Branco (Luiz Wilson Ughini): mudanças entre as edições
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|<small>1952-1963 - Gaúcho</small> | |<small>1952-1963 - Gaúcho</small> | ||
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''' | '''Luiz Wilson Ughini''', também conhecido como '''Branco''' (Passo Fundo, 25 de agosto de 1937), foi um centromédio e zagueiro que se consagrou com a camisa verde do {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. Por tudo que representa para o clube, faz parte da {{Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho}}e também do {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}}. | ||
== História == | == História == | ||
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | *''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | ||
Luiz Wilson Ughini tinha o futebol no sangue. Corria em suas veias. Gostava de futebol, ouvia futebol no rádio, mas fundamentalmente jogava futebol. As peladas com os amigos na imensidão de campo existente em Passo Fundo no início da década de 1950 era obrigatória. | |||
Numa dessas “peladas”, um dos jogadores gritou ao seu companheiro de time: “marque aquele branco”, referindo-se a Ughini. De fato, ele tinha e ainda tem a pele bastante clara. Não deu outra. O apelido pegou de imediato e Luiz Wilson Ughini virou Branco para o futebol, para a família, para os amigos, para Passo Fundo, para a vida. | |||
Foi levado à equipe juvenil do {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}} para jogar em várias posições. Foi zagueiro, meio de campo e atacante. Sempre jogando com muita técnica, bola no chão, passes certeiros, dribles e chutes ao gol. Não era muito de fazer gols, mas seus precisos passes resultavam em vários. | |||
Era estudante e trabalhava no comércio de seu pai. Certo dia, pessoas ligadas ao Gaúcho o convenceram a mudar de cor de camisa. Branco assinou ficha e passou a vestir verde. Em 1954, ainda juvenil, entrando esporadicamente em algum jogo, acabou sendo campeão da cidade. | |||
Mas, depois assumiu a titularidade, jogando como centromédio. Na época, era o jogador mais cerebral quem atuava nessa posição. Paralelamente ao futebol, continuava estudando e trabalhando, pois nada recebia para jogar. | |||
Em 1957, o clube inaugurou festivamente seu estádio, depois chamado {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}. O anfitrião foi o Grêmio Porto-Alegrense. Enfrentando craques como Airton, Gessy, Ênio Rodrigues, Delém e outros, Branco se destacou. Foi o grande nome do Gaúcho naquele jogo. Lembrou certa feita o radialista {{Jarbas Sampaio Corrêa}}, sobre Branco. “Naquele jogo contra o Grêmio, Branco comeu a bola. O presidente gremista Ary Delgado perguntou a um dirigente alviverde: Quem é aquele menino, no meio de campo? A resposta foi curta: esse é muito bom, mas de família rica. Não vai sair de Passo Fundo.” Assim, o destino pode ter mudado. Branco sairia de Passo Fundo, para jogar no Grêmio? | |||
O Gaúcho disputava a fase regional da segunda divisão de profissionais. Mas, até 1961, sua estrutura era amadora. A maioria dos jogadores, que era recrutada no futebol varzeano e entre alunos dos colégios, trabalhava paralelamente ao futebol. Tinham pouco tempo para os treinos e fisicamente estavam bem abaixo dos times de Erechim, por exemplo. Assim, era constantemente derrotado. Poucos salvavam-se da mediocridade. Um deles era Branco. Mesmo com o preparo físico deficiente, ele conseguia destacar-se pela técnica apurada. Branco deveria jogar "de terno", como diziam alguns torcedores. Não caía, não cometia faltas, realizava jogadas bonitas, como dribles e lançamentos. Num jogo contra o Ypiranga, viu-se só contra dois atacantes. A bola picou e ele chegou antes, deu um balãozinho no jogador Amarelo, dentro da sua área, e saiu jogando com rara categoria. Algo absolutamente incomum numa época em que os zagueiros davam chutões para onde estavam virados. | |||
Foi campeão da cidade em 1961, atuando na posição de quarto-zagueiro, num esquema tático diferente que havia se adotado no futebol, o 4-2-4. Os compromissos profissionais na empresa da família aumentaram e sua responsabilidade, na mesma proporção. Foi deixando o clube, gradativamente. Participava de alguns jogos, quando não estava viajando para a empresa, até o final de 1964, quando deixou definitivamente o futebol profissional. | |||
