Meca (Américo Martins de Oliveira): mudanças entre as edições

De Futebol de Passo Fundo
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(Criou página com ''''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 — Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do Gaúcho. {| class="wikitable" style="float: right; margin-left: 20px; margin-top: -5px; width=100%" ! colspan="2" |Adair |- align="center" | colspan="2" |semmoldura |- ! colspan="2" |<small>Informações pessoais</small> |- |'''<small>Nome...')
 
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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Américo Martins de Oliveira''', também conhecido como '''Meca''' (Carazinho-RS, 12 de outubro de 1938 Passo Fundo, 9 de setembro de 2016), foi um dos grandes goleadores do futebol de Passo Fundo, ainda que atuando pela ponta direita. Vindo de Carazinho, começou e se destacou no {{14 de Julho (Grêmio Esportivo e Recreativo 14 de Julho)}}, para se tornar imortal no {{Gaúcho (Sport Clube Gaúcho)}}. É o terceiro maior goleador conhecido do clube e está na {{Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho}}. Faz parte também da {{Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho}}, sendo o único atleta a estar em ambas seleções.


Simples, elegante, inteligente, educado, bem humorado e sempre sorridente, também era chamado de "Sete de Ouro", pelo número da sua camisa, ou ainda de "Garrincha dos Pobres" ou "Garrincha de Passo Fundo", apelidos que o divertiam muito.
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|<small>Adair Lopes Bicca</small>
|<small>Américo Martins de Oliveira</small>
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|<small>05.10.2017, aos 71 anos</small>
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|'''<small>Posição</small>'''
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|<small>Centromédio</small>
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|'''<small>Equipes</small>'''
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|<small>1976-1976: Gaúcho</small>
|<small>1959-1961: 14 de Julho</small><br><small>1962-1970: Gaúcho</small>
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|<small>1976-1976: Gaúcho</small>
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*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''


Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
Aquele menino franzino, com pernas ligeiramente arqueadas, em razão de uma perna ser pouco menor que a outra, era o xodó do tio Benjamin. Beijo, como era conhecido Benjamin, era um possante médio do time chamado Flor de Liz, oriundo do clube dos negros de Carazinho. Meco tinha uns 14 ou 15 anos, pois nascera em 12 de outubro de 1938. Era assim mesmo. Meco, diminutivo de Américo.


Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
Jogava na ponta direita e “comia a bola” no meio dos adultos. Benjamin, torcedor do Veterano, levou o garoto para fazer testes no clube. Alguém, desavisadamente, num treino, o chamou de Meca, e assim ficou. Meca foi titular do jalde-negro entre 1955 e 1958.


Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
No meio do ano, o 14 de Julho interessou-se pelo seu futebol e foi a Carazinho buscá-lo. Ofereceu não um bom salário, mas sim um emprego na Cia. Sulina de Transportes, da família Andreis, torcedores quatorzeanos. Meca foi de encontro ao presidente do Veterano, Seu Camacho, veteranista de quatro costados, mas, nascido em Passo Fundo, e quando jovem, jogador do segundo quadro do 14 de Julho. Se era para sair para o 14, não tinha problemas. Meca fez sua mala e veio residir em Passo Fundo, jogar no 14 de Julho e trabalhar na Sulina. Claro, ele tinha algumas regalias, como, por exemplo, sair do trabalho no meio da tarde para treinar na Baixada, o {{Estádio Celso Fiori}}.


Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
Foi campeão citadino em 1959 e 1960 e jogou muita bola no 14. O lado direito do ataque era formado por Meca e {{Caíco (Carlos Bairon Marques)}}. Jogadores muito habilidosos, dribladores e artilheiros.


Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
No começo da temporada de 1962, os jornais abriram manchete para a saída de Meca do 14. Ele e o zagueiro {{Vadecão (Oswaldo Spannenberg)}}, outro ídolo rubro, foram direto para o Gaúcho. Foi um tumulto entre os torcedores quatorzeanos que não se conformavam em perder seus consagrados jogadores. Mas, não teve jeito. Naquele ano de 1962, Meca vestia verde e branco.


Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.
Jogou no Gaúcho o restante da carreira. No alviverde teve momentos espetaculares. Foi bicampeão regional em 1965 e 1966. Enfrentou o Palmeiras e sua Academia da Bola em 1965, foi vice-campeão estadual da segunda divisão, também em 1965, e campeão estadual da Segundona, em 1966. Jogou, a partir daí, contra o Grêmio de Ortunho e o Internacional de Sadi, dois laterais que sofreram para marcá-lo. Fez muitos gols e inúmeras assistências para bolas que terminaram no fundo da rede. Jogador indispensável para o Gaúcho, mas sempre trabalhando na Cia. Sulina. Aliás, como ele mesmo contou, em 1967, deixou o emprego para ser apenas jogador de futebol profissional. Porém, nunca recebia em dia, ganhava apenas vales e passou a ter dificuldades em sustentar a família. Voltou correndo para a Sulina.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
No final de 1970, então com 32 anos de idade, Meca resolveu pendurar as chuteiras. Nada de jogo despedida contra algum adversário do mesmo quilate do Gaúcho. Solicitou à direção alviverde que marcasse um jogo contra o União da Vila Santa Maria, time que disputava o estadual de amadores. Assim mesmo. Meca era humilde demais para pompas e circunstâncias. Escolheu para despedida o União. Ao final daquele jogo, retirou as chuteiras dos pés, e as segurando nas mãos, deu a volta olímpica no gramado do {{Estádio Wolmar Salton (1957)}}. Antes de ingressar no túnel de acesso ao vestiário, entregou as chuteiras a um atleta do União.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Voltou então e trabalhar somente na Cia. Sulina e jogar com os veteranos, além de futebol sete em clubes sociais da cidade. Quando a Sulina fechou, foi trabalhar em outras empresas de transportes. Afinal, além da bola era isso que sabia e estava acostumado a fazer, as conferências de mercadorias. Meca era extremamente organizado. Ao final de cada jogo, escrevia em papeizinhos (aqueles de fazer jogo do bicho), o resultado de cada jogo, a escalação de seu time e quem marcou os gols. Tinha tudo isso em casa.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
Mas, como tudo é finito neste mundo Meca adoeceu e partiu para o terreno espiritual no dia 9 de setembro de 2016, pouco antes de completar 78 anos de idade. Além de ídolo das duas maiores torcidas da cidade, foi um ser humano do que há de melhor na espécie. Ria muito quando chamado de Garrincha dos Pobres, era amigo de todos graças a sua humildade e honestidade.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
== Honras ==


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
* 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
 
* 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
== A aventura na Argentina ==
* 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.
* 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
 
* Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
==== Os jogos: ====
* Integrante da Seleção do Século do Gaúcho como atacante
'''NEWELL'S OLD BOYS 1-0 FERRO CARRIL OESTE'''
* Integrante da Seleção do Século do 14 de Julho como atacante
 
* '''Data:''' 24.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio El Coloso del Parque, Rosário (ARG); '''Árbitro:''' Brusca; '''Gol''': Ramírez 4 (1-0); '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair; De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra; '''Ferro Carril Oeste:''' O. Pérez; Vasallo e Sartirana; Allende, Collado e Siles; R. Pérez, Noguera, Vidal, Tartaglia e Aimonetti
 
'''LANÚS 2-0 NEWELL'S OLD BOYS'''
 
* '''Data''': 31.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio La Fortaleza, Lanús (ARG); '''Árbitro:''' Minutella; '''Gols:''' Garmendia 27 (1-0), Silva 44 (2-0); '''Lanús:''' Ovejero; Lorenzatto e Carnevale; Ostúa, Cornejo e E. Suárez; Minitti, Garmendia, Silva, De Mario e Basurte; '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair, De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra


== Carreira como jogador ==
== Carreira como jogador ==
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== Carreira como técnico ==
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Edição das 21h35min de 4 de julho de 2024

Américo Martins de Oliveira, também conhecido como Meca (Carazinho-RS, 12 de outubro de 1938 — Passo Fundo, 9 de setembro de 2016), foi um dos grandes goleadores do futebol de Passo Fundo, ainda que atuando pela ponta direita. Vindo de Carazinho, começou e se destacou no 14 de Julho, para se tornar imortal no Gaúcho. É o terceiro maior goleador conhecido do clube e está na Seleção de Todos os Tempos do Gaúcho. Faz parte também da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho, sendo o único atleta a estar em ambas seleções.

Simples, elegante, inteligente, educado, bem humorado e sempre sorridente, também era chamado de "Sete de Ouro", pelo número da sua camisa, ou ainda de "Garrincha dos Pobres" ou "Garrincha de Passo Fundo", apelidos que o divertiam muito.

Meca
Informações pessoais
Nome completo Américo Martins de Oliveira
Nascimento 12.10.1938
Local Carazinho-RS
Falecimento 09.09.2016, aos 77 anos
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Ponta direita
Equipes 1959-1961: 14 de Julho
1962-1970: Gaúcho

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Aquele menino franzino, com pernas ligeiramente arqueadas, em razão de uma perna ser pouco menor que a outra, era o xodó do tio Benjamin. Beijo, como era conhecido Benjamin, era um possante médio do time chamado Flor de Liz, oriundo do clube dos negros de Carazinho. Meco tinha uns 14 ou 15 anos, pois nascera em 12 de outubro de 1938. Era assim mesmo. Meco, diminutivo de Américo.

Jogava na ponta direita e “comia a bola” no meio dos adultos. Benjamin, torcedor do Veterano, levou o garoto para fazer testes no clube. Alguém, desavisadamente, num treino, o chamou de Meca, e assim ficou. Meca foi titular do jalde-negro entre 1955 e 1958.

