Meca (Américo Martins de Oliveira): mudanças entre as edições
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| colspan="2" align="center" |<small> | | colspan="2" align="center" |<small>⭐Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho</small><small><br>⭐Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho<br></small><small>⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo</small> | ||
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! colspan="2" |<small>Informações pessoais</small> | ! colspan="2" |<small>Informações pessoais</small> | ||
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|'''<small>Nome completo</small>''' | |'''<small>Nome completo</small>''' | ||
|<small> | |<small>Américo Martins de Oliveira</small> | ||
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|'''<small>Nascimento</small>''' | |'''<small>Nascimento</small>''' | ||
|<small> | |<small>12.10.1938</small> | ||
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|<small> | |<small>Carazinho-RS</small> | ||
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|<small> | |<small>09.09.2016, aos 77 anos</small> | ||
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|<small> | |<small>1959-1961 - 14 de Julho</small><br><small>1962-1970 - Gaúcho</small> | ||
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''' | '''Américo Martins de Oliveira''', também conhecido como '''Meca''' (Carazinho-RS, 12 de outubro de 1938 — Passo Fundo, 9 de setembro de 2016), foi um dos grandes goleadores do futebol de Passo Fundo, ainda que atuando pela ponta direita. Vindo de Carazinho, começou e se destacou no {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}, para se tornar imortal no {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. É o terceiro maior goleador conhecido do clube e está na {{Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho}}. Faz parte também da {{Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho}}, sendo, ao lado de {{Bebeto (Alberto Vilasboas dos Reis)}}, os únicos atletas a estarem em ambas seleções. | ||
Simples, elegante, inteligente, educado, bem humorado e sempre sorridente, também era chamado de "Sete de Ouro", pelo número da sua camisa, ou ainda de "Garrincha dos Pobres" ou "Garrincha de Passo Fundo", apelidos que o divertiam muito. | |||
== História == | == História == | ||
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | *''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol'' | ||
Aquele menino franzino, com pernas ligeiramente arqueadas, em razão de uma perna ser pouco menor que a outra, era o xodó do tio Benjamin. Beijo, como era conhecido Benjamin, era um possante médio do time chamado Flor de Liz, oriundo do clube dos negros de Carazinho. Meco tinha uns 14 ou 15 anos, pois nascera em 12 de outubro de 1938. Era assim mesmo. Meco, diminutivo de Américo. | |||
Jogava na ponta direita e “comia a bola” no meio dos adultos. Benjamin, torcedor do Veterano, levou o garoto para fazer testes no clube. Alguém, desavisadamente, num treino, o chamou de Meca, e assim ficou. Meca foi titular do jalde-negro entre 1955 e 1958. | |||
No meio do ano, o 14 de Julho interessou-se pelo seu futebol e foi a Carazinho buscá-lo. Ofereceu não um bom salário, mas sim um emprego na Cia. Sulina de Transportes, da família Andreis, torcedores quatorzeanos. Meca foi de encontro ao presidente do Veterano, Seu Camacho, veteranista de quatro costados, mas, nascido em Passo Fundo, e quando jovem, jogador do segundo quadro do 14 de Julho. Se era para sair para o 14, não tinha problemas. Meca fez sua mala e veio residir em Passo Fundo, jogar no 14 de Julho e trabalhar na Sulina. Claro, ele tinha algumas regalias, como, por exemplo, sair do trabalho no meio da tarde para treinar na Baixada, o {{Estádio Celso Fiori}}. | |||
Foi campeão citadino em 1959 e 1960 e jogou muita bola no 14. O lado direito do ataque era formado por Meca e {{Caíco (Carlos Bairon Marques)}}. Jogadores muito habilidosos, dribladores e artilheiros. | |||
No começo da temporada de 1962, os jornais abriram manchete para a saída de Meca do 14. Ele e o zagueiro {{Vadecão (Oswaldo Spannenberg)}}, outro ídolo rubro, foram direto para o Gaúcho. Foi um tumulto entre os torcedores quatorzeanos que não se conformavam em perder seus consagrados jogadores. Mas, não teve jeito. Naquele ano de 1962, Meca vestia verde e branco. | |||
Jogou no Gaúcho o restante da carreira. No alviverde teve momentos espetaculares. Foi bicampeão regional em 1965 e 1966. Enfrentou o Palmeiras e sua Academia da Bola em 1965, foi vice-campeão estadual da segunda divisão, também em 1965, e campeão estadual da Segundona, em 1966. Jogou, a partir daí, contra o Grêmio de Ortunho e o Internacional de Sadi, dois laterais que sofreram para marcá-lo. Fez muitos gols e inúmeras assistências para bolas que terminaram no fundo da rede. Jogador indispensável para o Gaúcho, mas sempre trabalhando na Cia. Sulina. Aliás, como ele mesmo contou, em 1967, deixou o emprego para ser apenas jogador de futebol profissional. Porém, nunca recebia em dia, ganhava apenas vales e passou a ter dificuldades em sustentar a família. Voltou correndo para a Sulina. | |||
