarmava na bola, cometia raríssimas faltas. E, sua impulsão era fenomenal. Parado, ele pulava e ficava meio corpo acima do seu adversário. Os chutões de tiros de meta paravam normalmente em sua cabeça. Jair foi um fabuloso jogador de futebol.

O meio de campo formado por Jair, Roberto e Pedro foi um dos melhores já vistos no futebol de Passo Fundo. E, às vezes, Jair se arvorava ao ataque e marcava gols.

Quem o viu jogar e se interessou pelo seu magnífico futebol foi o Grêmio. Numa quarta-feira à noite, deslocaram-se para Passo Fundo o gerente tricolor e passo-fundense Antonio Carlos Verardi junto com membros da comissão técnica gremista. Era o jogo Gaúcho vs. Santa Cruz. Jair acabou com o jogo. Foi o grande maestro da vitória alviverde por 2 a 1. Festejado no vestiário, ele e os demais jogadores receberam o “bicho”. Com a grana no bolso e um contrato com o Grêmio que se avizinhava, pois Verardi já conversava com os dirigentes alviverdes, Jair foi para a Xangri-lá. Lá ele era rei. Lá ele sentia-se em casa. Era começo da madrugada e, no cabaré em que Jair estava pagando cervejas aos amigos, irrompeu uma briga entre dois frequentadores. Entrou a “turma do deixa disso” e Jair foi apartar a desavença. Inesperadamente, foi agredido e esfaqueado por um dos brigões. Levado às pressas ao hospital, foi operado e sobreviveu por ser forte e atleta. Mas, o contrato com o Grêmio foi por água abaixo.

Após dois meses convalescendo, voltou a jogar e retornou ao Gaúcho. Mas, não foi mais o mesmo. Ainda era um bom jogador, mas não chegava a ser o protagonista. Jogou mais um tempo no Gaúcho, andou pelo 14 de Julho, Atlético de Carazinho e Novo Hamburgo. Deixou os gramados no Gaúcho, seu time de coração.

A história de um excelente jogador que o destino insistiu em que não chegasse a atingir o estrelato.

Honras

  • 5º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (284)
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1974 Gaúcho 9 0 0 0
1975 Gaúcho 26 1 0 0
1976 Gaúcho 45 0 0 0
1977 Seleção de Passo Fundo 1 0 0 0
1977 Gaúcho 40 4 2 0
1978 Gaúcho 34 3 0 0
1979 Gaúcho 25 1 0 0
1980 Gaúcho 31 1 0 0
1981 Gaúcho 15 0 0 0
1982 Gaúcho 25 1 0 0
1983 14 de Julho 3 0 0 0
1984 Gaúcho 10 0 1 0
1985 Gaúcho 22 0 0 0
1987 Gaúcho 2 0 0 0
Total 288 11 3 0