Prinche (Credomiro Machado): mudanças entre as edições
mSem resumo de edição |
mSem resumo de edição |
||
Linha 187: | Linha 187: | ||
| style="text-align:center;" |'''2''' | | style="text-align:center;" |'''2''' | ||
|} | |} | ||
''*Os jogos do Rio Grandense estão sendo computados e as estatísticas devem aparecer em breve.'' | |||
[[Categoria:Personagens]] | [[Categoria:Personagens]] | ||
[[Categoria:Nascidos em | [[Categoria:Nascidos em 1922]] | ||
[[Categoria:Nascidos em | [[Categoria:Nascidos em Passo Fundo]] | ||
[[Categoria:Falecidos em | [[Categoria:Falecidos em 2007]] | ||
[[Categoria:Hall da Fama]] | [[Categoria:Hall da Fama]] | ||
[[Categoria:Jogadores do 14 de Julho]] | [[Categoria:Jogadores do 14 de Julho]] | ||
[[Categoria:Jogadores do Rio Grandense]] | [[Categoria:Jogadores do Rio Grandense]] | ||
[[Categoria:Jogadores da | [[Categoria:Jogadores da Seleção de Passo Fundo]] | ||
__NOTOC__ | __NOTOC__ |
Edição das 19h55min de 7 de julho de 2024
Credomiro Machado, também conhecido como Prinche (Passo Fundo, 12 de janeiro de 1922 — Passo Fundo, 11 de junho de 2007), foi um centromédio que começou no Rio Grandense, mas fez carreira no Gaúcho e no 14 de Julho. Ficou famoso pela sua categoria, e, principalmente, pela sua violência dentro de campo.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
Prinche nasceu em Passo Fundo, em 12 de janeiro de 1922. Seu nome era Credomiro Machado, mas, além de Prinche, ficou conhecido como Clodomiro Machado. Alto, forte, negro, nasceu sob o signo da bola. E, ela (a bola) foi apresentada a Prinche quando ele ainda era criança e ganhou o apelido, pois dizia ser “preto como um ‘prinche’” em vez de “piche”.
Ele contava esta história do apelido e dava gostosas gargalhadas. Começou jogando na várzea e depois no Rio Grandense. Aos 20 anos de idade tinha ficha assinada com o Sport Club Gaúcho. Prinche tinha imensa técnica. Dominava o meio de campo como poucos. Tratava a bola com carinho. Sabia driblar, seu passe era preciso. Se posicionava muito bem. Embora fosse um jogador clássico, corria pouco. Estava sempre no atalho. Alimentava seu ataque com a precisão de um artesão. Enfim, Prinche era um craque em sua época.
Mas, Prinche tinha o lado mau. Não perdia a viagem, batia nos adversários aproveitando seu corpanzil, era viril, violento, briguento, seguidamente arrumava uma confusão no campo. São inúmeras as histórias da violência de Prinche. Ele mesmo gostava de contá-las.
Vamos ao lado do belíssimo futebol de Prinche e sua carreira. Saiu do Gaúcho e foi jogar no Tabajara, de Getúlio Vargas. Depois, no 14 de Julho de Passo Fundo. Foi campeão regional, em 1947. Jogou no Guarany de Cruz Alta, Riograndense de Santa Maria, Grêmio Esportivo Pedro Osório, de Tupanciretã, Internacional de Santa Maria, Grêmio Santanense, Grêmio Bagé (fez parte do time chamado de “Milionários”, em razão dos vários jogadores uruguaios que faziam parte do elenco), Internacional de Porto Alegre, no tempo do “Rolo Compressor”, mas sua participação se deu mais tempo em jogos dos aspirantes, e, finalmente retornou ao Gaúcho ajudando o clube a reconquistar o campeonato citadino. Em todos esses clubes Prinche foi titular e, algumas vezes, campeão da cidade.
Prinche tinha muito orgulho de sua carreira, especialmente sua passagem pelo Grêmio Bagé e Internacional de Porto Alegre. Certo dia, realizando minhas pesquisas, localizei um documento de transferência de Prinche do 14 de Julho para o Internacional. Tirei uma cópia e levei a ele. Ficou muito feliz e mandou emoldurar o documento. Lamentava não ter fotos no Internacional.
