Fredolino Chimango: mudanças entre as edições

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'''Adair Lopes Bicca''' (São Gabriel-RS, 5 de janeiro de 1946 Sertão-RS, 5 de outubro de 2017), também conhecido como '''Adair''', foi centromédio e técnico do [[Sport Clube Gaúcho|Gaúcho]].
'''Fredolino Chimango''' (Tapejara-RS, 19 de abril de 1921 Montese, Itália, 15 de abril de 1945) foi um cabo do Exército Brasileiro morto em combate na Itália durante a campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seu nome batizava o antigo campo em frente ao quartel do Exército em Passo Fundo.


== História ==
== História ==
*''Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol''
Fredolino Chimango era o segundo dos 11 filhos do casal de agricultores Edmundo e Gabriela Francisca da Silva Chimango. Estudou numa escola de Rio do Peixe, até que se mudou com a família para o distrito de Água Santa, onde trabalhou em dois engenhos.
 
Em 1965, chegou ao Gaúcho um grande centromédio. Veio emprestado pelo Grêmio porto-alegrense, com boas credenciais, que se confirmaram em campo. Adair tinha muita técnica, marcador duro, porém leal e saía para o ataque com maestria, com bom arremate de fora da área. Jogador combativo e técnico. Chegou para ser titular e efetivamente o foi. Ao lado do experiente [[Gitinha (Manoel Bonifácio Porciúncula Nunez)|Gitinha]], formou meio de campo de luxo no alviverde. Foi campeão regional e vice-campeão estadual da segunda divisão, tendo jogado muito bem as duas partidas finais contra o Rio-Grandense de Rio Grande.
 
Adair era natural de São Gabriel e em sua terra jogou no time amador do Olaria. Era titular do time adulto com 14 anos de idade, em razão de seu bom porte físico. Levado à categoria de base do Grêmio, era tido como promessa de craque.
 
Em 1966, ano em que o Gaúcho foi campeão estadual, Adair não estava no grupo. O Grêmio exigira sua devolução e, pelo tricolor, sagrou-se campeão gaúcho daquele ano. Mas, Adair não era feliz no Grêmio. Deixara em Passo Fundo seu grande amor, sua namorada, que virou sua esposa, e também tinha saudade da idolatria que alcançara entre os torcedores alviverdes.
 
Retornou ao [[Estádio Wolmar Salton (1957)|Estádio Wolmar Salton]] em 1967, mais uma vez emprestado pelo Grêmio. Adair forçou sua volta ao clube do Boqueirão. Desta feita, ficou poucos meses. Era mais uma vez titular do time, jogando com [[Roberto (Manoel Roberto Antonello)|Roberto]] no meio de campo, quando o Newell’s Old Boys, de Rosário, Argentina, veio buscá-lo (leia mais abaixo). Os argentinos levaram Adair, do Grêmio e Carlos Castro, do Internacional.
 
Voltou ao futebol gaúcho para defender o Cachoeira. Ficou pouco tempo e foi contratado pelo Esportivo, de Bento Gonçalves. Atuou no grande time montado pelo clube no começo dos anos de 1970. Jogou na lateral-direita, pois o meio de campo era povoado por Paulo Araújo e Adilson, dois excelentes jogadores. Vestiam também a camisa alvianil talentos como Décio, Lairton, Gonha, Marcos e José, sendo treinado pelo mestre Ênio Andrade.
 
Seu último clube profissional foi o Encantado. Encerrou a carreira ainda jovem e com muita bola no corpo. Veio residir em Passo Fundo, terra de sua esposa. Foi treinador do Gaúcho, AESA, Santo Ângelo e São Borja. Enquanto estava na cidade, Adair jogava futebol pelos veteranos e futebol sete em clubes sociais. Ao mesmo tempo era funcionário público municipal, pois prestara concurso para tal.


