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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Cyril John Barrick''', também conhecido como '''“Mister Barrick”''' ou '''“Velho Jack”''' (Northampton, Inglaterra, 16 de julho de 1900 Northampton, Inglaterra, 5 de novembro de 1976), foi um famoso árbitro inglês que trabalhou no Rio Grande do Sul durante o final da década de 1940. Barrick comandou os dois jogos de inauguração do {{Estádio Celso Fiori}} em 1949.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
O árbitro faria sua estreia internacional entre seleções aos 46 anos, em 1947, quando dirigiu um amistoso entre Portugal e Suíça na cidade portuguesa de Oeiras que terminou empatado por 2 a 2. Ele comandaria apenas outros dois jogos entre selecionados europeus: Irlanda 3-2 Espanha e França 1-0 Portugal, ambos também em 1947.
 
Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
No ano seguinte, inspirada na iniciativa da Federação Metropolitana de Futebol do Rio de Janeiro, a Federação Rio Grandense de Futebol (FRGF) decidiu qualificar seu quadro de arbitragem contratando árbitros ingleses para dirigirem partidas na capital gaúcha. Barrick (que veio do Rio de Janeiro, onde atuava com outros três conterrâneos, e também passaria por gramados paulistas, mineiros e onde mais fosse contratado) foi um deles, tornando-se figura constante nos estádios de Porto Alegre e, pontualmente, em jogos dos times da capital no interior ou qualquer encontro que exigisse um “apitador mais gabaritado” (e, claro, desde que devidamente pago).


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Foi assim que Barrick arbitrou, por exemplo, no dia 10 de novembro de 1949, o amistoso entre o Pelotas e o Internacional no Estádio Boca do Lobo. Pouco tempo depois, marcaria presença em Passo Fundo. Em 19 de novembro, o inglês dirigiu o jogo entre {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}} e Internacional (vitória colorada por 8 a 2), o primeiro disputado no Estádio Celso Fiori, que seria oficialmente inaugurado no dia seguinte, quando o {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}} também enfrentou o time colorado (que novamente venceu, agora por 8 a 1), outra vez com Barrick no apito.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Antes, também em 1949, contratado pela Confederação Brasileira de Desportos, Barrick apitaria 11 jogos do Campeonato Sul-Americano, incluindo a final no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, quando o Brasil venceu o Paraguai por 7 a 0 e conquistou seu terceiro título continental. Ele também comandaria os jogos pela Copa Rio Branco entre Brasil e Uruguai pouco antes da Copa do Mundo de 1950.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Ainda em 1950, considerado o árbitro oficial da Federação Rio Grandense, Barrick se queixava da quantidade de jogos em que era escalado. À reportagem do Correio do Povo, dizia que chegava a atuar mais de três vezes por semana, o que era “fora dos termos de compromisso” com a FRGF. Assim mesmo, o árbitro cumpriria seu contrato até o fim do ano, voltando para a Inglaterra, onde viviam sua esposa e filho.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
'''Controvérsias'''


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
No início de sua carreira no Brasil, considerado um profundo conhecedor das regras do jogo, Barrick era anunciado pelos jornais gaúchos como “o árbitro número 1 do mundo”, claramente um exagero. Além dos poucos jogos internacionais entre seleções no currículo (nunca teve presença em Copa do Mundo ou edição dos Jogos Olímpicos, por exemplo), o árbitro tinha participado de apenas uma grande decisão entre clubes, a Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1948.


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
No mesmo ano de 1948, Barrick criou uma grande confusão na final do Campeonato Mineiro. O Atlético jogava por um empate para ficar com o título, mas viu o América abrir 2 a 0. O público era superior a 15 mil pagantes e parte do alambrado cedeu. Barrick interrompeu a partida, para que as vítimas fossem socorridas e para que se retirassem do campo os torcedores que haviam invadido a pista. O galo diminuiu ainda no primeiro tempo. Ao fim dos 45 minutos regulamentares, o árbitro determinou a troca de lado e reiniciou o jogo sem intervalo, uma vez que a partida ficara interrompida cerca de 20 minutos. No começo do segundo tempo houve outra confusão. Em um ataque do América, uma bola chutada para fora bateu na perna de um guarda que assistia à partida praticamente no campo e voltou para dentro do gol, que foi validado: 3 a 1. Aos 23 minutos, o clímax. O Atlético marca seu segundo gol, anulado pelo árbitro, que havia marcado impedimento em um lance anterior. Os jogadores alvinegros partiram para nova reclamação e abandonaram o campo, que então foi encerrado pelo inglês.