No final de 1970, então com 32 anos de idade, Meca resolveu pendurar as chuteiras. Nada de jogo despedida contra algum adversário do mesmo quilate do Gaúcho. Solicitou à direção alviverde que marcasse um jogo contra o União da Vila Santa Maria, time que disputava o estadual de amadores. Assim mesmo. Meca era humilde demais para pompas e circunstâncias. Escolheu para despedida o União. Ao final daquele jogo, retirou as chuteiras dos pés, e as segurando nas mãos, deu a volta olímpica no gramado do {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}. Antes de ingressar no túnel de acesso ao vestiário, entregou as chuteiras a um atleta do União. | |||
Voltou então e trabalhar somente na Cia. Sulina e jogar com os veteranos, além de futebol sete em clubes sociais da cidade. Quando a Sulina fechou, foi trabalhar em outras empresas de transportes. Afinal, além da bola era isso que sabia e estava acostumado a fazer, as conferências de mercadorias. Meca era extremamente organizado. Ao final de cada jogo, escrevia em papeizinhos (aqueles de fazer jogo do bicho), o resultado de cada jogo, a escalação de seu time e quem marcou os gols. Tinha tudo isso em casa. | |||
Mas, como tudo é finito neste mundo Meca adoeceu e partiu para o terreno espiritual no dia 9 de setembro de 2016, pouco antes de completar 78 anos de idade. Além de ídolo das duas maiores torcidas da cidade, foi um ser humano do que há de melhor na espécie. Ria muito quando chamado de Garrincha dos Pobres, era amigo de todos graças a sua humildade e honestidade. | |||
== Honras == | == Honras == | ||
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* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante | * Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante | ||
* Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante | * Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante | ||
* Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo | * Integrante do {{Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo}} | ||
== Carreira como jogador == | == Carreira como jogador == | ||
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[[Categoria:Jogadores da Seleção dos Pretos]] | [[Categoria:Jogadores da Seleção dos Pretos]] | ||
[[Categoria:Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho]] | [[Categoria:Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho]] | ||
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Edição atual tal como às 21h52min de 23 de julho de 2024
Américo Martins de Oliveira, também conhecido como Meca (Carazinho-RS, 12 de outubro de 1938 — Passo Fundo, 9 de setembro de 2016), foi um dos grandes goleadores do futebol de Passo Fundo, ainda que atuando pela ponta direita. Vindo de Carazinho, começou e se destacou no 14 de Julho, para se tornar imortal no Gaúcho. É o terceiro maior goleador conhecido do clube e está na Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho. Faz parte também da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho, sendo, ao lado de Bebeto, os únicos atletas a estarem em ambas seleções.
Simples, elegante, inteligente, educado, bem humorado e sempre sorridente, também era chamado de "Sete de Ouro", pelo número da sua camisa, ou ainda de "Garrincha dos Pobres" ou "Garrincha de Passo Fundo", apelidos que o divertiam muito.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
Aquele menino franzino, com pernas ligeiramente arqueadas, em razão de uma perna ser pouco menor que a outra, era o xodó do tio Benjamin. Beijo, como era conhecido Benjamin, era um possante médio do time chamado Flor de Liz, oriundo do clube dos negros de Carazinho. Meco tinha uns 14 ou 15 anos, pois nascera em 12 de outubro de 1938. Era assim mesmo. Meco, diminutivo de Américo.
Jogava na ponta direita e “comia a bola” no meio dos adultos. Benjamin, torcedor do Veterano, levou o garoto para fazer testes no clube. Alguém, desavisadamente, num treino, o chamou de Meca, e assim ficou. Meca foi titular do jalde-negro entre 1955 e 1958.
No meio do ano, o 14 de Julho interessou-se pelo seu futebol e foi a Carazinho buscá-lo. Ofereceu não um bom salário, mas sim um emprego na Cia. Sulina de Transportes, da família Andreis, torcedores quatorzeanos. Meca foi de encontro ao presidente do Veterano, Seu Camacho, veteranista de quatro costados, mas, nascido em Passo Fundo, e quando jovem, jogador do segundo quadro do 14 de Julho. Se era para sair para o 14, não tinha problemas. Meca fez sua mala e veio residir em Passo Fundo, jogar no 14 de Julho e trabalhar na Sulina. Claro, ele tinha algumas regalias, como, por exemplo, sair do trabalho no meio da tarde para treinar na Baixada, o Estádio Celso Fiori.
