Vadecão (Oswaldo Spannenberg): mudanças entre as edições
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Edição atual tal como às 21h55min de 23 de julho de 2024
Oswaldo Spannenberg, também conhecido como Vadecão (Passo Fundo, 22 de fevereiro de 1938), é um ex-defensor que jogou como lateral direito, esquerdo, zagueiro e centromédio. Começou como amador no Rio Grandense, foi ídolo no 14 de Julho no final da década de 1950 e início da de 1960, até que se transferiu para o Gaúcho, o que causou um “escândalo midiático” na época. Depois, voltaria ao time rubro para encerrar a carreira. Faz parte da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho e do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
Vadecão e seus irmãos passaram a infância jogando bola no famoso “campo das tunas”, proximidades da gare da viação férrea. Orlando, o irmão mais velho, e Vadecão, o segundo, eram os bons de bola da turma. E, em razão das proximidades do campo do Rio Grandense, frequentavam os jogos e o futebol era o lazer e, ser jogador, o sonho infantil.
Quando se tornaram adultos, Orlando e Vadecão foram jogar no Guarani, clube que disputava o aguerrido futebol municipal da várzea. Foi Vadecão o convidado a envergar a camisa verde e vermelha do Rio Grandense. Com muito orgulho, disputou pelo clube o campeonato citadino de amadores. Seu time não conquistou o título, mas Vadecão foi muito bem e, convidado a jogar pelo 14 de Julho, como jogador profissional.
Era o ano de 1956. Vadecão nos gramados e Oswaldo Spannenberg na S.A. Moinhos Riograndense, a Samrig. Pela empresa, era titular do time de futebol, e, nos festejos de 1º de maio, Dia do Trabalhador, titular absoluto da zaga da seleção dos industriários e comerciários.
Jogava nas duas laterais, no miolo da zaga e como centromédio. Jogador forte, marcador severo, e com a bola nos pés tinha grande discernimento técnico. Era muito bom jogador e titular do 14 de Julho.
Veio 1957, ano do Centenário de Passo Fundo. Muitos festejos, exposição feira, bailes, rainhas eleitas, desfiles e, claro, muitos eventos esportivos. Exatamente no dia 7 de agosto, data do centenário de emancipação, o 14 de Julho recebeu o Cruzeiro de Porto Alegre no Estádio Celso Fiori. O Cruzeiro era um grande time, treinado pelo professor Mendes Ribeiro. E, em campo, tinha Ruarinho, meia esquerda que brilhara no Botafogo carioca; Hermes, meia direita, campeão carioca pelo Flamengo; Tesourinha II, revelação que depois atuou na Europa; Tonico, ex-Grêmio, e outros.
Vadecão formou o miolo de zaga ao lado de Pinga, jogador que viera de Porto Alegre a atuara no Internacional e no Nacional. O 14 de Julho saiu vencendo por 1 a 0, gol do centroavante Gringo e a zaga rubra segurando tudo, transformando Vadecão e Pinga nos nomes da partida. O árbitro era o porto-alegrense Assis Brasil Barcellos, que deu acréscimos suficientes para o empate, gol assinalado por Tesourinha II, quando decorriam quase 50 minutos do segundo tempo.
Neste mesmo ano, o clássico citadino valia pelo título do 1º Centenário, taça única e exclusiva do vencedor. Outra vez Vadecão brilhou, ajudando a segurar o ímpeto alviverde e, na frente, Caíco marcou o gol da vitória, amplamente comemorada pelos quatorzeanos.
Vestindo a camisa rubra foram mais quatro anos. Venceu os campeonatos da cidade também em 1958, 1959 e 1960. Em 1958, foi vencedor do campeonato extra, jogando na zaga ao lado de seu irmão Orlando, que havia sido contratado pelo 14 de Julho.
Em 1961, o clube perdeu a hegemonia do campeonato da cidade. Mas, o 14 de Julho continuava forte e decidido a recuperar o que perdera. Entretanto, em março de 1962, os jornais noticiavam, em manchetes garrafais, uma notícia que alvoroçou a cidade e as duas torcidas rivais. O Gaúcho tirou do 14 de Julho o defensor Vadecão e o ponteiro Meca. A notícia, além de surpreendente mexeu com os torcedores. Vadecão e Meca eram ídolos intocáveis do 14 de Julho. Vadecão ainda trabalhava na Samrig e Meca na Cia. Sulina de Transportes. Isto é, eram jogadores semiprofissionais.
Vadecão defendeu o Gaúcho, embora o coração fosse alvirrubro, até 1965. Nesse ano foi titular da lateral-esquerda alviverde no jogo festivo contra o Palmeiras. Tinha pela frente Djalma Santos, Ademir da Guia, Servilio, Tupanzinho, Zequinha e a restante constelação de craques. O Palmeiras deu show e o Gaúcho jogou. Vadecão já estava no limiar de sua carreira, mas brilhou em uma de suas últimas partidas pelo clube do Boqueirão.
No mesmo ano retornou ao 14 de Julho para encerrar a carreira. E, foi uma carreira profícua, embora não pudesse se dedicar unicamente à bola. Mas, o trabalho paralelo foi quem deu a Vadecão uma boa aposentadoria e merecido descanso.
Conhecido por muitos passo-fundenses, Vadecão é parado constantemente na rua para falar sobre futebol. Pai de um casal de filhos e netas, Vadecão é Ministro da Eucaristia e pode ser encontrado, com muita assiduidade, na Catedral Nossa Senhora Aparecida.
Honras
- Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como zagueiro
- Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1956 | Rio Grandense | ND | ND | ND | ND |
1957 | 14 de Julho | 13 | 0 | 0 | 0 |
1958 | 14 de Julho | 15 | 0 | 0 | 0 |
1959 | 14 de Julho | 18 | 0 | 0 | 0 |
1960 | 14 de Julho | 22 | 1 | 0 | 0 |
1961 | 14 de Julho | 11 | 0 | 0 | 0 |
1962 | Gaúcho | 15 | 0 | 0 | 0 |
1963 | Gaúcho | 16 | 0 | 0 | 0 |
1964 | Gaúcho | 15 | 1 | 0 | 0 |
1965 | Gaúcho | 2 | 0 | 0 | 0 |
1965 | 14 de Julho | 3 | 0 | 0 | 0 |
1965 | Seleção dos Brancos | 1 | 0 | 0 | 0 |
Total | 131 | 2 | 0 | 0 |
*Os jogos do Rio Grandense estão sendo computados e as estatísticas devem aparecer em breve.