Jamir (Jamir Geraldo da Silva): mudanças entre as edições
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Edição atual tal como às 21h51min de 23 de julho de 2024
Jamir Geraldo da Silva, também conhecido como Jamir (Itabira-MG, 16 de julho de 1947 — Vitória-ES, 16 de junho de 2015), foi um lateral esquerdo do Gaúcho.
História
- Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol
O Sport Club Gaúcho vivia a melhor fase em sua história de clube de futebol profissional. Havia vencido a segunda divisão e entrava no seleto clube da elite do futebol do Rio Grande do Sul. Em sua direção estava Gilson Paz, então representante comercial de empresas paulistas e com grande afinidade com Wadih Helu, presidente do Corinthians. Essa amizade proporcionou que Gilson se arvorasse a solicitar o empréstimo de jogadores, saídos da base do Timão, para atuarem no Gaúcho.
Assim foi feito. Vieram, inicialmente o lateral Jamir e o ponteiro Wilsinho (também conhecido como Wilson Canhoto). Muito bons jogadores. Mas, vamos falar de Jamir. Tratava-se de um jogador de excepcionais qualidades. Tinha baixa estatura, mas era um negro forte. Em campo, tinha enorme senso de leal marcação. Desarmava na bola. Possuía classe e categoria para o apoio. Passes precisos. Em seu primeiro ano de clube foi considerado o melhor lateral-esquerdo do campeonato. Jogou muita bola nos campeonatos de 1967 a 1969.
Fora de campo era a elegância em pessoa. Vestia-se com roupas da moda, e desfilava sua elegância com seu caminhar ereto, cabeça erguida, assim como era dentro de campo. Estudava. Era aluno do curso científico do Colégio Conceição. Foi eleito pelo cronista social Décio Ilha, como um dos dez homens mais elegantes de Passo Fundo. Jamir era ídolo da torcida alviverde.
Em 1969, o Campeonato Gaúcho foi tumultuado. A dupla Grenal disputava concomitantemente ao Gauchão o campeonato Roberto Gomes Pedrosa, embrião do Campeonato Brasileiro. No mês de setembro os clubes do interior haviam concluído suas participações na competição, com algumas poucas exceções e uma delas era o Gaúcho. Faltava uma partida a disputar, contra o Grêmio. Mas, fazer o que, sem jogar e com o elenco à disposição? E, pagando salários, naquele histórico quadro de penúria? Simples, dispensou seu elenco. Quem residia em Passo Fundo ficou por aqui. Os demais tomaram seus rumos.
No final de novembro o Internacional, que tinha interesse no jogo Gaúcho vs. Grêmio, a ser disputado no Estádio Wolmar Salton em dezembro, colocou seu staff à disposição do alviverde. O Gaúcho não tinha mais técnico. Marco Eugênio, treinador do juvenil colorado aportou em Passo Fundo para dirigir o time. Ernesto Guedes, a pedido da direção do Internacional, ficou à disposição do Gaúcho, com dinheiro, para buscar os jogadores aonde estivessem. Aos poucos eles foram retornando a Passo Fundo e juntando-se àqueles que aqui permaneceram. Na semana do jogo, que se realizou no dia 7 de dezembro, todos estavam à disposição para treinamentos, exceto Jamir.
Onde está Jamir? Procurado em São Paulo ou em outro lugar, simplesmente não foi localizado. Cronistas de Porto Alegre falavam em sequestro.
Jamir desapareceu, sumiu.
Chegou o domingo, dia do jogo e nada de Jamir. O negócio foi escalar o velho Maneca, reserva de Jamir, que praticamente não treinava mais. Estava abandonando o futebol e dedicando-se ao seu emprego na revendedora Ford de Passo Fundo, Buccholz & Scheibe, onde era o gerente do setor de peças.
O Grêmio entrou em campo com um propósito. Jogar ofensivamente apenas pelo lado direito, em cima de Maneca. Assim, foi feito. Em 15 minutos, Flexa marcou duas vezes, com passes de João Severiano nas costas de Maneca. Grêmio 2 a 0. Refeito do susto e mais habituado com o jogo, Maneca cresceu e até jogou muito bem o restante da partida. Mas, o resultado final foi aquele: 2 a 0 para o Grêmio.
E Jamir?
Na terça-feira apareceu Jamir em Porto Alegre, concedendo entrevista aos jornais, dizendo que o Gaúcho o “sacaneara” e que jamais vestiria a camisa alviverde. Como seu contrato terminara, e não tinha passe estipulado, ele poderia fazer de sua carreira o que bem quisesse. É claro que assinou contrato com o Grêmio. Jogou no tricolor, em 1970, muitas vezes como titular. Jamir era muito bom de bola e mandou o grande Everaldo, titular da seleção brasileira, naquele ano, para a lateral-direita.
Em Passo Fundo se comentava "onde esteve Jamir"? A resposta veio a público alguns dias depois. O cônsul gremista em Passo Fundo, Arthur Berthier de Almeida, escondeu Jamir em sua fazenda, a pedido da direção gremista, e o levou a Porto Alegre, de automóvel, na segunda-feira.
Após um ano de Grêmio, Jamir foi jogar em clubes do Espírito Santo. Ao deixar os gramados tornou-se treinador e faleceu naquele estado, de pneumonia, em 2015, aos 67 anos.
Aniello D'Arienzo, que era o presidente do Gaúcho, falou em entrevista, que em muitos anos de futebol tivera uma só decepção. Esta história do Jamir.
Carreira como jogador
Ano | Equipe | J | G | CA | CV |
---|---|---|---|---|---|
1967 | Gaúcho | 7 | 0 | 0 | 0 |
1968 | Gaúcho | 39 | 0 | 0 | 0 |
1969 | Gaúcho | 30 | 1 | 0 | 0 |
Total | 76 | 1 | 0 | 0 |