Foi campeão citadino em 1959 e 1960 e jogou muita bola no 14. O lado direito do ataque era formado por Meca e Caíco. Jogadores muito habilidosos, dribladores e artilheiros.
No começo da temporada de 1962, os jornais abriram manchete para a saída de Meca do 14. Ele e o zagueiro Vadecão, outro ídolo rubro, foram direto para o Gaúcho. Foi um tumulto entre os torcedores quatorzeanos que não se conformavam em perder seus consagrados jogadores. Mas, não teve jeito. Naquele ano de 1962, Meca vestia verde e branco.
Jogou no Gaúcho o restante da carreira. No alviverde teve momentos espetaculares. Foi bicampeão regional em 1965 e 1966. Enfrentou o Palmeiras e sua Academia da Bola em 1965, foi vice-campeão estadual da segunda divisão, também em 1965, e campeão estadual da Segundona, em 1966. Jogou, a partir daí, contra o Grêmio de Ortunho e o Internacional de Sadi, dois laterais que sofreram para marcá-lo. Fez muitos gols e inúmeras assistências para bolas que terminaram no fundo da rede. Jogador indispensável para o Gaúcho, mas sempre trabalhando na Cia. Sulina. Aliás, como ele mesmo contou, em 1967, deixou o emprego para ser apenas jogador de futebol profissional. Porém, nunca recebia em dia, ganhava apenas vales e passou a ter dificuldades em sustentar a família. Voltou correndo para a Sulina.
No final de 1970, então com 32 anos de idade, Meca resolveu pendurar as chuteiras. Nada de jogo despedida contra algum adversário do mesmo quilate do Gaúcho. Solicitou à direção alviverde que marcasse um jogo contra o União da Vila Santa Maria, time que disputava o estadual de amadores. Assim mesmo. Meca era humilde demais para pompas e circunstâncias. Escolheu para despedida o União. Ao final daquele jogo, retirou as chuteiras dos pés, e as segurando nas mãos, deu a volta olímpica no gramado do Estádio Wolmar Salton. Antes de ingressar no túnel de acesso ao vestiário, entregou as chuteiras a um atleta do União.
Voltou então e trabalhar somente na Cia. Sulina e jogar com os veteranos, além de futebol sete em clubes sociais da cidade. Quando a Sulina fechou, foi trabalhar em outras empresas de transportes. Afinal, além da bola era isso que sabia e estava acostumado a fazer, as conferências de mercadorias. Meca era extremamente organizado. Ao final de cada jogo, escrevia em papeizinhos (aqueles de fazer jogo do bicho), o resultado de cada jogo, a escalação de seu time e quem marcou os gols. Tinha tudo isso em casa.
Mas, como tudo é finito neste mundo Meca adoeceu e partiu para o terreno espiritual no dia 9 de setembro de 2016, pouco antes de completar 78 anos de idade. Além de ídolo das duas maiores torcidas da cidade, foi um ser humano do que há de melhor na espécie. Ria muito quando chamado de Garrincha dos Pobres, era amigo de todos graças a sua humildade e honestidade.
Honras
- 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
- 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
- 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
- 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
- Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
- Integrante da Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho como atacante
- Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
- Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1958 | 14 de Julho | 2 | 0 | 0 | 0 |
1959 | 14 de Julho | 16 | 9 | 0 | 0 |
1960 | 14 de Julho | 22 | 12 | 0 | 0 |
1961 | 14 de Julho | 16 | 6 | 0 | 0 |
1962 | Gaúcho | 15 | 4 | 0 | 0 |
1963 | Gaúcho | 16 | 8 | 0 | 0 |
1964 | Gaúcho | 18 | 4 | 0 | 0 |
1965 | Gaúcho | 20 | 7 | 0 | 0 |
1965 | Seleção dos Pretos | 1 | 0 | 0 | 0 |
1966 | Gaúcho | 38 | 15 | 0 | 0 |
1967 | Gaúcho | 30 | 6 | 0 | 0 |
1968 | Gaúcho | 42 | 6 | 0 | 0 |
1969 | Gaúcho | 31 | 7 | 0 | 0 |
1970 | Gaúcho | 22 | 3 | 0 | 0 |
Total | 289 | 87 | 0 | 0 |