Branco jamais foi expulso de campo nos 10 anos de sua atividade como jogador do Gaúcho. Poderia ter reivindicado o Prêmio Belfort Duarte, mas não o fez. Quando estudante, jogou duas vezes as olimpíadas estudantis. Jogava na seleção dos trabalhadores de Passo Fundo, nos torneios do dia 1º de maio. Jogou futebol de salão pelo Atlanta, e sagrou-se campeão da cidade. Jogou futebol sete nos famosos campeonatos intergranjas e em outras competições. | |||
Branco estudou e formou-se na faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo, mas nunca exerceu a advocacia. É empresário e sócio, ao lado dos filhos, da Bravine, uma empresa distribuidora de alimentos em Passo Fundo. | |||
== O amor ao alviverde do Boqueirão == | |||
Desde que chegou ao Gaúcho, ainda com 15 anos em 1952, até encerrar a carreira nos gramados, em 1963, Branco jamais cobrou para jogar (ainda que o Gaúcho só tenha se tornado profissional em 1954). Pelo contrário, ainda ajudava o clube sempre que podia. Aliás, a fábrica de confecções da família de Branco salvou o Gaúcho justamente num dos episódio mais marcantes da sua história, a inauguração do Estádio Wolmar Salton. | |||
Na véspera do jogo contra o Grêmio, todas as camisas do time desapareceram. Alguém se lembrou de pedir ajuda à família Ughini, fabricante de roupas, que tinha a Camisaria Combate. A empresa convocou seis costureiras que, às pressas, produziram as novas camisas. No dia seguinte, estava tudo bem, exceto por um detalhe: as camisas eram em estilo social, com uma abertura fechada por botões. Não importava. O modelo entrou para a história. | |||
Aos 83 anos, em 2021, Branco resolveu contar sua história em um livro autobiográfico: "Origem, Trabalho e Esporte". | |||
== Honras == | == Honras == | ||
* | * Nunca foi expulso de campo em sua carreira como jogador | ||
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como zagueiro | |||
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como | |||
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo | * Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo | ||
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[[Categoria:Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho]] | [[Categoria:Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho]] | ||
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Edição atual tal como às 21h47min de 23 de julho de 2024
Luiz Wilson Ughini, também conhecido como Branco (Passo Fundo, 25 de agosto de 1937), foi um centromédio e zagueiro que se consagrou com a camisa verde do Gaúcho. Por tudo que representa para o clube, faz parte da Seleção de Todos os Tempos do Gaúchoe também do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
Luiz Wilson Ughini tinha o futebol no sangue. Corria em suas veias. Gostava de futebol, ouvia futebol no rádio, mas fundamentalmente jogava futebol. As peladas com os amigos na imensidão de campo existente em Passo Fundo no início da década de 1950 era obrigatória.
Numa dessas “peladas”, um dos jogadores gritou ao seu companheiro de time: “marque aquele branco”, referindo-se a Ughini. De fato, ele tinha e ainda tem a pele bastante clara. Não deu outra. O apelido pegou de imediato e Luiz Wilson Ughini virou Branco para o futebol, para a família, para os amigos, para Passo Fundo, para a vida.
Foi levado à equipe juvenil do 14 de Julho para jogar em várias posições. Foi zagueiro, meio de campo e atacante. Sempre jogando com muita técnica, bola no chão, passes certeiros, dribles e chutes ao gol. Não era muito de fazer gols, mas seus precisos passes resultavam em vários.
Era estudante e trabalhava no comércio de seu pai. Certo dia, pessoas ligadas ao Gaúcho o convenceram a mudar de cor de camisa. Branco assinou ficha e passou a vestir verde. Em 1954, ainda juvenil, entrando esporadicamente em algum jogo, acabou sendo campeão da cidade.
Mas, depois assumiu a titularidade, jogando como centromédio. Na época, era o jogador mais cerebral quem atuava nessa posição. Paralelamente ao futebol, continuava estudando e trabalhando, pois nada recebia para jogar.
Em 1957, o clube inaugurou festivamente seu estádio, depois chamado Estádio Wolmar Salton. O anfitrião foi o Grêmio Porto-Alegrense. Enfrentando craques como Airton, Gessy, Ênio Rodrigues, Delém e outros, Branco se destacou. Foi o grande nome do Gaúcho naquele jogo. Lembrou certa feita o radialista Jarbas Sampaio Corrêa, sobre Branco. “Naquele jogo contra o Grêmio, Branco comeu a bola. O presidente gremista Ary Delgado perguntou a um dirigente alviverde: Quem é aquele menino, no meio de campo? A resposta foi curta: esse é muito bom, mas de família rica. Não vai sair de Passo Fundo.” Assim, o destino pode ter mudado. Branco sairia de Passo Fundo, para jogar no Grêmio?