== A aventura na Argentina ==
Finalmente, em 1951, chegou-se a cogitar a possibilidade de Barrick criar uma escola de árbitros no Rio de Janeiro ligada à Federação Metropolitana de Futebol ou mesmo à Confederação Brasileira de Desportos.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


==== Os jogos: ====
Interessado na possibilidade de bons ganhos financeiros, o inglês escreveu uma carta para a FMF onde “excedia-se nos elogios a si próprio”, como frisou o jornal carioca Diário da Noite, com afirmações como “asseguro a vocês que a só a minha presença nos campos do Rio irá aumentar ainda mais os inúmeros torcedores cariocas e, por conseguinte, o dinheiro que a FMF gastar comigo voltará para ela em poucos meses”. Esta parte da carta, inclusive, teria sido o suficiente para que a federação do estado não mais contratasse Barrick para apitar os jogos de suas competições.
'''NEWELL'S OLD BOYS 1-0 FERRO CARRIL OESTE'''


* '''Data:''' 24.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio El Coloso del Parque, Rosário (ARG); '''Árbitro:''' Brusca; '''Gol''': Ramírez 4 (1-0); '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair; De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra; '''Ferro Carril Oeste:''' O. Pérez; Vasallo e Sartirana; Allende, Collado e Siles; R. Pérez, Noguera, Vidal, Tartaglia e Aimonetti
A carta terminava de uma maneira nada simpática: “Ultimamente tenho estado muito ocupado, recebendo convites e correspondência de todas as partes do mundo para comparecer a banquetes e como convidado de honra”, finalizando que poderia apitar no máximo duas vezes por semana (ele já tinha 51 anos de idade) porque não era “nenhum super-humano”.


'''LANÚS 2-0 NEWELL'S OLD BOYS'''
Cansado de esperar uma resposta dos cariocas, Barrick enviou nova correspondência ao departamento de árbitros da FMF informando que havia aceitado ser treinador de um clube da segunda divisão da Liga Inglesa.


* '''Data''': 31.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio La Fortaleza, Lanús (ARG); '''Árbitro:''' Minutella; '''Gols:''' Garmendia 27 (1-0), Silva 44 (2-0); '''Lanús:''' Ovejero; Lorenzatto e Carnevale; Ostúa, Cornejo e E. Suárez; Minitti, Garmendia, Silva, De Mario e Basurte; '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair, De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra
Assim, terminava no país a carreira do, talvez, mais famoso árbitro estrangeiro a apitar no futebol brasileiro e que teve uma rápida passagem por Passo Fundo.
 
== Carreira como jogador ==
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== Carreira como técnico ==
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[[Categoria:Árbitros]]
[[Categoria:Árbitros]]
[[Categoria:Fisioterapeutas]]
[[Categoria:Imprensa]]


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Edição atual tal como às 20h07min de 7 de julho de 2024

Cyril John Barrick
Informações pessoais
Nome completo Cyril John Barrick
Nascimento 16.07.1900
Local Northampton, Inglaterra
Falecimento 05.11.1976, aos 76 anos
Local Northampton, Inglaterra
Ocupação Árbitro

Cyril John Barrick, também conhecido como “Mister Barrick” ou “Velho Jack” (Northampton, Inglaterra, 16 de julho de 1900 — Northampton, Inglaterra, 5 de novembro de 1976), foi um famoso árbitro inglês que trabalhou no Rio Grande do Sul durante o final da década de 1940. Barrick comandou os dois jogos de inauguração do Estádio Celso Fiori em 1949.

História

O árbitro faria sua estreia internacional entre seleções aos 46 anos, em 1947, quando dirigiu um amistoso entre Portugal e Suíça na cidade portuguesa de Oeiras que terminou empatado por 2 a 2. Ele comandaria apenas outros dois jogos entre selecionados europeus: Irlanda 3-2 Espanha e França 1-0 Portugal, ambos também em 1947.

No ano seguinte, inspirada na iniciativa da Federação Metropolitana de Futebol do Rio de Janeiro, a Federação Rio Grandense de Futebol (FRGF) decidiu qualificar seu quadro de arbitragem contratando árbitros ingleses para dirigirem partidas na capital gaúcha. Barrick (que veio do Rio de Janeiro, onde atuava com outros três conterrâneos, e também passaria por gramados paulistas, mineiros e onde mais fosse contratado) foi um deles, tornando-se figura constante nos estádios de Porto Alegre e, pontualmente, em jogos dos times da capital no interior ou qualquer encontro que exigisse um “apitador mais gabaritado” (e, claro, desde que devidamente pago).

