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De Futebol de Passo Fundo
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|<small>1939-não disponível</small>
|<small>1920-1970 (como Cine Real)</small>
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|<small>'''Funcionamento'''</small>
|<small>'''Endereço'''</small>
|<small>Praça Marechal Floriano e arredores</small>
|<small>Avenida General Neto, 23</small>
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|<small>'''Fundadores'''</small>
|<small>Jaime Laus, Alceu Laus, Oscar Bayer</small>
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|<small>'''Potência'''</small>
|<small>Não disponível</small>
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Em 1939, o rádio já estava consolidado no imaginário de grande parte da população brasileira. Contando com profissionais do jornalismo, radioatores e radioatrizes, humoristas, músicos e intérpretes, auditórios próprios e uma programação rica em produção, o veículo alcançava abrangência nacional e as emissoras surgiam nas principais cidades do país.
Criado em 1895 pelos irmãos franceses Lumière, o cinema chegou a Passo Fundo em 1910, com Joaquim Pozzo. As "funções", como se dizia na época, aconteciam no Clube Literário Pinheiro Machado, atual Academia Passo-Fundense de Letras. Mas o primeiro cinema permanente da cidade seria o Pathé, criado em abril de 1911 pelo ambulante Roberto Silva, o Robertinho, que trouxe um cinematógrafo de São Paulo e alugou um galpão na Avenida General Neto, onde hoje fica o Banrisul. O Pathé funcionava de terça a domingo, exibindo diversas películas e com uma tarde reservada para as crianças. Já o primeiro cinema da cidade a publicar um anúncio de uma sessão, em 1917 no jornal [[O Gaúcho]], foi o Central, criado em 1914 por Joaquim Reichmann, o Quinta. O Cinema Central ficava na esquina das avenidas Brasil e Sete de Setembro, onde hoje está o Bella Città Shopping Center.
 
Mas ainda não era assim em Passo Fundo. Então, em agosto daquele mesmo ano, a cidade passaria a contar com um serviço de alto-falantes, uma rádio-poste, que começava a se tornar popular em várias regiões do país.
 
A rádio-poste era exatamente o que o nome sugeria. Alto-falantes instalados em um poste e virados “para todos os lados”, para fazer a informação chegar o mais distante e atingir o maior número possível de ouvintes. Às vezes havia um pouco mais de glamour, com os alto-falantes colocados no alto de prédios e ao longo de uma rua, por exemplo. Na transmissão, alguém lendo recados, propagandas, notícias, “rodando” músicas ou apenas retransmitindo outra estação.
 
O serviço de [[alto-falantes da Casa Rádio]] foi instalado em frente ao Cinema Coliseu, na Praça Marechal Floriano e em postes de iluminação pública, seis pontos no total. Ainda em agosto, começaram as transmissões de jogos de futebol. A primeira vez foi no dia 27, quando o [[Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)|Gaúcho]] iniciou sua participação no campeonato estadual contra o Riograndense de Cruz Alta no [[Estádio da Montanha]].
 
O jogo que mais mobilizou pessoas ao redor dos alto-falantes aconteceu em 12 de novembro. Neste dia, o Gaúcho enfrentava o Bagé em Santa Maria. Centenas de pessoas aguardavam informações sobre a partida. As informações eram repassadas por um radioamador operado por Valdemar Amaral, gerente da Agência do Banco do Brasil, que retransmitia o desenrolar do jogo através dos alto-falantes.


A transmissão iniciou às 14h40, quando foram anunciadas as palavras dos delegados do Gaúcho em Santa Maria, [[Honorino Malheiros (Honorino Menna Barreto Malheiros)|Honorino Malheiros]] e Mário Garcia. Entre as declarações que todos ouvem, está a do ídolo e goleiro [[Harry Becker]]: “Entraremos no gramado com a confiança de sempre e saberemos levantar bem alto o pavilhão alviverde!”
== Cine Coliseu ==
Em 6 de março de 1920, em um prédio no número 23 da Avenida General Neto, era inaugurado o '''Cinema e Teatro Coliseu América''', o '''Cine Coliseu''', de propriedade de Florencio Della Méa. O Coliseu se tornaria o mais famoso cinema de Passo Fundo até o surgimento do Cine Teatro Pampa, em 1962.