O Gaúcho disputava a fase regional da segunda divisão de profissionais. Mas, até 1961, sua estrutura era amadora. A maioria dos jogadores, que era recrutada no futebol varzeano e entre alunos dos colégios, trabalhava paralelamente ao futebol. Tinham pouco tempo para os treinos e fisicamente estavam bem abaixo dos times de Erechim, por exemplo. Assim, era constantemente derrotado. Poucos salvavam-se da mediocridade. Um deles era Branco. Mesmo com o preparo físico deficiente, ele conseguia destacar-se pela técnica apurada. Branco deveria jogar "de terno", como diziam alguns torcedores. Não caía, não cometia faltas, realizava jogadas bonitas, como dribles e lançamentos. Num jogo contra o Ypiranga, viu-se só contra dois atacantes. A bola picou e ele chegou antes, deu um balãozinho no jogador Amarelo, dentro da sua área, e saiu jogando com rara categoria. Algo absolutamente incomum numa época em que os zagueiros davam chutões para onde estavam virados.
Foi campeão da cidade em 1961, atuando na posição de quarto-zagueiro, num esquema tático diferente que havia se adotado no futebol, o 4-2-4. Os compromissos profissionais na empresa da família aumentaram e sua responsabilidade, na mesma proporção. Foi deixando o clube, gradativamente. Participava de alguns jogos, quando não estava viajando para a empresa, até o final de 1964, quando deixou definitivamente o futebol profissional.
Branco jamais foi expulso de campo nos 10 anos de sua atividade como jogador do Gaúcho. Poderia ter reivindicado o Prêmio Belfort Duarte, mas não o fez. Quando estudante, jogou duas vezes as olimpíadas estudantis. Jogava na seleção dos trabalhadores de Passo Fundo, nos torneios do dia 1º de maio. Jogou futebol de salão pelo Atlanta, e sagrou-se campeão da cidade. Jogou futebol sete nos famosos campeonatos intergranjas e em outras competições.
Branco estudou e formou-se na faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo, mas nunca exerceu a advocacia. É empresário e sócio, ao lado dos filhos, da Bravine, uma empresa distribuidora de alimentos em Passo Fundo.
O amor ao alviverde do Boqueirão
Desde que chegou ao Gaúcho, ainda com 15 anos em 1952, até encerrar a carreira nos gramados, em 1963, Branco jamais cobrou para jogar (ainda que o Gaúcho só tenha se tornado profissional em 1954). Pelo contrário, ainda ajudava o clube sempre que podia. Aliás, a fábrica de confecções da família de Branco salvou o Gaúcho justamente num dos episódio mais marcantes da sua história, a inauguração do Estádio Wolmar Salton.
Na véspera do jogo contra o Grêmio, todas as camisas do time desapareceram. Alguém se lembrou de pedir ajuda à família Ughini, fabricante de roupas, que tinha a Camisaria Combate. A empresa convocou seis costureiras que, às pressas, produziram as novas camisas. No dia seguinte, estava tudo bem, exceto por um detalhe: as camisas eram em estilo social, com uma abertura fechada por botões. Não importava. O modelo entrou para a história.
Aos 83 anos, em 2021, Branco resolveu contar sua história em um livro autobiográfico: "Origem, Trabalho e Esporte".
Honras
- Nunca foi expulso de campo em sua carreira como jogador
- Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como zagueiro
- Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1952 | Gaúcho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1953 | Gaúcho | 2 | 0 | 0 | 0 |
1954 | Gaúcho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1956 | Gaúcho | 10 | 0 | 0 | 0 |
1957 | Gaúcho | 12 | 0 | 0 | 0 |
1958 | Gaúcho | 18 | 2 | 0 | 0 |
1959 | Gaúcho | 6 | 0 | 0 | 0 |
1960 | Gaúcho | 20 | 0 | 0 | 0 |
1961 | Gaúcho | 5 | 0 | 0 | 0 |
1962 | Gaúcho | 17 | 1 | 0 | 0 |
1963 | Gaúcho | 7 | 0 | 0 | 0 |
Total | 99 | 3 | 0 | 0 |