O lado violento
Tinha também o lado violento. E, algumas histórias me foram contadas e elas resumem bem como Prinche era dentro de campo, além de sua classe com a bola. José Ernani Garcez Ferreira, o Nando, era lateral-direito do time juvenil do Gaúcho em 1961. Num treinamento, estava no time titular. Prinche dominou a bola, olhou para Nando e tocou-lhe curta. A bola ficou entre Nando e o adversário. Nando, mais ágil, chegou um segundo na frente e conseguiu tirar o marcador da jogava e tocou de volta a Prinche. Este deu um bico na bola mandando-a para fora e, de dedo em riste, com o rosto crispado de raiva, dirigiu-se a Nando e disse: “Piá de merda. Eu dei dividida para ti quebrar a perna dele. Por que tu não quebrou?”
Em 1955, Prinche estava no 14 de Julho. Houve um jogo amistoso entre um selecionado da cidade contra o Olaria, do Rio de Janeiro. No clube carioca, um jogador chamava a atenção. Chamava-se Olavo, jogava como centromédio, assim como Prinche, e era tido e havido como o jogador mais violento do futebol brasileiro. Tanto que a Federação Carioca o baniu das atividades esportivas. Cada domingo tinha um jogador de perna quebrada. Pois no Estádio Celso Fiori, à noite, com uma iluminação paupérrima, Olavo deparou-se com Prinche na sua frente. Sabedor da fama de Olavo, na primeira disputa de bola Prinche o jogou no alambrado. Olavo se lesionou, mas voltou a campo, com um olhar que acabaria com Prinche. Ao se depararem no meio de campo, Prinche foi mais ágil e mais uma vez Olavo estava caído próximo ao alambrado. E, não retornou mais ao campo. Prinche também se orgulhava disso e soltava sua sonora gargalhada.
Essa era narrada pelo advogado Dr. Alberi Ribeiro. Alberi jogava no Gaúcho. Era bom de bola, ágil, driblador, mas muito franzino. Num jogo contra o Atlântico, Alberi foi “caçado” o tempo todo pelo jogador Dirceu, apelidado de “Burro Branco”, que também batia com muita vontade. Alberi apanhou tanto que pediu para deixar o campo. Prinche chegou ao seu ouvido e disse: “Vai lá guri. Dê uma no meio do Burro Branco. O resto deixa comigo.” Cheio de coragem, Alberi acertou o baixo ventre de Burro Branco, que urrava de dor e de raiva. Recuperado, só tinha olhos para Alberi. Escondido atrás de Prinche, Alberi pediu a ele para segurar o adversário. Prinche olhou para Alberi e soltou essa: “Te vira guri. Tu que deu nele, te aguenta.” Alberi não teve alternativa, correu para o vestiário com Burro Branco atrás. Apenas os dirigentes e os brigadianos para segurarem Burro Branco.
Esse era Prinche. Passou a ser funcionário municipal e nas horas de folga batia sua bolinha com os veteranos, que se cuidavam, senão o bicho pegava. Até nas brincadeiras Prinche batia. Aposentou-se na Prefeitura Municipal e veio a falecer no dia 11 de junho de 2007.
Honras
- Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1940 | Rio Grandense | ND | ND | ND | ND |
1940 | Gaúcho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1941 | Gaúcho | 12 | 0 | 0 | 0 |
1942 | 14 de Julho | 16 | 1 | 0 | 0 |
1944 | Gaúcho | 14 | 1 | 0 | 0 |
1945 | Gaúcho | 3 | 1 | 0 | 0 |
1946 | 14 de Julho | 6 | 0 | 0 | 0 |
1947 | 14 de Julho | 17 | 2 | 0 | 0 |
1950 | 14 de Julho | 4 | 3 | 0 | 0 |
1953 | 14 de Julho | 1 | 0 | 0 | 0 |
1955 | Seleção de Passo Fundo | 1 | 0 | 0 | 0 |
1956 | 14 de Julho | 3 | 0 | 0 | 0 |
1959 | Gaúcho | 10 | 1 | 0 | 0 |
1960 | Gaúcho | 8 | 1 | 0 | 2 |
1961 | Gaúcho | 10 | 0 | 0 | 0 |
Total | 106 | 10 | 0 | 2 |
*Os jogos do Rio Grandense estão sendo computados e as estatísticas devem aparecer em breve.