O jogo foi duríssimo. O Gaúcho abriu o placar com apenas 3 minutos, com [[Nino (Genuino Di Primio)|Nino]]. O Bagé empatou e virou o marcador no segundo tempo. Os alviverdes empataram no fim e a partida foi para a prorrogação de 20 minutos, como se jogava na época. Empate por 1 a 1 e nova prorrogação. Faltando 10 minutos para o fim, [[Brasileiro (Brazileiro Trindade)|Brasileiro]] marcou um golaço de fora da área. Na saída de jogo, novo pênalti para o Bagé. Harry defendeu e garantiu a vitória por 4 a 3. O resultado do jogo chegaria às 18h50, para o delírio da multidão que acompanhava o jogo.
O Coliseu era marcado pelo glamour e pelo luxo. Chegou a ter capacidade para mil pessoas, divididas entre plateia (com cadeira de palha), frisa e camarotes mobiliados com cadeiras tipo austríacas. Na época do cinema mudo, o Coliseu tinha uma orquestra para "sonorizar" os filmes. Aproveitando-se do seu palco, promovia vários bailes, como o da posse de {{Nicolau Vergueiro (Nicolau Araújo Vergueiro)}} como intendente de Passo Fundo em 1920; e apresentações musicais ou de teatro, como a do tenor português José Osorio em outubro de 1921, uma promoção do [[Estrelário]] do {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}; as de Ophelia Cezimbra e Olga Siqueira Pereira, ambas em 1926; ou as da Companhia de Comédias Jayme Costa e do violinista russo Yagudin, acompanhado ao piano por Noemy Sperry e Domethildes Macedo, em 1930. Ainda em 1930, em agosto, o Coliseu trouxe a Passo Fundo a Companhia Brasileira de Operetas Eugenio Noronha, que tinha entre outros nomes o tenor Pedro Celestino. Posteriormente, o Coliseu marcaria época com o Teatro de Revista e a vedete Virginia Lane, o ator Procópio Ferreira, o cantor/tenor Vicente Celestino e o "Rei da Voz", Francisco Alves.


== A voz ==
O cinema seria vendido a Ney de Lima Costa em 1922. Em janeiro de 1926, os frequentadores foram recebidos com a boa notícia de que o intendente Armando Annes havia liberado o fornecimento de energia elétrica na cidade aos domingos. Assim, era possível ligar os ventiladores e aplacar o calor dentro do prédio. No final de 1928, Ney de Lima Costa substituiria a orquestra pela eletrola, que era colocada na frente do palco, dentro de uma concha de cedro que amplificava a música. O Coliseu foi o primeiro cinema do Rio Grande do Sul a usar o aparelho. O filme escolhido para a estreia da novidade foi "O Grande Desfile" ("The Big Parade", filme norte-americano de 1925). Em 1930, Ney de Lima Costa repassou o cinema a [[João De Cesaro (Giovanni De Cesaro)|João De Cesaro]] e Arthur Pretto.
A mais famosa “voz do poste” do serviço de alto-falantes da Casa Rádio foi a de {{Maurício Sirotsky Sobrinho}}, então com 13 anos. O garoto se destacou tanto na função que em 1942 foi para Porto Alegre fazer um teste para a Rádio Gaúcha. Foi aprovado.


Em pouco tempo, a rádio-poste já perderia sua finalidade com a popularização dos aparelhos e com o surgimento da primeira emissora “oficial” da cidade e do norte do Rio Grande do Sul, a [[Rádio Passo Fundo]], inaugurada no dia 19 de agosto de 1946 na Rua Coronel Chicuta e que teve como primeiro gerente justamente Maurício Sirotsky.
== Fechamento, reabertura, incêndio e fim ==
Em fevereiro de 1937, o Coliseu fechou as portas. A medida, segundo os donos, foi devida à elevação do imposto municipal de 5% para 12%, que obrigou o cinema a aumentar o valor da entrada e fez o movimento cair em torno de 40%. João De Cesaro e Angelo Pretto acabaram desfazendo a sociedade e a sala seria reaberta em março, agora pela empresa Angelo Pretto & Cia, formada ainda por Arthur Pretto e Ernesto Formigheri. Meses depois, o Coliseu passou por uma grande reforma, com a remodelação da fachada do prédio e a instalação de um sistema luminoso para a propaganda dos filmes em cartaz. O bar foi substituído por uma bombonière e a sala de espera ganhou um piso de mosaicos e novo mobiliário. A plateia ficou com capacidade para 700 pessoas. Os camarotes foram demolidos, dando lugar a uma sobreplateia com mais 300 lugares. O palco ficou maior e mais alto, foi melhorado o sistema de ventilação e as filas de poltronas aumentaram de duas para quatro. A reforma foi inaugurada em setembro, com o filme "Um Brinde ao Amor" ("Here's to Romance", filme norte-americano de 1935). Em janeiro de 1939, outra novidade: uma nova aparelhagem permitia a exibição de filmes em sessão contínua, sem intervalos.