Na década de 1990, quando o Gaúcho extinguiu seu departamento de futebol profissional, seus dirigentes montaram um bem-sucedido projeto de categorias de base. Suas várias categorias tiveram absoluto sucesso, conquistando títulos estaduais e até internacionais. Ao mesmo tempo revelou bons jogadores. O coordenador-técnico era Adair Bicca.
Mesmo não tendo idade suficiente para o serviço militar, Fredolino se apresentou voluntariamente no quartel do então {{8º Regimento (8º Regimento de Infantaria do Exército)}} de Passo Fundo. Ao completar 18 anos, foi convocado para servir em Quaraí-RS, sendo depois transferido para São João del-Rei-MG e, finalmente, para o Rio de Janeiro (então capital nacional). Depois de aproximadamente um ano no Rio, deu baixa e retornou parar trabalhar como serralheiro em Água Santa.


No ano 2000, o Gaúcho voltou ao futebol profissional e inacreditavelmente desmanchou todas as vitoriosas categorias de base. E Adair deixou o clube pela última vez.
Chimango foi um dos cerca de 100 homens da região de Passo Fundo que serviram à Força Expedicionária Brasileira na Itália entre 1944 e 1945. Chamado a incorporar-se à 1ª Divisão de Infantaria do Exército, os primeiros soldados brasileiros que lutariam na Europa, sua convocação só chegou depois da saída para a Europa. Assim, partiu para o Rio de Janeiro a tempo de fazer parte da 2ª Divisão que embarcou no dia 22 de setembro de 1944. Ele tinha a identificação 1G-293658.


Amigo de todos, frequentava rodas de “boleiros” no centro da cidade, após ter se aposentado do cargo público que exercia. Presidiu a [[Associação dos Veteranos de Futebol de Passo Fundo]] e estava sempre presente em diretorias, participando de festas e churrascos com os amigos, embora jamais tenha ingerido bebida alcoólica.
O soldado Chimango integrou o 11º Regimento de Infantaria, conhecido como Lapa Azul, responsável pela tomada de Monte Castello em Gaggio Montano, na Itália, em fevereiro de 1945. Ele também lutaria nas batalhas de Castelnuovo di Garfagnana e de Montese, onde morreram 60 soldados brasileiros no confronto com os alemães.


Num sábado de 2017, Adair esteve num churrasco na chácara do ex-jogador [[Vando (Wandenir Baptista Marques)|Vando]] e pegou uma carona até a cidade com o professor Carlos Alberto Romero. Desceu do carro e ninguém mais o viu. Adair ganhou todas as manchetes de jornais, matérias na televisão e em redes sociais. O seu misterioso desaparecimento causou comoção. Mesmo não fazendo transparecer, Adair estava com enorme depressão. Familiares, amigos e policiais realizaram várias buscas para encontrá-lo, mas tudo foi infrutífero.
O desaparecimento de Fredolino Chimango foi anunciado no retorno dos soldados da batalha de Montese. Era 16 de abril, três dias antes de Chimango completar 24 anos e apenas 19 dias antes do fim da Guerra na Europa com a rendição alemã. Durante muito tempo, existiram duas versões para sua morte: a de que teria sido atingido por uma rajada de metralhadora e a de que teria morrido por uma granada de artilharia, que depois se provaria a causa verdadeira.


Muitos meses depois, uma ossada foi encontrada próximo a um riacho na cidade de Sertão. O advogado da família, Ivens Ribas, reconheceu, após perícia na arcada dentária, a ossada de Adair. Uma morte sinistra e triste de um ídolo do futebol.
Os restos mortais de Chimango seriam identificados apenas décadas após o final da Guerra. Isto porque os alemães, ao recolherem seus mortos depois da batalha em Montese, encontraram o corpo de um brasileiro e o jogaram em uma ribanceira. Depois, o corpo, sem a placa de identificação, mas com o emblema da FEB visível no braço, foi recolhido por um morador italiano e sepultado.


