Gradin (Pedro Rosa)

De Futebol de Passo Fundo
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Gradin
⭐Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho
⭐Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo
Informações pessoais
Nome completo Pedro Rosa
Nascimento 11.07.1921
Local Santo Ângelo-RS
Falecimento 22.08.2006, aos 85 anos
Local Passo Fundo
Carreira em Passo Fundo
Jogador
Posição Lateral esquerdo, atacante
Equipes 1942-1947 - 14 de Julho
1949-1959 - 14 de Julho
1960-1961 - Rio Grandense

Pedro Rosa, também conhecido como Gradin (Santo Ângelo-RS, 11 de julho de 1921 — Passo Fundo, 22 de agosto de 2006), foi um lateral e ponta esquerda. É o jogador que disputou mais temporadas (17 anos) e um dos que mais vestiu a camisa do 14 de Julho. Pelos seus incontáveis serviços, integra a Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho. Depois, ainda se transferiu para o Rio Grandense, onde jogou mais duas temporadas e encerrou a carreira aos 40 anos, algo praticamente inconcebível no início dos anos 1960. Por tudo isso, também está no Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo.

História

  • Por Marco Antonio Damian, historiador e pesquisador de futebol

Gradin no dicionário brasileiro significa “instrumento de lâmina denteada com que os escultores aplanam as asperezas deixadas no mármore”. Mas, quase todos os meninos negros que jogavam um bom futebol eram chamados de Gradin, alusão ao primeiro grande craque sul-americano, Isabelino Gradín, uruguaio, que nas décadas de 1910 e 1920 brilhava nos gramados do vizinho país.

O primeiro Gradin a aparecer no futebol de Passo Fundo era natural de Santana do Livramento, cidade limítrofe com a uruguaia Rivera. Esse Gradin jogou no Ypiranga e depois no 14 de Julho de Passo Fundo. Também mostrou um dedicado e flamante futebol na década de 1920.

Nas proximidades da caieira (fábrica de cal) situada na Rua Independência, ladeando os trilhos, morava a família Rosa. O filho Pedro não largava a bola no meio da rua e em campinhos, abundantes na época. Ganhou o apelido de Gradin, assim como toda a sua família. Não eram mais os Rosa, e sim os Gradin.

Gradin (Pedro) jogava de pés descalços, pois não havia como comprar-lhes chuteiras para jogar bola. Tênis era, então, mais raro. Mas jogava e muito bem de pés descalços. Sempre era o melhor entre a gurizada da vila. Um dia foi inscrito num torneio e lá foi Gradin, de calção, camiseta e pés descalços. Mas, a organização do torneio vedava jogar sem chuteiras. Como fazer? Um colega seu que tinha chuteiras tirou a do pé esquerdo e a emprestou a Gradin, permanecendo calçado com a chuteira do pé direito. Acontece que Gradin era destro e ficou meio sem jeito. O regulamento nada falava em jogar com apenas um pé de chuteira. Assim, foi à luta e começou a chutar com o pé esquerdo, aquele da chuteira. No decorrer dos jogos, foi se acostumando e seu time se tornou campeão.

Em 1942, Gradin, então com 20 anos de idade, ele que nascera em Santo Ângelo no dia 11 de julho de 1921, tentou a sorte no Gaúcho. Ele e o amigo Prinche. Jogou e foi bem. Mas, o Gaúcho estava em fase ruim. Perdia sempre para o Rio Grandense. Gradin então se apresentou no 14 de Julho.

Jogava pelo lado esquerdo. Se acostumara a jogar daquele lado. Era ponteiro ou lateral. Gradin tinha muito boa técnica. Batia bem na bola, marcava severamente, sem ser desleal, tinha velocidade, era ágil nos passes e dribles. Bom cruzamento e arremate. Enfim, um ótimo jogador. Ficou no 14 de Julho entre 1942 e 1947. Foi campeão da cidade em 1943, 1945 e 1947. E campeão regional em 1947.

Teve breve passagem pelo Lutador, de Estação e, em 1948, foi contratado pelo Atlântico de Erechim. Ficou dois anos no clube e foi duas vezes campeão citadino. A linha média do Atlântico era formada por Ricco (jogou no Gaúcho), Burro-Branco e Gradin. Rigorosamente viril.

Ainda em 1949, retornou ao 14 de Julho e ficou até 1959. Foi campeão citadino entre 1955 e 1959, e campeão do 1º Centenário de Passo Fundo em 1957. Sempre como titular. Ainda em 1955, foi campeão regional e campeão das Missões. No mesmo, ano foi convocado para uma Seleção de Passo Fundo que se defrontou contra o Olaria do Rio de Janeiro. Gradin foi um dos melhores em campo e marcou um gol olímpico. Os cariocas chegaram a falar com ele para mudar de clube, mas, assustado, recusou.

Defendeu ainda o Rio Grandense em 1960 e 1961, e, aos 40 anos de idade, mas ainda com físico de atleta, Gradin deixou o futebol. Passou a jogar apenas entre os veteranos.

Conversei várias vezes com Gradin. Deu-me prestigio com sua presença em lançamento de dois de meus livros sobre futebol da cidade. Era um amigo, cidadão humilde, bom papo, absolutamente sério. Um grande ser humano. Soube de seu falecimento dois ou três dias depois do ocorrido, em 22 de agosto de 2006. Fiquei triste em não ter ido me despedir do amigo.

Honras

  • 2º jogador com maior número de jogos pelo 14 de Julho (171)
  • 16º jogador com maior número de gols pelo 14 de Julho (22)
  • Integrante da Seleção de Todos os Tempos do 14 de Julho como atacante
  • Integrante do Hall da Fama do Futebol de Passo Fundo

Carreira como jogador

Ano Equipe J G CA CV
1942 14 de Julho 3 1 0 0
1943 14 de Julho 10 0 0 0
1944 14 de Julho 11 0 0 0
1945 14 de Julho 11 1 0 0
1946 14 de Julho 9 3 0 0
1947 14 de Julho 21 0 0 0
1949 14 de Julho 1 1 0 0
1950 14 de Julho 12 4 0 0
1951 14 de Julho 10 3 0 0
1952 14 de Julho 16 3 0 0
1953 14 de Julho 7 2 0 0
1954 14 de Julho 15 0 0 0
1955 Seleção de Passo Fundo 1 1 0 0
1955 14 de Julho 3 0 0 0
1956 14 de Julho 10 1 0 1
1957 14 de Julho 14 1 0 0
1958 14 de Julho 15 2 0 0
1959 14 de Julho 3 0 0 0
1960 Rio Grandense ND ND ND ND
1961 Rio Grandense ND ND ND ND
Total 172 23 0 1

*Os jogos Rio Grandense estão sendo computados e as estatísticas devem aparecer em breve.