== A Casa Rádio ==
Em 1948, um incêndio (tragédia comum em cinemas antigamente, devido às películas dos filmes serem altamente inflamáveis) destruiu o prédio do Coliseu. O cinema só seria reaberto em julho de 1951. Vendido para a empresa Cinemas Rossi, foi reinaugurado em março de 1953, agora com o nome de Cine Teatro Real, com o filme "É Fogo na Roupa", um musical carnavalesco de 1952 de produção nacional que tinha números musicais com Elizeth Cardoso, Emilinha Borba, Virgínia Lane e os artistas Ankito, Ivon Cury, Heloísa Helena, Adelaide Chiozzo, Antonio Spina e Bené Nunes.
Aberta em 1933 na Praça Marechal Floriano, 656, a Casa Rádio era uma das principais lojas da cidade. De propriedade dos sócios Jaime e Alceu Laus (irmãos) e Oscar Bayer (cunhado de Alceu), na década de 1930, vendia de ferragens a louças, passando por materiais elétricos e "alumínios e esmaltados" a artigos para presentes. A loja também foi a primeira agência da Varig na cidade (para passagens aéreas e correspondência aérea) e representante das marcas Masson (joias e relógios) e Philips (lâmpadas e rádios).


A Casa Rádio funcionou em alguns lugares, sendo os mais conhecidos na Rua Moron, 1.747, e na esquina da Rua Independência com a Avenida General Netto. Foi uma das pioneiras a usar o Papai Noel nas vitrines para atrair o público, principalmente o infantil.
O Cine Real ficaria em atividade até 1970 quando foi transformado em um banco.


A loja patrocinou duas competições municipais, o [[Campeonato da Cidade]] em 1939 e a [[Taça Casa Rádio]] em 1952.
O Cine Coliseu patrocinou duas competições amistosas: a [[Estatueta Cine Coliseu]], em 1920, e a [[Medalha Cine Coliseu]] em 1940.
[[Categoria:Mídia]]
[[Categoria:Personagens]]
[[Categoria:Mídia - Veículos]]
[[Categoria:Patrocinadores de torneios]]


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Edição atual tal como às 11h43min de 22 de setembro de 2024

Cine Coliseu
Informações
Nome Cinema e Teatro Coliseu América
Proprietário Florencio Della Méa (inicial)
Atividade 1920-1970 (como Cine Real)
Endereço Avenida General Neto, 23

Criado em 1895 pelos irmãos franceses Lumière, o cinema chegou a Passo Fundo em 1910, com Joaquim Pozzo. As "funções", como se dizia na época, aconteciam no Clube Literário Pinheiro Machado, atual Academia Passo-Fundense de Letras. Mas o primeiro cinema permanente da cidade seria o Pathé, criado em abril de 1911 pelo ambulante Roberto Silva, o Robertinho, que trouxe um cinematógrafo de São Paulo e alugou um galpão na Avenida General Neto, onde hoje fica o Banrisul. O Pathé funcionava de terça a domingo, exibindo diversas películas e com uma tarde reservada para as crianças. Já o primeiro cinema da cidade a publicar um anúncio de uma sessão, em 1917 no jornal O Gaúcho, foi o Central, criado em 1914 por Joaquim Reichmann, o Quinta. O Cinema Central ficava na esquina das avenidas Brasil e Sete de Setembro, onde hoje está o Bella Città Shopping Center.

Cine Coliseu

Em 6 de março de 1920, em um prédio no número 23 da Avenida General Neto, era inaugurado o Cinema e Teatro Coliseu América, o Cine Coliseu, de propriedade de Florencio Della Méa. O Coliseu se tornaria o mais famoso cinema de Passo Fundo até o surgimento do Cine Teatro Pampa, em 1962.