== A aventura na Argentina ==
Em 1967, 12 anos depois que todos os corpos de soldados brasileiros serem retirados e levados para o Rio de Janeiro, a praça de Pistoia, onde até então repousavam os soldados brasileiros em um cemitério, foi reconstruída e o antigo morador alertou as autoridades sobre a sepultura de um soldado brasileiro. No dia 22 de maio daquele ano, depois de 18 horas de escavação, era encontrado o corpo do passo-fundense. Agora, ele repousa em um monumento construído no local, como símbolo da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial.
Em 1968, Adair se transferiu do Gaúcho para Rosário, na Argentina, para jogar no Newell's Old Boys. Foram dois jogos pelos "leprosos", apelido do time da província de Santa Fé, no Campeonato Metropolitano (o "Argentinão" tinha dois campeões, porque também era disputado o Campeonato Nacional). Nas duas partidas, Adair atuou como lateral-esquerdo sob a orientação do técnico brasileiro Roberto Belangero. O grande nome da equipe era o zagueiro e capitão Daniel Musante. O Newell's terminaria o campeonato em sétimo lugar. O vencedor foi o San Lorenzo. Ainda em 1968, Adair jogaria no Deportivo Italia da Venezuela. Depois, passaria pelo Cachoeira (1969), Esportivo (1970-1975) e Encantado, onde encerraria a carreira em 1975.


==== Os jogos: ====
Fredolino Chimango acabaria promovido por ato de bravura e condecorado com as Medalha de Campanha e a Cruz de Combate de 2ª Classe, oferecida aos militares que participaram coletivamente de feitos de excepcional destaque. A mãe, dona Gabriela, nunca soube que o filho morreu no confronto com os alemães.
'''NEWELL'S OLD BOYS 1-0 FERRO CARRIL OESTE'''


* '''Data:''' 24.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio El Coloso del Parque, Rosário (ARG); '''Árbitro:''' Brusca; '''Gol''': Ramírez 4 (1-0); '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair; De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra; '''Ferro Carril Oeste:''' O. Pérez; Vasallo e Sartirana; Allende, Collado e Siles; R. Pérez, Noguera, Vidal, Tartaglia e Aimonetti
Em maio de 1982, a seção de Passo Fundo da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil encaminhou um ofício para a prefeitura para que o nome do herói passo-fundense fosse dado a uma escola do município. Assim foi feito e, em julho, ele foi homenageado com a inauguração da escola municipal de primeiro grau incompleto do Núcleo Habitacional do Jaboticabal. Em outubro de 1991, o colégio passou a se chamar Escola Municipal de 1º Grau Fredolino Chimango. O militar também é lembrado em ruas em Tapejara-RS, São Gonçalo-RJ e São Paulo-SP.


'''LANÚS 2-0 NEWELL'S OLD BOYS'''
== Honras ==


* '''Data''': 31.03.1968; '''Competição:''' Campeonato Argentino; '''Local:''' Estádio La Fortaleza, Lanús (ARG); '''Árbitro:''' Minutella; '''Gols:''' Garmendia 27 (1-0), Silva 44 (2-0); '''Lanús:''' Ovejero; Lorenzatto e Carnevale; Ostúa, Cornejo e E. Suárez; Minitti, Garmendia, Silva, De Mario e Basurte; '''Newell's Old Boys:''' Bertoldi; Musante e Kairuz; Ramírez, Aguirre e Adair, De Castro, Punturero, Avallay, J.C. Fernández e Bezerra
* Homenageado com o nome de estádio do 8º Regimento de Infantaria do Exército


== Carreira como jogador ==
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[[Categoria:Técnicos do Gaúcho]]
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[[Categoria:Dirigentes do Independente]]
[[Categoria:Dirigentes do Rio Grandense]]
[[Categoria:Dirigentes da Liga Passo-Fundense de Futebol]]
[[Categoria:Fisioterapeutas]]
[[Categoria:Imprensa]]
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Edição atual tal como às 12h28min de 29 de julho de 2024

Fredolino Chimango
🏟️Nome de estádio
Informações pessoais
Nome completo Fredolino Chimango
Nascimento 19.04.1921
Local Tapejara-RS
Falecimento 15.04.1945, aos 23 anos
Local Montese, Itália
Ocupação Militar

Fredolino Chimango (Tapejara-RS, 19 de abril de 1921 — Montese, Itália, 15 de abril de 1945) foi um cabo do Exército Brasileiro morto em combate na Itália durante a campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Seu nome batizava o antigo campo em frente ao quartel do Exército em Passo Fundo.