Foi assim que Barrick arbitrou, por exemplo, no dia 10 de novembro de 1949, o amistoso entre o Pelotas e o Internacional no Estádio Boca do Lobo. Pouco tempo depois, marcaria presença em Passo Fundo. Em 19 de novembro, o inglês dirigiu o jogo entre Gaúcho e Internacional (vitória colorada por 8 a 2), o primeiro disputado no Estádio Celso Fiori, que seria oficialmente inaugurado no dia seguinte, quando o 14 de Julho também enfrentou o time colorado (que novamente venceu, agora por 8 a 1), outra vez com Barrick no apito.

Antes, também em 1949, contratado pela Confederação Brasileira de Desportos, Barrick apitaria 11 jogos do Campeonato Sul-Americano, incluindo a final no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro, quando o Brasil venceu o Paraguai por 7 a 0 e conquistou seu terceiro título continental. Ele também comandaria os jogos pela Copa Rio Branco entre Brasil e Uruguai pouco antes da Copa do Mundo de 1950.

Ainda em 1950, considerado o árbitro oficial da Federação Rio Grandense, Barrick se queixava da quantidade de jogos em que era escalado. À reportagem do Correio do Povo, dizia que chegava a atuar mais de três vezes por semana, o que era “fora dos termos de compromisso” com a FRGF. Assim mesmo, o árbitro cumpriria seu contrato até o fim do ano, voltando para a Inglaterra, onde viviam sua esposa e filho.

Controvérsias

No início de sua carreira no Brasil, considerado um profundo conhecedor das regras do jogo, Barrick era anunciado pelos jornais gaúchos como “o árbitro número 1 do mundo”, claramente um exagero. Além dos poucos jogos internacionais entre seleções no currículo (nunca teve presença em Copa do Mundo ou edição dos Jogos Olímpicos, por exemplo), o árbitro tinha participado de apenas uma grande decisão entre clubes, a Copa da Inglaterra (FA Cup) em 1948.

No mesmo ano de 1948, Barrick criou uma grande confusão na final do Campeonato Mineiro. O Atlético jogava por um empate para ficar com o título, mas viu o América abrir 2 a 0. O público era superior a 15 mil pagantes e parte do alambrado cedeu. Barrick interrompeu a partida, para que as vítimas fossem socorridas e para que se retirassem do campo os torcedores que haviam invadido a pista. O galo diminuiu ainda no primeiro tempo. Ao fim dos 45 minutos regulamentares, o árbitro determinou a troca de lado e reiniciou o jogo sem intervalo, uma vez que a partida ficara interrompida cerca de 20 minutos. No começo do segundo tempo houve outra confusão. Em um ataque do América, uma bola chutada para fora bateu na perna de um guarda que assistia à partida praticamente no campo e voltou para dentro do gol, que foi validado: 3 a 1. Aos 23 minutos, o clímax. O Atlético marca seu segundo gol, anulado pelo árbitro, que havia marcado impedimento em um lance anterior. Os jogadores alvinegros partiram para nova reclamação e abandonaram o campo, que então foi encerrado pelo inglês.

Finalmente, em 1951, chegou-se a cogitar a possibilidade de Barrick criar uma escola de árbitros no Rio de Janeiro ligada à Federação Metropolitana de Futebol ou mesmo à Confederação Brasileira de Desportos.

Interessado na possibilidade de bons ganhos financeiros, o inglês escreveu uma carta para a FMF onde “excedia-se nos elogios a si próprio”, como frisou o jornal carioca Diário da Noite, com afirmações como “asseguro a vocês que a só a minha presença nos campos do Rio irá aumentar ainda mais os inúmeros torcedores cariocas e, por conseguinte, o dinheiro que a FMF gastar comigo voltará para ela em poucos meses”. Esta parte da carta, inclusive, teria sido o suficiente para que a federação do estado não mais contratasse Barrick para apitar os jogos de suas competições.

A carta terminava de uma maneira nada simpática: “Ultimamente tenho estado muito ocupado, recebendo convites e correspondência de todas as partes do mundo para comparecer a banquetes e como convidado de honra”, finalizando que poderia apitar no máximo duas vezes por semana (ele já tinha 51 anos de idade) porque não era “nenhum super-humano”.

Cansado de esperar uma resposta dos cariocas, Barrick enviou nova correspondência ao departamento de árbitros da FMF informando que havia aceitado ser treinador de um clube da segunda divisão da Liga Inglesa.

Assim, terminava no país a carreira do, talvez, mais famoso árbitro estrangeiro a apitar no futebol brasileiro e que teve uma rápida passagem por Passo Fundo.