No meio do ano, o 14 de Julho interessou-se pelo seu futebol e foi a Carazinho buscá-lo. Ofereceu não um bom salário, mas sim um emprego na Cia. Sulina de Transportes, da família Andreis, torcedores quatorzeanos. Meca foi de encontro ao presidente do Veterano, Seu Camacho, veteranista de quatro costados, mas, nascido em Passo Fundo, e quando jovem, jogador do segundo quadro do 14 de Julho. Se era para sair para o 14, não tinha problemas. Meca fez sua mala e veio residir em Passo Fundo, jogar no 14 de Julho e trabalhar na Sulina. Claro, ele tinha algumas regalias, como, por exemplo, sair do trabalho no meio da tarde para treinar na Baixada, o Estádio Celso Fiori.

Foi campeão citadino em 1959 e 1960 e jogou muita bola no 14. O lado direito do ataque era formado por Meca e Caíco. Jogadores muito habilidosos, dribladores e artilheiros.

No começo da temporada de 1962, os jornais abriram manchete para a saída de Meca do 14. Ele e o zagueiro Vadecão, outro ídolo rubro, foram direto para o Gaúcho. Foi um tumulto entre os torcedores quatorzeanos que não se conformavam em perder seus consagrados jogadores. Mas, não teve jeito. Naquele ano de 1962, Meca vestia verde e branco.

Jogou no Gaúcho o restante da carreira. No alviverde teve momentos espetaculares. Foi bicampeão regional em 1965 e 1966. Enfrentou o Palmeiras e sua Academia da Bola em 1965, foi vice-campeão estadual da segunda divisão, também em 1965, e campeão estadual da Segundona, em 1966. Jogou, a partir daí, contra o Grêmio de Ortunho e o Internacional de Sadi, dois laterais que sofreram para marcá-lo. Fez muitos gols e inúmeras assistências para bolas que terminaram no fundo da rede. Jogador indispensável para o Gaúcho, mas sempre trabalhando na Cia. Sulina. Aliás, como ele mesmo contou, em 1967, deixou o emprego para ser apenas jogador de futebol profissional. Porém, nunca recebia em dia, ganhava apenas vales e passou a ter dificuldades em sustentar a família. Voltou correndo para a Sulina.

No final de 1970, então com 32 anos de idade, Meca resolveu pendurar as chuteiras. Nada de jogo despedida contra algum adversário do mesmo quilate do Gaúcho. Solicitou à direção alviverde que marcasse um jogo contra o União da Vila Santa Maria, time que disputava o estadual de amadores. Assim mesmo. Meca era humilde demais para pompas e circunstâncias. Escolheu para despedida o União. Ao final daquele jogo, retirou as chuteiras dos pés, e as segurando nas mãos, deu a volta olímpica no gramado do Estádio Wolmar Salton. Antes de ingressar no túnel de acesso ao vestiário, entregou as chuteiras a um atleta do União.

Voltou então e trabalhar somente na Cia. Sulina e jogar com os veteranos, além de futebol sete em clubes sociais da cidade. Quando a Sulina fechou, foi trabalhar em outras empresas de transportes. Afinal, além da bola era isso que sabia e estava acostumado a fazer, as conferências de mercadorias. Meca era extremamente organizado. Ao final de cada jogo, escrevia em papeizinhos (aqueles de fazer jogo do bicho), o resultado de cada jogo, a escalação de seu time e quem marcou os gols. Tinha tudo isso em casa.

Mas, como tudo é finito neste mundo Meca adoeceu e partiu para o terreno espiritual no dia 9 de setembro de 2016, pouco antes de completar 78 anos de idade. Além de ídolo das duas maiores torcidas da cidade, foi um ser humano do que há de melhor na espécie. Ria muito quando chamado de Garrincha dos Pobres, era amigo de todos graças a sua humildade e honestidade.

Honras

  • 9º jogador com maior número de jogos pelo Gaúcho (232)
  • 3º jogador com maior número de gols pelo Gaúcho (60)
  • 11º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (56)
  • 11º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (27)
  • Melhor jogador do Campeonato Gaúcho 2ª Divisão de 1966
  • Integrante da Seleção do Século do Gaúcho como atacante
  • Integrante da Seleção do Século do 14 de Julho como atacante

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1958 14 de Julho 2 0 0 0
1959 14 de Julho 16 9 0 0
1960 14 de Julho 22 12 0 0
1961 14 de Julho 16 6 0 0
1962 Gaúcho 15 4 0 0
1963 Gaúcho 16 8 0 0
1964 Gaúcho 18 4 0 0
1965 Gaúcho 20 7 0 0
1965 Seleção dos Pretos 1 0 0 0
1966 Gaúcho 38 15 0 0
1967 Gaúcho 30 6 0 0
1968 Gaúcho 42 6 0 0
1969 Gaúcho 31 7 0 0
1970 Gaúcho 22 3 0 0
Total 289 87 0 0