História

Fredolino Chimango era o segundo dos 11 filhos do casal de agricultores Edmundo e Gabriela Francisca da Silva Chimango. Estudou numa escola de Rio do Peixe, até que se mudou com a família para o distrito de Água Santa, onde trabalhou em dois engenhos.

Mesmo não tendo idade suficiente para o serviço militar, Fredolino se apresentou voluntariamente no quartel do então 8º Regimento de Passo Fundo. Ao completar 18 anos, foi convocado para servir em Quaraí-RS, sendo depois transferido para São João del-Rei-MG e, finalmente, para o Rio de Janeiro (então capital nacional). Depois de aproximadamente um ano no Rio, deu baixa e retornou parar trabalhar como serralheiro em Água Santa.

Chimango foi um dos cerca de 100 homens da região de Passo Fundo que serviram à Força Expedicionária Brasileira na Itália entre 1944 e 1945. Chamado a incorporar-se à 1ª Divisão de Infantaria do Exército, os primeiros soldados brasileiros que lutariam na Europa, sua convocação só chegou depois da saída para a Europa. Assim, partiu para o Rio de Janeiro a tempo de fazer parte da 2ª Divisão que embarcou no dia 22 de setembro de 1944. Ele tinha a identificação 1G-293658.

O soldado Chimango integrou o 11º Regimento de Infantaria, conhecido como Lapa Azul, responsável pela tomada de Monte Castello em Gaggio Montano, na Itália, em fevereiro de 1945. Ele também lutaria nas batalhas de Castelnuovo di Garfagnana e de Montese, onde morreram 60 soldados brasileiros no confronto com os alemães.

O desaparecimento de Fredolino Chimango foi anunciado no retorno dos soldados da batalha de Montese. Era 16 de abril, três dias antes de Chimango completar 24 anos e apenas 19 dias antes do fim da Guerra na Europa com a rendição alemã. Durante muito tempo, existiram duas versões para sua morte: a de que teria sido atingido por uma rajada de metralhadora e a de que teria morrido por uma granada de artilharia, que depois se provaria a causa verdadeira.

Os restos mortais de Chimango seriam identificados apenas décadas após o final da Guerra. Isto porque os alemães, ao recolherem seus mortos depois da batalha em Montese, encontraram o corpo de um brasileiro e o jogaram em uma ribanceira. Depois, o corpo, sem a placa de identificação, mas com o emblema da FEB visível no braço, foi recolhido por um morador italiano e sepultado.

Em 1967, 12 anos depois que todos os corpos de soldados brasileiros serem retirados e levados para o Rio de Janeiro, a praça de Pistoia, onde até então repousavam os soldados brasileiros em um cemitério, foi reconstruída e o antigo morador alertou as autoridades sobre a sepultura de um soldado brasileiro. No dia 22 de maio daquele ano, depois de 18 horas de escavação, era encontrado o corpo do passo-fundense. Agora, ele repousa em um monumento construído no local, como símbolo da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial.

Fredolino Chimango acabaria promovido por ato de bravura e condecorado com as Medalha de Campanha e a Cruz de Combate de 2ª Classe, oferecida aos militares que participaram coletivamente de feitos de excepcional destaque. A mãe, dona Gabriela, nunca soube que o filho morreu no confronto com os alemães.

Em maio de 1982, a seção de Passo Fundo da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil encaminhou um ofício para a prefeitura para que o nome do herói passo-fundense fosse dado a uma escola do município. Assim foi feito e, em julho, ele foi homenageado com a inauguração da escola municipal de primeiro grau incompleto do Núcleo Habitacional do Jaboticabal. Em outubro de 1991, o colégio passou a se chamar Escola Municipal de 1º Grau Fredolino Chimango. O militar também é lembrado em ruas em Tapejara-RS, São Gonçalo-RJ e São Paulo-SP.

Honras

  • Homenageado com o nome de estádio do 8º Regimento de Infantaria do Exército