O Coliseu era marcado pelo glamour e pelo luxo. Chegou a ter capacidade para mil pessoas, divididas entre plateia (com cadeira de palha), frisa e camarotes mobiliados com cadeiras tipo austríacas. Na época do cinema mudo, o Coliseu tinha uma orquestra para "sonorizar" os filmes. Aproveitando-se do seu palco, promovia vários bailes, como o da posse de Nicolau Vergueiro como intendente de Passo Fundo em 1920; e apresentações musicais ou de teatro, como a do tenor português José Osorio em outubro de 1921, uma promoção do Estrelário do 14 de Julho; as de Ophelia Cezimbra e Olga Siqueira Pereira, ambas em 1926; ou as da Companhia de Comédias Jayme Costa e do violinista russo Yagudin, acompanhado ao piano por Noemy Sperry e Domethildes Macedo, em 1930. Ainda em 1930, em agosto, o Coliseu trouxe a Passo Fundo a Companhia Brasileira de Operetas Eugenio Noronha, que tinha entre outros nomes o tenor Pedro Celestino. Posteriormente, o Coliseu marcaria época com o Teatro de Revista e a vedete Virginia Lane, o ator Procópio Ferreira, o cantor/tenor Vicente Celestino e o "Rei da Voz", Francisco Alves.

O cinema seria vendido a Ney de Lima Costa em 1922. Em janeiro de 1926, os frequentadores foram recebidos com a boa notícia de que o intendente Armando Annes havia liberado o fornecimento de energia elétrica na cidade aos domingos. Assim, era possível ligar os ventiladores e aplacar o calor dentro do prédio. No final de 1928, Ney de Lima Costa substituiria a orquestra pela eletrola, que era colocada na frente do palco, dentro de uma concha de cedro que amplificava a música. O Coliseu foi o primeiro cinema do Rio Grande do Sul a usar o aparelho. O filme escolhido para a estreia da novidade foi "O Grande Desfile" ("The Big Parade", filme norte-americano de 1925). Em 1930, Ney de Lima Costa repassou o cinema a João De Cesaro e Arthur Pretto.

Fechamento, reabertura, incêndio e fim

Em fevereiro de 1937, o Coliseu fechou as portas. A medida, segundo os donos, foi devida à elevação do imposto municipal de 5% para 12%, que obrigou o cinema a aumentar o valor da entrada e fez o movimento cair em torno de 40%. João De Cesaro e Angelo Pretto acabaram desfazendo a sociedade e a sala seria reaberta em março, agora pela empresa Angelo Pretto & Cia, formada ainda por Arthur Pretto e Ernesto Formigheri. Meses depois, o Coliseu passou por uma grande reforma, com a remodelação da fachada do prédio e a instalação de um sistema luminoso para a propaganda dos filmes em cartaz. O bar foi substituído por uma bombonière e a sala de espera ganhou um piso de mosaicos e novo mobiliário. A plateia ficou com capacidade para 700 pessoas. Os camarotes foram demolidos, dando lugar a uma sobreplateia com mais 300 lugares. O palco ficou maior e mais alto, foi melhorado o sistema de ventilação e as filas de poltronas aumentaram de duas para quatro. A reforma foi inaugurada em setembro, com o filme "Um Brinde ao Amor" ("Here's to Romance", filme norte-americano de 1935). Em janeiro de 1939, outra novidade: uma nova aparelhagem permitia a exibição de filmes em sessão contínua, sem intervalos.

Em 1948, um incêndio (tragédia comum em cinemas antigamente, devido às películas dos filmes serem altamente inflamáveis) destruiu o prédio do Coliseu. O cinema só seria reaberto em julho de 1951. Vendido para a empresa Cinemas Rossi, foi reinaugurado em março de 1953, agora com o nome de Cine Teatro Real, com o filme "É Fogo na Roupa", um musical carnavalesco de 1952 de produção nacional que tinha números musicais com Elizeth Cardoso, Emilinha Borba, Virgínia Lane e os artistas Ankito, Ivon Cury, Heloísa Helena, Adelaide Chiozzo, Antonio Spina e Bené Nunes.

O Cine Real ficaria em atividade até 1970 quando foi transformado em um banco.

O Cine Coliseu patrocinou duas competições amistosas: a Estatueta Cine Coliseu, em 1920, e a Medalha Cine Coliseu em 1940.